Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 289 É bom lembrar por onde os termos comunicação e corporativa navegam: as fórmulas de storytellings impregnaram as narrativas das redes sociais e as organizações lidam com os acordos de sustentabilidade para manter a vida humana no planeta. Os desafios de conceituar a comunicação desde que as máquinas se dispõem a nos pensar são muitos e quando falamos dessa midiatização no âmbito das corporações, que hoje regem o efeito climático do planeta, o que já era complexo torna-se profundo. Talvez seja hora de dar uma pausa nas perguntas que a estatística nos apresenta e reconhecer a qualidade de entrega do serviço da comunicação corporativa como um Ser novo, nada tradicional, nem homem nem mulher. Seria a comunicação aquela que entrega a qualidade queer? Adjetivo, segundo o Manual LGBTQIA+, utilizado por algumas pessoas, em especial pessoas mais jovens, cuja orientação sexual não é exclusivamente heterossexual. De modo geral, para as pessoas que se identificam como queer, os termos lésbica, gay e bissexual são percebidos como rótulos, que restringem a amplitude e a vivência da sexualidade. Ser ainda sem sexo O motivo dessa sugestão está baseado em três razões: tempo, percepção e trajetória. O tempo está no fato de as histórias das 13 líderes traçar uma linha nova de atuação, em torno de 40 anos, pois a maioria conta que as agências nasceram como fruto de profissões antigas, que se ressignificaram para atender às demandas das corporações. Importante destacar que nenhuma das entrevistadas trouxe o termo queer em seus relatos, mas a maioria trouxe impressões que podem nos levar a dar este salto se quisermos imaginar o espírito da comunicação corporativa diante deste corpo de 70/30. Entre elas estão os fatos de colaboradores não terem mais o espírito de trabalho baseado em princípios de esforço e sacrifício, que representem uma luta de sobrevivência, nem a ambição focada exclusivamente no acúmulo de capital e consumo, mas também avaliam qualidade de vida, bem-estar e significados. A percepção veio do fato de a maioria das líderes de agência não reconhecerem gênero como uma questão na sua trilha profissional. A frase em itálico foi a mais citada na fala das donas de agência: “gênero nunca foi uma questão”, seja porque receberam apoio de casa, da chefia ou pelo fato de ignorarem os assédios morais existentes e conviverem muito bem com mulheres ou homens, que assumiam sua homossexualidade no trabalho. Isso não significa que a luta não fez parte da trajetória das líderes nem que a linguagem do LGBTQIA+ não esteja na ponta da língua de todas. A percepção só reforça a questão histórica relatada pela professora Cremilda Medina e o efeito da pirâmide no discurso, que se manifesta de acordo com os níveis de lideranças, conforme os relatos das executivas nas páginas 295 a 302. Para atribuir a força da juventude à comunicação corporativa e deixar a conclusão da qualidade, que atribuirá ao ser sem sexo para sua leitura, escolhi quatro significados vindos da geração Z para contar a trajetória comum observada nas 13 líderes e ligá-la à qualidade queer. A análise, representada pela poesia nas próximas páginas, conta a história marcada por quatro grupos, que Cremilda Medina
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