Revista Locação 95
14 Entrevista REVISTA LOCAÇÃO: O que as locadoras que trabalham com turismo podem esperar para os próximos meses? Como se comportará o mercado? MARIANA ALDRIGUI: Acredito que 2021 tende a ser mais desafiador que 2020 para o turismo como um todo, especialmente quando pensamos no turismo que o Brasil estava acostumado a contabilizar, com pacotes internacionais, viagens organizadas de longa distância. Havia ainda um grande mercado a ser explorado no turismo doméstico, e é fato que as locadoras constituem o primeiro segmento que percebeu a retomada – e têm a chance de se consolidar como uma opção viável de serviço para uma classe média com mais de 60 milhões de clientes, que não vai deixar seus hábitos mesmo após a pandemia. Entendo que há elementos que restringem a expansão do mercado, como a produção de automóveis e uma provável crise econômica que se desenha. Ainda assim, o mercado doméstico de viagens de curta distância é consistente e pode se revelar uma oportunidade valiosa para as locadoras. RL: O turista brasileiro que estava acostumado a viajar para fora está preparado para descobrir o turismo regional? MARIANA: Preparado está, mas isso não quer dizer que vai ou que será um cliente fiel. Há uma demanda represada muito grande para a volta às viagens internacionais. O segredo é olhar para quem não sabia das possibilidades, não conhece os produtos, e se valer do uso de muita inteligên- cia de dados para estabelecer parcerias estraté- gicas com condições de ampliar mercados mal trabalhados. RL: Como o governo poderia agir nesse momento para propiciar a retomada do turismo de lazer e também de negócios? MARIANA: O papel do governo é acelerar a vaci- nação e garantir que mais vacinas estejam dis- poníveis. O custo de vacinar a população é muito mais baixo do que o de manter auxílio emergencial e pacotes de auxílio empresarial. Os empresá- rios precisam entender essa conta, e ampliar a pressão para uma gestão séria da saúde pública, para que todos os setores voltem - lembrando que turismo é sempre um dos últimos a ser retomado em qualquer crise, e nessa não será diferente. RL: Como você classifica o serviço prestado pelas locadoras? Elas têm atendido de forma ideal a demanda turística no país? MARIANA: As locadoras, de maneira geral, se adaptaram muito rapidamente aos protocolos sa- nitários, fizeram e seguem fazendo (na medida do possível) um excelente trabalho de comunicação, e por prestarem um tipo de serviço one-to-one, têm muito maior chance de fidelização e exce- lência nos serviços. Eu sei que sempre é possível melhorar, ouvindo as sugestões e críticas dos clientes, mas noto um nível muito alto de profis- sionalização e cuidado. RL: Há algum ensinamento positivo da pandemia para o turismo? Principalmente no que se refere a serviço e atendimento ao cliente? MARIANA: Todos aprendemos alguma coisa. Mas diria que as lições de flexibilidade em preços e políticas, adoção de protocolos e publicização da higienização, comunicação simples e direta foram as que mais funcionaram. Empresários precisam agora se dedicar a desenhar planos com diferen- tes cenários, já que o susto foi grande e ninguém quer passar por isso novamente. E especialmente, entender que políticas públicas de grande alcance beneficiam a todos - que é fundamental entender nosso papel como uma engrenagem, mas que toda O MERCADO DE VIAGENS DE CURTA DISTÂNCIA É CONSISTENTE E PODE SE REVELAR UMA OPORTUNIDADE VALIOSA PARA AS LOCADORAS “
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