A n o X I X | # 1 0 4 | 2 0 2 2 | S E T E M B R O / O U T U B R O A polêmica sobre a adesão ao Programa de Recuperação do Setor de Eventos (PERSE) Frota: os fatores que estão complicando a desmobilização dos seminovos 17º Fórum das Locadoras: já garantiu sua passagem e hospedagem? Aplicativo para devolução de veículos em outras cidades chega ao Brasil Especialistas apontam a pandemia como origem das dificuldades enfrentadas pelas prestadoras desse serviço ASSISTÊNCIA 24 HORAS EM XEQUE
EXPEDIENTE CONSELHO GESTOR Marco Aurélio Gonçalves Nazaré (Presidente do Conselho Nacional), Jacqueline Moraes de Mello (Vice-Presidente do Conselho Nacional), Carlos César Rigolino Junior, Dirley Ricci, Lusirlei Albertini, Paulo Miguel Junior, Saulo Tomaz Froes e Tercio Gritsch. CONSELHO GESTOR (SUPLENTES) Eduardo Correa, Eladio Paniagua Junior, Kleiton Aguiar, Miguel Ferreira Jr, Nildo Pedrosa e Renato Franklin. CONSELHO FISCAL Alvani Laurindo, Amadeu Oliveira, Marconi Dutra e Paulo Bonilha Junior. CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Ricardo Zamuner e Sidnei Reche. CONSELHO CONSULTIVO Adriano Donizelli, José Zuquim Militerno, Paulo Gaba Junior e Paulo Nemer. COORDENAÇÃO GERAL Olivo Pucci e Francine Evelyn. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS LOCADORAS DE AUTOMÓVEIS – ABLA www.abla.com.br / email: abla@abla.com.br São Paulo: Rua Estela, 515 – Bloco A – 5º andar – CEP 04011-904 – (11) 5087.4100. Brasília: SAUS Quadra 1 – Bloco J – edifício CNT sala 510 – 5º andar – Torre A – CEP 70070-010 – (61) 3225-6728. COORDENAÇÃO EDITORIAL Em Foco Comunicação Estratégica E-mail: revista@abla.com.br | (11)3819-3031 Editor: Nelson Lourenço [MTB 22.899] Textos: Carolina Maia, Aurea Figueira e Nelson Lourenço www.agenciaemfoco.com.br ARTE: Estúdio Mirador Direção de arte: Leandro Cagiano www.estudiomirador.com.br A Revista Locação não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nos artigos assinados. Permitida a reprodução das matérias, desde que citada a fonte. CURTA NOSSA PÁGINA FACEBOOK.COM/ABLABRASIL INSCREVA-SE NO YOUTUBE @ABLABRASIL SIGA NO INSTAGRAM @ABLABRASIL SIGA-NOS NO TWITTER TWITTER.COM/ABLA_BR
3 Palavra do Presidente MARCO AURÉLIO NAZARÉ PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL ENTRE OS dois primeiros trimestres deste ano, aconteceu uma sensível melhora em relação à produção de veículos por parte das montadoras e, também, uma significativa redução dos prazos de entregas de pedidos feitos pelas locadoras. Essas foram algumas das principais conclusões que pudemos tirar das estatísticas de compras de automóveis e comerciais leves feitas pelas empresas do nosso setor, na primeira metade de 2022. Os emplacamentos feitos pelas locadoras no Brasil aumentaram 85,4% na comparação entre o 1T e o 2T neste ano. Conforme os números que a ABLA recebeu do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), nos primeiros três meses foram emplacados 78.578 automóveis e comerciais leves, enquanto no segundo o nosso total de compras saltou para 145.720 unidades. É verdade que as montadoras passaram a enfrentar queda na demanda por parte do varejo, o que também ajuda a explicar a expansão dos volumes negociados com os diversos clientes das vendas diretas, entre eles as locadoras. Tanto é que, se consideramos as compras das empresas de aluguel de carros feitas até o final de junho, chegamos em 223.967 unidades. Isso representa 49,3% do total de veículos adquiridos por locadoras ao longo de todo o ano passado. Na segmentação entre as principais montadoras, nesse semestre o volume de vendas para locadoras foi o seguinte: Stellantis (68.891), Volkswagen (47.138), Hyundai (42.950), Chevrolet (27.095) e Renault (16.945). Já entre os modelos mais vendidos ficaram o HB20 (29.971), GOL (22.419), Strada (18.494), Mobi (17.147), Argo (13.365), Voyage (12.357), Pegeout 208 (12.722), Cronos (10.365), HB20S (9.373) e o Ônix Plus (8.366). O resultado é que, enquanto em dezembro de 2021 a frota total do setor de