Revista Locação 118

PERCALÇOS DA ECONOMIA Do outro lado da moeda, estão os complicadores econômicos: aumento de inflação e da taxa de juros, combinado com alta do dólar. Entenda a seguir quais são os reflexos dessa combinação que acelera os custos das locadoras. Juros em elevação – frustrando as expectativas mais otimistas, que apontavam para a possibilidade de o Brasil chegar a uma Selic de 8% ao final do próximo ano, a taxa básica de juros chegou a 12,25% (fixada em dezembro, quando completou o terceiro aumento consecutivo). A alta da Selic é incentivada pelo desejo do Banco Central de reduzir o consumo e controlar a inflação. Com essa pressão, crescimento para investir na renovação, que reduz depreciação e custos de manutenção. Inadimplência – “O poder aquisitivo achatado e a inadimplência também preocupam. É recomendável que as locadoras atentem para a gestão de cadastro e crédito. Essa gestão precisa estar afinada”, adverte Marco Aurélio. o mercado financeiro já estima uma Taxa Selic entre 15% e 16%. Com isso, os juros aplicados ao negócio de aluguel de carros e mercado em geral pode chegar à faixa de 18% a 20%. “Um custo financeiro dessa monta dificulta o negócio de aluguel de carros. Somos um negócio de capital intensivo. Juros acima do razoável interferem diretamente no investimento das locadoras”, comenta o presidente. Inflação em alta – o viés de alta na inflação – e também nos juros – é causado principalmente pelo desequilíbrio das contas do governo. É um problema de ordem fiscal: o país arrecada menos do que gasta. “O governo precisa intervir menos na economia. Quando o fizer, precisa ser no sentido de contribuir, não de dificultar. Intervenções geram expectativas que nem sempre são favoráveis aos investimentos”, considera Marco Aurélio. “A inflação em alta também interfere no preço de serviços e componentes, e até mesmo na remuneração da mão-de-obra do setor”, acrescenta ele. Dólar – apesar de seus esforços, o governo não conseguiu evitar que a cotação do dólar se estabilizasse em um patamar equilibrado para a economia. Um dos reflexos mais imediatos desse comportamento da moeda estrangeira é o impacto na indústria, inclusive na automotiva, a que fornece os ativos para a operação das locadoras. O aumento no preço dos veículos novos já foi detectado pelas locadoras. “Percebemos que já foram aplicados reajustes na virada do ano nos preços dos veículos novos, da ordem de 2,5% a 3,7%. Esse tipo de reajuste não é possível de absorver, certamente será repassado para o mercado. De fato, já estamos observando entre as locadoras aumento de custos e repasse nas tarifas”, assinala Marco Aurélio. Por outro lado, lembra o presidente da ABLA, há um efeito no sentido contrário: com a alta nos preços, as locadoras deixam de comprar novos veículos e prejudicam o desempenho das montadoras. “As locadoras adquirem entre 25% e 30% da produção automotiva no país. Certamente, uma retração nas compras vai afetar as montadoras”, afirma Marco. “A compra de carros por parte das locadoras deve ficar estável este ano. E o mercado de seminovos tende a continuar crescente, com alta demanda, em função da alta de preços do zero”, arrisca ele. dos veículos estivesse estabilizada, mas ela ficou acima do esperado”, relata ele. No frigir dos ovos, todo esse cenário dificulta a diminuição da idade média da frota, como muitas locadoras planejavam. Para o presidente da ABLA, a baixa na idade média da frota andará um pouco de lado, ainda que as locadoras segurem um pouco o OUTROS RISCOS Depreciação – O presidente da ABLA alerta para um outro fator nessa avaliação do cenário de oportunidades para as locadoras: a depreciação dos veículos. “Esse é um problema que persiste desde meados de 2023. Entendíamos que, ao final do ano passado, a depreciação custo das passagens aéreas. A demanda pelo turismo interno é crescente, inclusive no turismo de negócios.” “A locação é certamente parte da solução para as empresas e isso impulsionará a demanda por nossos serviços em 2025”, resume ele. “Porém, a fim de aproveitar as oportunidades, é importante que as locadoras estejam atentas a todos esses pontos que estamos enumerando, e invistam na profissionalização da gestão”. 11 Capa

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