Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 258 ARTIGO cia, acabam se abastecendo de outras. Aí o que acontece? A agência A contrata da B, que por sua vez tira profissionais da D... Assim, o setor está enxugando gelo. Com a demanda em alta, temos uma oferta de vagas ensandecida”. A proposta financeira tem sido o principal motivo da migração de profissionais empregados. “Como o mercado está aquecido, surgem ainda apostas ousadas em promoções de cargos”, observa Schiavoni. Em outros casos, as ambições vão no sentido oposto ao upgrade. “Muitos bons profissionais querem menos vínculo, o que é possível em algumas atividades. Mas eu não posso entregar um atendimento de alta disponibilidade com pessoas trabalhando por job”, pondera. Ofertas integradas e modelos híbridos, com condições de trabalho adequadas, tecnologia, suporte e gestão para home office, mesmo que parcial, também estão em alta. Além disso, os formatos solicitados pelos clientes podem definir necessidades de perfis específicos. Um exemplo é a demanda por alocação no próprio cliente (in-house) duas vezes por semana, o que limita a contratação a uma determinada região. Olhar para fora Schiavoni enfatiza a necessidade de serem desenvolvidas formas de localizar talentos fora do ambiente tradicional. No caso da Weber, isso inclui investimentos em ações de médio prazo, como um programa em parceria com a Cásper Líbero, a mais antiga instituição de ensino de Jornalismo do País. Em outra frente, a empresa, a exemplo de boa parte das instituições globais, mantém quase todo o time em regime CLT e alguns profissionais de nível sênior como cotistas. A questão é que o mercado vem se firmando com uma configuração própria frente aos novos tempos e até mesmo às novas gerações. Profissionais mais jovens tendem a dar mais valor à troca, acreditando terem mais tempo e espaço para errar e se reposicionarem no mercado. Aqueles tarimbados em redações, mesmo atraídos por salários mais relevantes, nem sempre compreendem a diferença entre os meandros da comunicação corporativa e os processos de fechamento, por exemplo. Novas bases de recrutamento e o diálogo com os clientes ainda fazem parte da pauta de ajustes. “Trouxemos profissional de redação que saiu em uma semana, porque não se adaptou”, exemplifica o CEO da Weber Shandwick. As premissas e os gaps para se ajustar ao setor vão da habilidade em planejamento estratégico ao domínio de ferramentas técnicas, passando também pela necessidade de idioma estrangeiro para atendimento a clientes do exterior, o que tornou ainda mais acirrada a concorrência por profissionais com inglês e espanhol fluentes. “Boas agências não ficam com times disponíveis para trabalhar on demand”, diz Schiavoni. Como exemplo, ele cita a chegada de três clientes em fevereiro deste ano. Como é impossível manter um estoque de profissionais ociosos para clientes em potencial, a solução é negociar prazos para compor José Luiz Schiavoni Teresa Santos COMUNICAÇÃO E O MERCADO DE TRABALHO
RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0Njk=