locação era de 1.136.517 automóveis e comerciais leves, ao final de junho de 2022 foi atingida a marca de 1.213.220 unidades. Trata-se de um crescimento de frota de 6,3% no semestre. Para efeito de outras comparações, em 2020 o faturamento do setor de locação de veículos no país havia sido de R$ 17,6 bilhões, ainda sob o impacto das medidas de isolamento social causadas pela pandemia de Covid-19. No ano passado, o faturamento da atividade cresceu 33,5%, no maior avanço registrado nos últimos cinco anos. Vamos em frente. Que este segundo semestre seja ainda mais promissor para os negócios de todas as locadoras associadas na ABLA. A REALIDADE DAS COMPRAS DE VEÍCULOS EM 2022 “NO SEGUNDO TRIMESTRE, HOUVE EXPANSÃO DOS VOLUMES NEGOCIADOS COM CLIENTES DAS VENDAS DIRETAS, ENTRE ELES AS LOCADORAS”
4 ANO XIX | No 104 | SETEMBRO / OUTUBRO | 2022 10 CAPA Pandemia trouxe percalços que duram até hoje para a Assistência 24 horas 18 MERCADO Fusão entre grandes redes de locadoras provoca reflexões 19 FROTA Desafios atuais para a desmobilização de frotas 22 TECNOLOGIA A flexibilidade na locação ganha adeptos 8 NA FRENTE Hospedagem em condições especiais para o Fórum das Locadoras 14 ENTREVISTA Diretor executivo de vendas e marketing da Movida, Jamyl Jarrus fala sobre as perspectivas do mercado de locação 24 LEGISLAÇÃO Uma possibilidade para alíquota zero em impostos federais 26 FINANCIAMENTO Startups trazem novidades em consórcios 28 SERVIÇOS Aplicativo traz alternativa para a transporte do veículo entre lojas
5 38 BRASIL VIAGEM Use o leitor QR Code do seu smartphone para acessar o site da ABLA 42 POR DENTRO 14 ENTREVISTA 34 COMUNICAÇÃO O poder de uma boa história 36 REGIONAL Perspectivas para expansão do aluguel de carros no Espirito Santo 38 BRASIL VIAGEM Roteiros bem temperados em terras capixabas 42 POR DENTRO Fiat Scudo, novo utilitário da montadora 44 FIM DE PAPO Importância do Fórum das Locadoras, que volta a ser presencial 30 TERCEIRIZAÇÃO Alta de juros encarece compra de veículos e pode favorecer o aluguel de longa duração para empresas 31 SETOR Três perguntas para o novo presidente da Fenaloc 32 PÍLULAS DE GESTÃO Dicas e orientações sobre planejamento
6 Editorial Boa leitura, boas viagens e bons negócios! A LOCAÇÃO de veículos se tornou um símbolo de modernidade. Alugar um carro é atitude em sintonia com as melhores práticas de nosso tempo: mobilidade, sustentabilidade, um melhor aproveitamento de recursos, foco na experiência. E é exatamente nesse ponto – a experiência – em que se registraram nos últimos meses preocupações mais frequentes das locadoras com o serviço de assistência 24 horas. Contar com o apoio de uma rede de serviços em caso de emergência é uma segurança que tranquiliza o cliente de locação, seja aquele que começa a descobrir agora a cultura do aluguel de veículos, seja aquele que já utiliza com certa regularidade o automóvel disponibilizado pelas locadoras para o trabalho, turismo ou outra finalidade. Ocorre que têm sido cada vez mais costumeiros os relatos de que, na hora em que precisou dessa assistência, o cliente não foi atendido a contento. Isso certamente têm um efeito sobre todo o mercado envolvido com a atividade de locação. A Revista traz nesta edição, em sua matéria de capa, uma exposição desse problema. Ouvimos especialistas que confirmaram o momento de desequilíbrio vivido pela assistência 24 horas, um reflexo da pandemia que vem se arrastando e merece uma análise mais profunda de todos os envolvidos, inclusive seguradoras e prestadores de serviços, para que os usuários de locação não sigam na iminência de serem prejudicados. Esse consumidor dos serviços de locação está cada vez mais exigente e antenado. Ele passou a valorizar aspectos como agilidade e facilidade de contratação, duas características marcantes das locadoras digitais, com as quais todas as empresas do setor podem aprender aspectos relevantes para suas gestões. A matéria com essas locadoras está na seção “Tecnologia”, página 22. As