Revista Locação 94

8 Capa O S CA R R O S Mesmo enfrentando os efeitos da pandemia, mercado automobilístico tem previsão positiva para 2021 O MERCADO de locação de veículos encerrou 2020 com grande movimentação e projeção de cresci- mento neste ano que se inicia. De acordo com o presidente da ABLA, Paulo Miguel Junior, a atu- al demanda se deve, basicamente, aos seguintes fatores: “O receio do contágio do coronavírus no transporte aéreo fez com que muitos clien- tes optassem pelo aluguel de veículos para suas viagens. Para diminuir os custos mensais, houve também um número grande de pessoas que ven- deu o veículo próprio, optando por assinatura de contrato de aluguel de veículos.” Outro motivo para a retomada do setor foi a oferta de terceirização de frotas. Cerca de 25% das grandes empresas do país terceirizam a fro- ta, tornando o mercado de locações ainda mais concorrido. Esse seria o momento propício para o mercado crescer ainda mais, porém, com o desba- lanceamento da cadeia produtiva nas montadoras, a produção de carros só deverá ser normalizada após o primeiro trimestre do ano, e ainda poderá chegar com repasses da alta do valor dos insumos. De acordo com o presidente da Anfavea (Asso- ciação Nacional dos Fabricantes de Veículos Auto- motores), Luiz Carlos Moraes, 2020 terminou com estoque de veículos praticamente zerado. No final do mês de novembro e início de dezembro, o esto- que estimado era de 119 mil unidades. “A durabilida- de nesse nível é de, no máximo, 16 dias. É o índice mais baixo da história”, comenta. “As montadoras deverão retomar a normalidade na produção no pri- meiro trimestre de 2021. Porém, a questão da pan- demia é crucial para definir esse prazo”, alerta. As montadoras estão enfrentando o desbalan- ceamento da cadeia produtiva. “As fábricas ado- taram microparadas. Assim, o restabelecimento da sincronia pode levar alguns meses”, completa o presidente da Anfavea. Com isso, omercado de veículos zero quilômetro registrou queda significativa nas vendas em 2020. No último dia 4 de janeiro, a Anfavea divulgou que essa retração foi de 26,2% no ano passado. Com produção em baixa e a demanda crescente, a Anfavea se mobiliza na tentativa de assegurar as ma- térias-primas e o fornecimento de veículos. Uma das ações é o apoio logístico para que os insumos che- guem até as montadoras com o uso do frete aéreo. Esse desbalanço pode afetar os preços finais dos veículos em 2021. Vários itens estão sofrendo aumentos substanciais. Um exemplo é o aço. Alta no preço dos insumos já obrigou a indústria a re- passar esses custos para o preço dos carros. Apesar dos desafios enfrentados em 2020, a Anfavea tem uma previsão positiva para o setor. “Temos fatores que indicam que o mercado terá um crescimento. Mas há também duas preocupa- ções: o lado econômico e qual será o impacto do aumento da taxa de juros, da reforma fiscal e a questão da pandemia”, alerta Moraes.