Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 273 patrocínios a iniciativas que, formalmente, não se configuram como campanha ou propaganda política. Mas, atenção! É importante lembrar que, desde setembro de 2015, está proibida a doação de empresas e demais pessoas jurídicas para candidaturas e partidos políticos e, apesar de o assunto ter voltado a ser debatido, não há ainda perspectiva de um eventual retorno a essa prática. O que significa que a solicitação de algum “apoio” institucional pode se configurar como doação eleitoral indireta ou camuflada. A legislação ainda permite doações de pessoas físicas, até o máximo de 10% dos seus rendimentos brutos no ano anterior. Isso faz parte do livre arbítrio de cada cidadão, mas essa decisão pessoal jamais pode ser relacionada à empresa em que ele trabalha ou que eventualmente represente perante outros públicos. Recomenda a boa prática que o profissional das áreas de comunicação e de relações institucionais deve eximir-se de fazer doações eleitorais, pelo bem da reputação da empresa que ele representa. As empresas e o debate eleitoral A proibição das doações não quer dizer que as empresas devam isentar-se de contribuir com a promoção da integridade e da transparência nas eleições brasileiras, ao contrário. Temos visto, nos últimos anos, bons exemplos de engajamento de empresas em prol do voto consciente, da valorização da democracia e da importância da participação do cidadão no processo eleitoral. São iniciativas de empresas-cidadãs, que seguem as regras e os cuidados de conduta ética, integridade e compliance. Verdade que, nas eleições de 2018, vimos também alguns exemplos não tão edificantes de empresários engajados na campanha eleitoral, mas vamos ficar com os exemplos virtuosos. O cenário político-econômico ao nosso redor é complexo: inflação alta, juros elevados, produção industrial com tendência de estagnação ou de baixa, produção agrícola enfrentando problemas climáticos e de alta de insumos, desemprego... A campanha política começa “oficialmente” apenas em 16 de agosto. Mas as aspas significam que já temos visto diversas formas indiretas de manifestações eleitorais. O primeiro turno será no dia 2 de outubro e o segundo turno está previsto para 30 de outubro. Estamos diante de processo eleitoral que já vem se mostrando difícil, intrincado e labiríntico. Temos assistido a movimentações diversas e às vezes erráticas, bem como discussões acaloradas – até com intolerância em certas ocasiões. Com tudo isso, há uma grande preocupação com o que vai acontecer com o País ao longo de todo o processo eleitoral e mesmo depois das eleições. E sobre qual será o reflexo disso dentro das empresas. Será quase inevitável que o debate político instale-se nos ambientes de trabalho. Um dos principais cuidados da área de comunicação deve ser em relação à disseminação de fake news. Considerando que houve forte polarização de ideologias no pleito de 2018, e que essa polarização é terreno fértil para a disseminação de notícias falsas, é preciso estar atento a isso. Não há uma receita pronta para enfrentar as fake news no ambiente corporativo, mas ela passa por uma comunicação interna pautada pela transparência e pelo diálogo aberto. Também se deve coibir qualquer situação que possa gerar constrangimento quanto à declaração ou à intenção de voto, inclusive no ambiente de trabalho – o que, infelizmente, é mais comum do que se pensa. O voto é secreto. Mas é direito de todo cidadão externar sua opinião ou seu voto, contanto que não extrapole ou desrespeite a opinião do colega. A situa-

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