locadoras, de todos os portes e perfis, continuam sendo as maiores compradoras de veículos do país e estão se esforçando para renovarem suas frotas, aproveitando os primeiros sinais de recuperação da indústria automotiva, que começa a reduzir seus prazos de entrega. No entanto, do outro lado dessa equação, a desmobilização dos veículos seminovos ainda enfrenta percalços e aguarda ajustes, conforme retratado na seção “Frota”, página 19. Entre outras matérias de interesse imediato para a gestão das locadoras contidas nesta edição, podemos destacar a que fala sobre novidades em consórcios (Finanças, página 26) e sobre um novo aplicativo que pode ser ferramenta útil para a movimentação dos veículos entre lojas (Serviços, página 28). É PRECISO GARANTIR QUE A EXPERIÊNCIA DA LOCAÇÃO SEJA PERFEITA
7 Conte com condições especiais e turbine seu financiamento com soluções como Despachante, Reparo de Vidros, Seguro Prestamista, entre outros. Acesse financiamentos.bradesco > Quero financiar Central de Relacionamento Bradesco Financiamentos Consultas, informações e serviços transacionais. Capitais e Regiões Metropolitanas: 4004-4433 Demais Localidades: 0800 722 4433 Atendimento das 8h às 20h, de segunda a sexta-feira. Das 8h30 às 14h30, aos sábados, exceto feriados nacionais. SAC 0800 727 9977 Deficiência Auditiva ou de Fala 0800 722 0099 Reclamações, cancelamentos e informações gerais. Atendimento 24 horas, 7 dias por semana. Ouvidoria 0800 727 9933 - Se não ficar satisfeito com a solução apresentada, contate a Ouvidoria, das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira, exceto feriados. Bradesco Financiamentos Pague par-ce-la-do. Receba seu veículo na hora. Consulte disponibilidade nos parceiros autorizados, condições gerais, preço, prazo, tarifa de cadastro, tarifa de avaliação do bem, taxa de juros, encargos e Custo Efetivo Total (CET) do financiamento, em qualquer um de nossos Correspondentes no País. Crédito sujeito a aprovação.
8 Na Frente ESTÁ CHEGANDO CORRA PARA GARANTIR CONDIÇÕES VANTAJOSAS DE HOSPEDAGEM E CURTIR O EVENTO “AS LOCADORAS e a busca de soluções de mobilidade” é o tema definido para o 17º Fórum Internacional do Setor de Locação de Veículos, que volta a ser realizado de forma 100% presencial, nos dias 22 e 23 de novembro, no Transamérica Expo Center, na capital paulista. A programação inicial já pode ser conferida no site www.forumdaslocadoras.com.br, onde também é possível fazer a inscrição para o evento. Para mais tranquilidade e conforto no período em que o congresso acontecerá, a ABLA tem o apoio de uma agência de viagens especializada. A NMB está com preços promocionais para quem fechar agora a hospedagem e/ou passagem aérea para vir acompanhar o Fórum em São Paulo. Fernando Dias, gerente da NMB Travel, parceira da ABLA no atendimento aos visitantes que chegam de outras cidades fora de São Paulo, diz que a procura pela viagem tem aumentado desde junho, quando a agência passou a oferecer os serviços aos associados e demais interessados. Ao contratar pela NMB, os associados têm direito a tarifas exclusivas, no sistema de adesão. A princípio, o grupo da ABLA ficará concentrado no hotel Blue Tree Morumbi, na movimentada região da Berrini, perto do shopping Morumbi e a poucos quilômetros do centro de eventos do Transamérica. “A contratação por antecedência é importante para garantir conforto e bons preços. São Paulo é uma cidade repleta de eventos e pode ser complicado encontrar um hotel de bom padrão em determinados períodos do ano”, acrescenta Fernando. De fato, novembro é um mês que costuma registrar intenso movimento em São Paulo. Exemplo é o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, que agita a cidade no final de semana de 11 a 13 de novembro. Omesmo raciocínio da hospedagem é válido para o transporte. A agência NMB possui acordos com as principais companhias aéreas, o que lhe permite oferecer preços mais atrativos para seus clientes. O TRANSAMÉRICA EXPO VOLTA A RECEBER O FÓRUM ABLA A HORA!
