Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 229 E aqui temos um elemento chave nesse caminho, que a cada dia cresce em importância estratégica: as agências de comunicação. É das mais estratégicas a contribuição que podem dar, não só orientando seus clientes e educando o mercado e a sociedade, mas também adotando internamente os princípios que reverberam externamente. Não à toa, é cada vez maior o interesse do segmento por esse tema, embora poucas sejam as agências com times preparados para essa jornada. Para ter aderência fora, é preciso que a prática esteja também dentro e esse é um desafio que muitos já se propuseram a enfrentar, como visto nos múltiplos depoimentos na matéria que abre este Anuário, sobre Mercado, mas que certamente ainda exigirá amadurecimento, determinação e resiliência. Nesse sentido, várias agências de comunicação entraram em campo para disputar esse longo e complexo campeonato em que o título será a vitória da luta antirracista no escopo do mundo corporativo. Algumas até já nasceram com esse DNA e outras o incorporaram por entenderem que sem equidade o País continuará deficiente e ocupando apenas lugares intermediários em campos como inovação, desenvolvimento, mercado de consumo etc. etc.. Imagem é poderosa; equidade, nem tanto Para enfrentar a concorrência em um mercado de comunicação amplamente dominado por um percentual enorme de não-afros, Wilson Barros, jornalista com MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Mercado e sócio-diretor da Race Comunicação, destaca que é muito poderosa a imagem de uma mulher negra e de um homem negro, assim como de integrantes da população LGBTQIA+ ou pessoas com deficiência, em ambientes e posições que foram historicamente negados a esses públicos: “Não apenas para quem faz parte desses grupos, mas também para quem não faz. Por isso, sempre deixamos muito claro o quanto acreditamos no fato de um ambiente diverso ser não apenas a chave para uma comunicação eficiente, mas, principalmente, para a construção de uma sociedade melhor”. Parte desse mercado, infelizmente, ainda não está madura ao ponto de a relação “proprietário negro e cliente” continuar sendo foco de discussão, “pois ainda precisamos tratar uma questão básica: o que vamos fazer enquanto sociedade para combater uma estrutura que faz com que profissionais negros e negras sejam minoria nos principais mercados formadores de opinião, sem a chance de que suas histórias ou pontos de vista sejam apresentados de forma adequada?”, indagou. A Race Comunicação prioriza a contratação de profissionais negros e negras, fazendo buscas de forma ativa, inclusive. “Desde o início sabíamos que não seria uma tarefa fácil, mas não desistimos. Hoje, somando os nossos escritórios de São Paulo, Rio de Janeiro e Goiânia, 21% dos funcionários se autodeclaram negros (pretos + pardos), e esse foi um número que cresceu muito nos últimos meses, quando novas vagas foram abertas na agência”, lembrou Barros. Wilson Barros
RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0Njk=