Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2020

6 Paulo Nassar e Hamilton dos Santos Q ue as empresas e instituições precisam cada vez mais de comunicação para os seus negócios atingiremmelhores resultados, disso não há mais dúvida. É o que a Aberje vem pregando desde a sua fundação, em 1967. A comunicação deixou de ser uma ferramenta, uma função centralizada, e passa cada vez mais a ser encarada como uma competência abrangente e a fazer parte das habilidades de cada integrante da organização, que, para isso, precisa querer e ser capacitado para tal competência. Mais do que nunca, as organizações precisam de comunicação. Mas que tipo de comunicação? É fácil notar que é necessária uma comunicação destacadamente baseada no diálogo, mais ágil e digital. Sobretudo nesta nossa contemporaneidade volátil, incerta, complexa e ambígua – a conhecida V.U.C.A, que ganhou popularidade no contexto corporativo. Cunhada pelo Exército americano, a sigla nasceu para descrever situações de guerra, mas pode servir para ambientes turbulentos. É nesse novo contexto – incerto e infelizmente belicoso –, agravado pela maior crise humanitária dos últimos 100 anos, a pandemia do coronavírus, que vemos a necessidade de uma poderosa aliada, a Comunicação Não Violenta. Uma forma comunicativa destinada a promover o diálogo, principalmente quando é necessário repensar os hábitos culturais, a desigualdade social e econômica, as formas como convivemos em sociedade e nos relacionamos com a natureza. Ilustremos de forma clara: para promover uma marca, não precisamos e nem é eficiente desqualificar marcas e produtos concorrentes; para construir e manter a boa reputação, não é necessário macular reputações alheias, seja nos negócios, seja na carreira, seja na política. Para implantar novas formas de trabalho é necessário colocar as pessoas no centro das políticas, das estratégias e das ações organizacionais. No seio desta pandemia do coronavírus é preciso perguntar se outra comunicação é possível. O tema do ano da Comunicação Empresarial brasileira – Eleito o tema do ano da Aberje, a CNV apresenta-se como uma alternativa para a construção de uma fundamental ponte dialógica. A escolha desse tema norteador reflete dois aspectos: a consciência de que o associacionismo, como princípio fundamental, é a resposta para os desafios vindouros; e que o humanismo, como valor, é a preservação daquilo que nos diz respeito quanto a capacidades e potencialidades, indispensáveis para qualquer empreendimento. Mais do que nunca, é necessário gerar colaboração e promover o diálogo entre partes que parecemmuitas vezes irreconciliáveis. Em uma democracia, não há como fugir de conflitos, mas é papel da comunicação evitar o confronto direto e a violência. Ademais, é importante observar – e vimos pregando isso já há algum tempo – que para dialogar é preciso estar preparado, é preciso nos capacitar para a escuta e, ainda mais, é preciso fortalecer a nossa técnica para a boa argumentação. Antes de tudo, porém, precisamos observar o que é a violência dentro desse contexto, em que a violência física, ou mesmo a agressão verbal, são apenas as facetas mais óbvias. É preciso entender que vivemos em uma cultura violenta, hierárquica, do “manda quem pode e obedece quem tem

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