Revista Locação 95

Como isso impacta os setores automotivos de mobilidade? Os pesquisadores explicam: “Esse impacto ocorre à medida que a demanda por soluções de mobi- lidade urbana cresce e os consu- midores preferem o compartilha- mento ou aluguel de veículos em vez da posse de um carro pesso- al. A sustentabilidade também é um fator importante para a nova geração, que deverá impulsionar a demanda futura por soluções de mobilidade elétrica.” Eles comentam ainda que essa tendência poderá aumen- tar a competição de modos al- ternativos de transporte e as montadoras sentirão, indireta- mente, a competição de fornece- dores de compartilhamento de bicicletas elétricas ou scooters em áreas urbanas. Embora fatores como cus- to, conforto e velocidade sejam ainda os principais padrões em relação aos modos de mobilida- de, a pandemia colocou a segu- rança do consumidor como uma prioridade. Issotemsidoevidente não apenas com o transporte público, mas também com ini- ciativas de caronas, caronas compartilhadas e carsharing que implementaram uma série de medidas de proteção. A Uber, por exemplo, começou a fornecer serviços com telas de proteção que separam o moto- rista dos passageiros sentados nos bancos traseiros. Algumas empresas também investiram em serviços de limpeza profunda para desinfetar superfícies. “Es- pera-se que o surto de covid-19 mude os padrões de desloca- mento, com um maior número de pessoas antecipando a mudança para carros, bicicletas e outros modos de mobilidade pessoal. Resultados de pesquisas inter- nacionais mostraram que quase 15% dos entrevistados planejam reduzir permanentemente o uso do transporte público para o des- locamento diário. Essa mudança está associada a preocupações crescentes com a saúde e medi- das de distanciamento social em curso”, explicam os analistas. Para eles, isso não quer dizer que os carros pessoais não de- vam substituir completamente o transporte público, especial- mente nas grandes cidades. No entanto, veículos alugados po- dem ser uma alternativa atra- ente em cidades de médio porte com taxas de propriedade de automóveis mais baixas. A SITUAÇÃO DAS MONTADORAS Em janeiro, a Ford anunciou o fechamento de suas três insta- lações de produção no Brasil. A decisão foi anunciada como parte da estratégia de reestru- turação global já que a empresa visa melhorar suas margens de lucro e desbloquear mais recur- sos financeiros para investir no desenvolvimento de veículos elé- tricos (leia mais na página 20). Segundo os pesquisadores, essa retração de montadoras no mercado brasileiro e latino- -americano, em geral, pode persistir no futuro. “As empre- sas automotivas estão sentin- do uma pressão crescente para atender aos requisitos de emis- são mais rígidos na Europa e na América do Norte, e preci- sarão encontrar mais recursos financeiros para acelerar os programas de eletrificação. Por sua vez, isso deixará me- nos recursos para investir em fábricas em mercados emer- “NO LONGO PRAZO, CONCENTRADAS NA ELETRIFICAÇÃO, AS MONTADORAS TERÃO MENOS RECURSOS PARA INVESTIR E ATUALIZAR OS VEÍCULOS PRODUZIDOS NO BRASIL” 18 foto: acervo pessoal