Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 233 Nesses cursos, 70% dos alunos são mulheres, com idade média de 30 anos, cujas funções se dividem em analista, coordenação e gerência. A entidade tem também concedido dez bolsas de 100% nessas atividades, visando a aumentar a inclusão. Na avaliação do sócio-fundador da Mais Diversidade e professor da Escola Aberje, Ricardo Sales, “é fundamental entender a demografia da sociedade na qual uma empresa está inserida”, razão pela qual lembra que, hoje, “o Brasil tem uma população feminina de 51% e 56% de negros e uma em cada quatro pessoas apresenta algum tipo de deficiência. Além disso, o nosso País está em processo de inversão da pirâmide na questão etária, pois em alguns anos teremos um número maior de pessoas com mais de 60 anos”. Mover: um movimento empresarial de grande alcance Por meio de cursos de requalificação, o projeto Mover (Movimento pela Equidade Racial) pretende criar dez mil novas posições para profissionais negros em cargos de liderança, em grandes empresas, até 2030. Segundo o CEO da Mondelez Brasil, Liel Miranda, atual presidente do Mover, esse é o objetivo e três são os pilares dessa iniciativa: Liderança, Emprego & Capacitação e Conscientização. O Mover é integrado por 47 empresas, entre as maiores do País, todas elas compromissadas com a adoção de práticas que permitam aos negros o acesso ao mercado de trabalho, bem como o desenvolvimento das suas carreiras, tendo, inclusive, a liderança como meta. As estimativas são de que há, no mundo corporativo, um contingente da ordem de 3,5 milhões de funcionários que podem ser impactados por essas iniciativas, gerando novas oportunidades e ascensão profissional. Liel Miranda Jornalistas Pretos: empoderamento e luta antirraciasta Na imprensa, por exemplo, a diferença é grande ao compararmos veículos de comunicação norte-americanos e brasileiros. Por lá, profissionais negros ocupam cargos de destaque, como editores, diretores de redação e apresentadores de programas em horário nobre. Enquanto nos EUA a população negra é de aproximadamente 13%, no Brasil é de 55,8%. Segundo Marcelle Chagas, coordenadora da Rede JP – Jornalistas Pretos, instituição que tem por objetivo tornar a comunicação mais diversa e representativa, essa é a grande batalha para refletir nos veículos de comunicação brasileiros, em cargos de relevância, o grande número de negros que existem no País. Com passagem por diversos veículos impressos e emissoras de rádios do Rio de Janeiro, ela lembra que na maioria das redações prevalece o profissional branco ocupando cargos de chefia. “Nas editorias, na maioria das vezes, o repórter negro é destacado para cobrir pautas de baixo impacto. O filé mignon, como Política, Economia e Internacional, passa longe de suas mesas”, disse. Para a coordenadora, isso acontece pelo fato de as grandes empresas de
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