Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 16 Nada será como antes ABRACOM Alguém que fosse parte ou acompanhasse o mercado de comunicação e, por algum motivo exótico, tenha caído no sono em 2010 e acordado hoje, provavelmente teria duas surpresas. A primeira é que nos transformamos em um setor que emprega 17 mil pessoas e faturou R$ 3,3 bilhões em 2020, um colosso que reúne 900 agências prestando serviços de comunicação de alta qualidade e em todos os níveis. Quem diria! A segunda surpresa, infelizmente, não é tão boa. O dorminhoco vai descobrir ao acordar não reconhecer muitas das práticas, condições e até mesmo o modus operandi do segmento. Aumento abusivo de demanda, concorrências predatórias e diminuição sistemática de investimentos e fees transformaram o setor em uma arena de sobrevivência. Dizem que sempre foi assim, mas não foi. Era difícil? Era. Muita gente reclamava? Sim, é de praxe. Mas a relação entre agência e cliente, que sempre foi uma corda esticada, agora virou um nó. O puxa e estica para levar vantagens mínimas em negociações muitas vezes injustas acabou enrolando essa corda no pescoço das agências. Se as empresas puxarem mais, podem enforcar um segmento inteiro. E isso não é bom para ninguém, inclusive para quem acha que está levando pretensa vantagem nesse embate. Para as agências, não está bom por motivos óbvios. As empresas, por sua vez, acreditam estar vivendo uma espiral de ganhos momentâneos, mas que fatalmente levará a uma estagnação e, talvez, um refluxo do mercado. Ganha-se hoje para não ter o que ganhar amanhã. O cenário é de perplexidade e busca incessante por novos caminhos, diálogos e modelos que possam tornar essa relação sustentável novamente. Mas, sejamos sinceros: esse cenário não apareceu de repente. São anos, décadas, de uma relação que foi se adaptando às circunstâncias geradas por desmandos econômicos de sucessivos governos, crises, novas demandas de comunicação, mudança no perfil do profissional que atua na área dentro da empresa, entre outras. Mas uma relação não cuidada está fadada a ser uma relação desgastada e, por vezes, conflituosa. Os diálogos necessários ao longo desse processo não foram promovidos, e hoje se procura quase desesperadamente romper uma barreira de silêncio A Abracom, como entidade que representa as agênDaniel Bruin

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