Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 272 ARTIGO Essa velocidade com que as coisas acontecem é um enorme desafio para a comunicação de empresas e marcas. Profissionais das áreas que zelam pela reputação não só têm buscado entender e se adaptar a essa nova dinâmica como são obrigados a definir estratégias que sejam ajustáveis a rápidas mudanças de cenário, comportamentos e preferências – sob o risco de perderem seguidores, clientes ou mesmo comprometerem os negócios. Não bastasse esse mundo em ebulição, estamos novamente em um ano com eleições gerais. Mas não parecem ser eleições “comuns”... São eleições depois de dois anos de pandemia – fato que mudou a vida das pessoas e as regras de convivência em casa, no trabalho, na escola e nos espaços públicos – e depois de tudo o que temos vivido nos últimos quatro anos, com situações inusitadas de polarização política e radicalização, volta da inflação, episódios de racismo, censura e uma grande politização do debate público. Tudo isso alavancado pelo poder explosivo das redes sociais. Atualmente, no trabalho de defesa da reputação das empresas, capitaneado por profissionais das áreas de Comunicação e de Relações Institucionais e Governamentais (RIG), tornaram-se ainda mais cruciais atributos como bom senso, razoabilidade, análise crítica e fundamentos sólidos. Entretanto, o clima político desestimula atitudes mais sensatas. É nesse cenário que os profissionais de comunicação e RIG seguem com sua missão de representar atores sociais legitimamente interessados no desenvolvimento dos seus negócios, do País e no bem-estar das pessoas. Para as empresas, a postura ética, a atuação correta, a governança robusta e as preocupações socioambientais estão na ordem do dia, fazem parte do cardápio da sobrevivência no curto, médio e longo prazos. Por mais que o ambiente esteja contaminado por questões políticas. Cresce a importância de Relações Corporativas nas empresas É perceptível que muitas empresas têm aumentado a dimensão,a importância e as estruturas das áreas corporativas e de relações institucionais e governamentais, com foco principal na construção e manutenção de relacionamentos saudáveis e duradouros. Em paralelo, também tem ocorrido, nas práticas corporativas, o reforço à conduta ética e de programas de integridade e compliance. Tem-se ampliado o número de profissionais contratados e o orçamento destinado a essas frentes. Nesse universo, um dos pontos críticos é a atuação da empresa junto ao poder público, a outras empresas e à opinião pública, em defesa das necessidades e dos interesses legítimos da companhia. Também passou a ser ainda mais relevante no cotidiano empresarial estreitar e aperfeiçoar relações com os mais variados stakeholders. Ainda mais quando se tratam de atores do setor público – nas esferas federal, estadual e municipal. Isso exige leitura atenta e permanente de cenários e contextos, análises cuidadosas, regras de conduta e comportamento bem definidas, jogo de cintura e estratégias de atuação assertivas, para a correta tomada de decisões. O perfil de atuação desse profissional no dia a dia das empresas e organizações é amplo e complexo. Inclui a construção e a manutenção de relacionamentos positivos, o diálogo com os setores público e privado, a contribuição para a definição de políticas públicas, o acompanhamento das mudanças regulatórias e a consequente busca por adequações. Inclui também a análise de como projetos e questões legislativos ou decisões governamentais podem interferir nos negócios e nas estratégias da empresa e os consequentes planos de ação a serem elaborados em cima disso... É um conjunto abrangente e crítico de atividades necessárias. Considerando, contudo, que estamos em um ano de eleições gerais, quais são os grandes cuidados necessários às empresas e aos profissionais de comunicação e de relações institucionais e governamentais? Os escândalos de corrupção revelados nos últimos anos comprovam a criatividade do brasileiro em achar soluções heterodoxas e ousadas – para restrições regulatórias, para a legislação vigente ou até mesmo para o Código Penal. Ou seja, mesmo após terem sido descortinados esquemas que ganharam exposição na mídia e junto à sociedade, novas tentativas de burlar o aparato legal continuam acontecendo, por parte de agentes públicos ou privados, e que podem bater à porta de qualquer empresa séria. Isso aumenta a responsabilidade dos profissionais das áreas corporativas no zelo pela reputação e pela estrita conformidade na maneira de fazer negócios. Em um ano de eleições, esses profissionais costumam ser abordados de diversas formas, principalmente por representantes de agentes públicos ou de candidatos em busca de apoios ou COMUNICAÇÃO, AS EMPRESAS E AS ELEIÇÕES
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