Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2021
ESPECIAL ESG Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2021 120 mecanismos de gestão de riscos para o mercado financeiro”, acrescenta. No ano passado, por exemplo, o fundo sobe- rano da Noruega excluiu as empresas brasileiras Vale e Eletrobras de sua carteira de investimentos depois de levar em conta o risco das companhias contribuírem para danos ambientais, como no caso de Brumadinho, e violações a direitos humanos, a exemplo de ocorrências relacionadas à Usina de Belo Monte. A Vale já tinha enfrentado dificuldades semelhantes com fundos como o britânico Church of Engand, o californiano Calpers e a gestora ho- landesa Robeco. Já o grupo financeiro Nordea, sediado na Finlân- dia, defende em seu website que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU em 2015 tornaram-se seu modelo de futu- ro, já que empresas aderentes e mais responsáveis com funcionários, fornecedores, meio ambiente e sociedade reduzem riscos de negócios e aumentam chances de melhor desempenho competitivo. O artigo “ESG finalmente tornou-se popular” recorre a estudo da Harvard Business School, com dados de 1992 a 2012, para apontar que retornos financeiros para investidores de empresas com boas classificações em materialização de susten- tabilidade superam as demais em 6%, em média. Entre os resultados práticos, a unidade de gestão de patrimônio e ativos do banco Nordea planeja ex- cluir investimentos não sustentáveis nos próximos cinco anos e perto de 70% dos fluxos no último tri- mestre do ano passado já foram direcionados para produtos atrelados a metas ESG. Trilhões verdes - O sueco SEB, que ajudou a coordenar o primeiro título verde do mundo há mais de dez anos, estima que a emissão global de ativos sustentáveis, inclusive de empresas ainda em transição, mas com metas palpáveis, deve su- perar US$ 1 trilhão este ano. Em janeiro, a gestora de ativos BlackRock incentivou empresas a apre- sentarem planos de alinhamento dos negócios a economia neutra em carbono até 2050. Pesquisa da consultoria Mazars com 37 bancos ao redor do mundo, incluindo os brasileiros Itaú e Bradesco, indica que 87% das instituições finan- ceiras já oferecem produtos “responsáveis” a seus clientes, contra 47% no ano passado, e 74% contam com medidas que fomentam a cultura da susten- tabilidade, contra 49% um ano antes. Além da in- tegração da dimensão socioambiental na estrutura de riscos, também pesaram desafios da pandemia, com maior preocupação relacionada a gestão de crédito e flexibilização da liquidez. O relatório apon- ta que o mundo financeiro não pode mais ver seu futuro separado do meio ambiente e das mudanças climáticas e que, só em 2020, os riscos naturais re- sultaram em danos de US$ 210 bilhões. No Brasil, que em 2020 superou tristes recor- des de devastação ambiental, o Banco Central in- cluiu a dimensão Sustentabilidade em sua agenda institucional Agendabc#, para promover gerencia- mento adequado aos riscos socioambientais e cli- máticos. A questão é que a própria pandemia pode ser um exemplo da distância que falta percorrer para que organizações ao redor do mundo vençam desafios tão prementes como o climático. O consagrado autor Yuval Noah Harari, autor de best sellers como Sapiens e Homo Deus, des- tacou em evento promovido este ano pela XP que a falta de liderança global e respostas pífias de alguns países mostram que a ciência carece da política para estabelecer colaboração suficiente- mente capaz de enfrentar questões desse tipo. “A ameaça é clara. Se o homem não consegue se unir frente a esse problema, como podemos ver cooperação global contra mudanças climáticas?”, questiona. “Não é altruísmo. Questões globais exigem respostas idem.” “A demanda ESG é uma agenda de convivência de uma espécie que levou 200 mil anos para atin- gir o primeiro 1,2 bilhão de indivíduos”, observa o vice-presidente institucional da Tim, Mario Gira- sole. Ele lembra que a preocupação da sociedade em acompanhar as boas práticas de gestão das companhias e a abertura destas para as mudan- ças em prol da agenda ESG ganharam ainda mais força com demandas de atenção ambiental, social e de governança trazidas pela crise pandêmica. A operadora é signatária do pacto global da ONU desde 2008, integra o índice de sustentabilidade empresarial da bolsa brasileira (ISE) há 13 anos e faz parte do Novo Mercado da B3 desde 2011. Seu plano ESG é parte integrante do plano industrial e,
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