Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 275 Oportunidades para relações institucionais e governamentais Neste ano de 2022, os profissionais de relações institucionais e governamentais devem concentrar esforços no primeiro semestre, principalmente. No segundo, as atenções estarão voltadas para a campanha eleitoral em si. Em função dessa antecipação de esforços, há sempre a possibilidade de se adiantar ou acelerar agendas de interesse da empresa, focando em interesses técnicos, regulatórios e em projetos estratégicos. Há, também, maior predisposição de agentes e órgãos públicos de receberem representantes empresariais. É possível aproveitar esse estado de ânimo para o encaminhamento ou a continuidade de pleitos legítimos relevantes. Alguns cuidados extras devem ser tomados, especialmente em período pré-eleitoral: Encaminhar sempre os pleitos da empresa de forma adequada, com embasamento e argumentações pertinentes, pesquisas robustas e informações consolidadas, approach correto e clareza, aos órgãos e interlocutores certos. Não é uma boa época para visitar órgãos ou autarquias em Brasília, principalmente. Se houver algo marcado, analisar se é mesmo imprescindível. Máximo cuidado quando houver, por parte de agentes públicos, oferta de brindes, presentes. Mais do que nunca, observar as regras internas de compliance ou as políticas internas sobre esse tipo de assunto. Cresce em ano eleitoral a tendência de pedidos de visitas de agentes públicos. Analisar essas solicitações sempre com prudência. Em caso de visitas de autoridades a plantas ou escritórios, atenção aos “carros de som” ou outras formas disfarçadas de campanha. Deve-se também acender o sinal de alerta e redobrar os cuidados com análises e discussões internas dos pedidos de patrocínio, apoio ou participação vindos de empresas ou órgãos públicos – para eventos, projetos, anuários, datas comemorativas ou outras iniciativas. Valores muito acima e/ou fora do padrão do mercado podem indicar uso de verba para outras finalidades (como uma forma indireta de financiamento das campanhas eleitorais). Mesmo a contratação direta de artistas para shows, eventos ou campanhas da empresa deve ser analisada sob a ótica de mapeamento de riscos. Muitos artistas têm se posicionando politicamente, o que pode acarretar situações embaraçosas para a empresa. É grande a possibilidade de um artista que protagonize uma situação dessas ser cancelado pela parcela do eleitorado que se sentir ofendida pelo seu posicionamento político. Isso aumenta o risco de a empresa que o contratar também ser alvo de haters e sofrer boicotes. Não só nesse sentido, mas principalmente no contexto político, é preciso ter extremo cuidado no uso de redes sociais, pois qualquer posicionamento nos perfis institucionais e de produtos pode gerar consequências imprevisíveis. Qualquer post, por mais bem intencionado que seja, pode carregar um potencial explosivo a depender da temperatura da campanha eleitoral. As eleições de 2022 irão mexer com a vida de todos e com os ambientes político, econômico e social. Será preciso equilíbrio e bom senso nas estratégias, ações e projetos, que devem estar embasados em fundamentos sólidos e amparados por regras de integridade e compliance. Tudo fica ainda mais delicado e potencialmente perigoso em um ano eleitoral. Vamos nos lembrar que a credibilidade e a reputação são ativos inegociáveis, pelos quais devemos ter zelo e cuidado extremos. Sempre. Em tempo! Não bastassem as eleições, ainda teremos em 2022 a Copa do Mundo do Catar, de 21 de novembro a 18 de dezembro. Ou seja, mais um espaço para a polarização, a polêmica, o cancelamento… Vai, Brasil!
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