Revista Locação 105

27 Frota QUAL A REALIDADE dos veículos novos e seminovos no pós-pandemia? Como as locadoras devem se preparar para renovar a frota em 2023? Essas foram algumas das perguntas que dois dos principais painéis do 17º Fórum Internacional do Setor de Locação de Veículos tentaram responder. Ricardo Bacellar, da Bacellar Advisory Boards — Automotive & Mobility, mediou o encontro que discutiu o mercado de veículos novos. Com ele estiveram especialistas de três das maiores montadoras no país: Eric Loretto, da área de vendas diretas do General Motors; Mário Vinha, gestor de vendas diretas da Fiat Stellantis, e Leonardo Tosello, head de vendas diretas da Volkswagen. Todos foram unânimes em destacar que a pandemia acelerou tendências, e que agora as locadoras terão que conviver com várias mudanças. O aumento do preço do ativo é, talvez, a mudança mais sentida pelo mercado. O tíquete médio dos veículos novos subiu na pandemia, e não há um fator à vista que possa justificar uma expectativa de queda. A produção ainda convive com dificuldades, em virtude da crise dos semicondutores. Para 2023, porém, os executivos presentes no debate demonstraram confiança em um cenário mais promissor. Com o novo mindset de preços, todos os clientes — locadoras, inclusive — passam a valorizar ainda mais as condições de crédito na hora da compra. “Temos uma realidade de dinheiro caro e também de redução na renda média dos brasileiros, o que prejudica a retomada das vendas da indústria automotiva”, acrescentou Bacellar. Ele lembrou outros aspectos que estão no radar da indústria, como a tecnologia embarcada e a conectividade, que só vêm aumentando e que faz também com que não possamos apostar em redução de preços no horizonte. Vinha, da Stellantis, acredita que o mercado poderá encontrar formas de mitigar essas perdas, desenvolvendo soluções para pequenos negócios. Há no entanto oportunidades a serem exploradas em meio às dificuldades. “A pandemia trouxe o gatilho da segurança, ou seja, o consumidor queria comprar um carro para evitar o risco de contágio. Essa preocupação já não existe mais, o que é bom para as locadoras. A cultura do compartilhamento está evoluindo dia a dia”, analisou Bacellar. A queda da renda média e o alto custo de crédito favorecem a locação. Os participantes da mesa citaram o aumento da modalidade de aluguel por assinatura como um sintoma dessa mudança gradativa, em que pesa cada vezs mais a avaliação financeira do negócio. Como os assuntos estão ligados, a situação dos seminovos acabou também aparecendo na discussão sobre veículos novos. “O preço dos seminovos se valorizou na pandemia”, lembrou Tosello, da Volks. O debate específico sobre seminovos foi mediado por Ana Renata, diretora geral da Automotive Cox no Brasil, e contou com a participação do presidente da Fenauto – Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores, Enílton Sales, além de: Marcelo Barros, gerente geral da Autorola; Eduardo Jurcevic, CEO da Webmotors; e Vicente Paulo, da VIP Leilões. De maneira geral, o cenário de preços em alta também foi detectado pelos especialistas na análise sobre seminovos. “O carro zero deixou de ser opção para muitas famílias”, disse Ana Renata. Enílton, da Fenauto, defendeu a livre concorrência como fator de regulação do mercado. “Quem manda no preço é quem compra, é o desejo do consumidor”, afirmou ele. Marcelo, da Autorola, disse que os seminovos ficaram ainda mais valorizad os na pandemia. Para ele, as locadoras hoje precisam traçar uma estratégia de desmobilização de ativos já no momento da compra do veículo novo. E essa estratégia pode incluir várias alternativas, como o B2C, que já é uma realidade. Vicente, da Vip Leilões, também enfatizou a diversidade de alternativas para a desmobilização como uma ferramenta a ser utilizada pelas locadoras. RENOVAÇÃO DA FROTA É UMA DAS MAIORES PREOCUPAÇÕES ATUAIS DAS LOCADORAS E FOI DISCUTIDA NO FÓRUM

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