Revista Locação 96

14 SEMICONDUTORES ESTÃO EM FALTA Falta do componente afeta montadoras e provoca ainda mais atraso na entrega de veículos da da produção, elas encontra- ram um descompasso na oferta de semicondutores. A exemplo das próprias montadoras, as fabricantes de semicondutores não conseguem readequar rapi- damente suas linhas de produ- ção, nem aumentar a demanda. A expectativa mais otimista é que somente ao final de 2021 a situação volte ao normal. A dependência da indústria automotiva desses componentes eletrônicos aumentou muito nos últimos anos, a ponto de a indis- ponibilidade de semicondutores provocar a parada da fabricação da maioria dos veículos, como po- demos observar nesse momento. Eles são utilizados em diversas partes dos carros, tais como todo o sistema de infotainment e vá- rios sensores comuns nos auto- móveis mais modernos. Calcula- -se que novos modelos possam utilizar mais de 100 semiconduto- res em sua composição. No Brasil, a moderna fábri- ca da General Motors em Gra- A produção de veículos envolve uma longa cadeia de fornecedo- res. Cada paralisação afeta todo o ciclo de fabricação, e a retoma- da não acontece de um dia para outro. Por isso, a expectativa é que a normalização na entrega de veículos novos às locadoras ainda demore um pouco. Faltam componentes importantes para as montadoras. É o caso dos semicondutores, hoje escassos e disputados em todo o mundo. Com a falta de- les, companhias como a General Motors, Volkswagen, Honda e Toyota estão reduzindo ou mes- mo paralisando a produção de alguns modelos em suas fábri- cas ao redor do planeta. Inicialmente, houve uma re- dução na própria demanda des- sa matéria-prima por parte das montadoras, em função do de- saceleramento provocado pela pandemia. Com isso, os fabrican- tes de semicondutores acabaram destinando parte desse supri- mento que iria para o setor au- tomotivo a outros clientes, como as indústrias de computadores e smartphones, menos afetadas pelas medidas sanitárias. Assim, no momento em que as montadoras sinalizaram que voltariam a carga com a retoma- Capa Em meados do ano, começou a retomada com flexibilização da cir- culação de pessoas. Houve um am- biente favorável para a assimilação da locação como serviço adequado para aquele momento, em que as pessoas retornavam às suas ativi- dades ainda de maneira cautelosa. Do transporte coletivo, muitos mi- graram para o transporte comparti- lhado, e do transporte compartilha- do, muitos adotaram o transporte individual. Paralelamente, havia um anseio por voltar a viajar que esta- va represado. O ápice dessa recuperação foi sentido pelo setor nos feriados de setembro, outubro e novembro, quando houve grande procura pelo aluguel diária, ocupando pratica- mente 100% da frota dedicada a esse segmento. Já nessa época, o mercado começava a sentir os efeitos da desmobilização de frota acima da média que as locadoras efetuaram nos primeiros meses de pandemia, para fazer caixa e enfrentar aquele período de brusca queda no fatura- mento. A retomada em velocidade inesperada chegou e houve casos em que não havia automóveis no pátio para atender tanta procura. O resultado é que as locadoras co- meçaram a fazer pedidos de veícu- los para recompor a frota, mas não havia capacidade de produção en- tre as montadoras, afetadas pelas paralisações, para atender àquelas súbitas encomendas. Esse descompasso persiste até hoje. A estimativa da ABLA é que ainda haja pelo menos 150 mil pedi- dos de veículos não-atendidos pelas montadoras para suprir a necessi- dade de recomposição de frotas das locadoras. Ao final de 2020, esse número girava em torno de 100 mil pedidos. Ou seja: a situação piorou no pri- meiro trimestre deste ano. E não há perspectiva de que esse cenário se altere nos próximos meses. "O primeiro reflexo dessa fal- ta de veículos no mercado é que a idade média da frota das locadoras já está subindo. O ritmo médio de compra de novos ativos vai diminuir. Por enquanto, as empresas estão se adaptando a essa realidade", com- pleta Paulo Miguel.

RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0Njk=