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10 Capa ASSISTÊNCIA 24 HORAS NA HORA DA VERDADE A ESPERA POR SERVIÇOS COMO O GUINCHO E REBOQUE PODE DURAR HORAS
11 Reclamações dos clientes crescem durante a pandemia ASSISTÊNCIA 24 HORAS é uma cobertura que pode ser acionada pelo cliente das locadoras sempre que ele precisar num momento de dificuldade com o veículo. Mas o que era para ser um benefício tem se transformado muitas vezes numa dor de cabeça. As reclamações em torno desse serviço têm sido cada vez mais constantes, o que, em última instância, faz com que o cliente reclame da locadora. Por que o transtorno com a assistência 24 horas se tornou algo corriqueiro nos últimos tempos? Terá sido um efeito da pandemia? Para o diretor geral da Multiassist Consultoria e Corretora de Seguros, Ildebrando Gozzo, o principal fator que afetou toda a cadeia produtiva, com reflexos no segmento automotivo e nos serviços de assistência, foi o lockdown implementado, em maior ou menor intensidade, por governadores e prefeitos. “Essa medida reduziu drasticamente o tráfego de veículos nas ruas das cidades e rodovias”, lembra ele. Com ressalvas, a mesma opinião tem o corretor e jornalista Armando Luís Francisco, da Porto Serra Seguros, em Caxias do Sul (RS). “A pandemia é sim a maior culpada disso que está acontecendo na área do seguro. Mas será somente culpa do Covid-19 ou envolve também logística e despreparo de parte daquelas que recebem muitas reclamações?”, comenta. Em sua análise, Ildebrando identifica dois lados do serviço de assistência 24 horas. De um lado, temos as seguradoras, as empresas de assistência 24 horas e a rede de prestadores de serviços de assistência. Do outro, há os segurados (as locadoras) e seus locatários e/ou condutores, que utilizam os serviços de assistência. São esses que sentem diretamente os reflexos da crise vivenciada. EFEITOS DA PANDEMIA – “O lockdown fez com que as seguradoras experimentassem uma importante redução da sinistralidade na carteira de seguros de automóveis. Isso aumentou a sua lucratividade e, por consequência, levou os subscritores desse tipo de risco a reduzir as tarifas do seguro de automóvel, dentro de uma lógica de competitividade, apostando assim no aumento do volume de vendas. Mas o mercado não se ateve à época às possíveis consequências daquela decisão”, explica Ildebrando. Enquanto isso, as empresas de assistência 24 horas tiveram, por sua vez, uma redução significativa na demanda de serviço por parte das seguradoras. Inicialmente, o mesmo efeito do aumento da rentabilidade seria observado entre essa rede de prestadores, especialmente em serviços como os de reboque de veículos e solicitação de táxis e veículos destinados ao transporte de pessoas por aplicativo. Mas depois, com a situação perdurando durante a pandemia, o faturamento dessa rede começou a ficar prejudicado. O resultado foi um evidente desequilíbrio, com a descapitalização de recursos, aumento do endividamento. Houve empresas de assistência 24 horas que tiveram de encerrar suas atividades. “O lockdown está na origem de todo esse movimento”, continua Ildebrando. “O impacto atingiu não só a comercialização de seguros de automóveis zero quilômetro, como salientei, mas as próprias montadoras e a indústria de peças. Passamos a ter falta de componentes e aumento do preço dos veículos”, acrescenta. Porém, como vimos, o lockdown não durou para sempre. Na medida em que a atividade econômica retornou, com o abrandamento das restrições impostas para evitar o contágio da Covid-19, os veículos voltaram às ruas, de forma intensa. Era previsível que isso provocaria mais ocorrências de sinistros e de acionamentos de assistência por panes elétrica e mecânica. E, de fato, foi o que aconteceu. Ildebrando descreve o que a retomada na circulação dos veículos acarretou: “Esse retorno trouxe uma maior frequência de sinistros por colisão, roubo e furto. As seguradoras tiveram ainda que conviver com a elevação de preços, seja nos veículos zero quilômetro, usados e seminovos, seja nas peças e mão-de-obra de reparo dos veículos. O aumento de custos fez com que a maioria das seguradoras que operam com seguro de automóvel amargasse prejuízos consideráveis. Elas não previram essa possibilidade ao precificarem seus contratos de seguro, e não conseguiram evitar resultados negativos.” Outro reflexo importante derivado da queda na produção de veículos – e que também se refletiu no resultado das seguradoras e no desempenho “Precisei da assistência 24 horas, pois o carro teve uma pane mecânica. Minha ligação aconteceu por volta das 19h30 de um domingo e o guincho só foi chegar às 3 horas da madrugada da segunda-feira. Acho que só tinha uma atendente para todos os segurados. Era sempre a mesma. Depois de esperar mais de uma hora na linha, ela atendia com voz de sono. Estava em home office e mandava aguardar, sem previsão para solucionar o problema.” RELATOS DA INTERNET
12 Capa das empresas de assistência 24 horas – foi o aumento da idade média da frota das locadoras, impossibilitadas de manterem o ritmo de renovação a que estavam acostumadas. Com isso, houve um aumento significativo nos acionamentos por serviços de assistência, decorrentes de panes elétrica e mecânica. ATRASOS E INSEGURANÇA – Entre o final de 2021 e primeiro semestre de 2022, o mercado segurador reagiu e elevou drasticamente os prêmios dos novos contratos de seguro e dos endossos das apólices vigentes, bem como no valor das franquias. “Esse aumento resultou na reversão dos resultados das seguradoras, o que já se fez “Tive uma pane no meio da rodovia. Acionei o seguro e solicitei um guincho para me socorrer. A atendente me informou que em 80 minutos chegaria o guincho e, em 60 minutos, um táxi para me levar. Depois de aguardar por duas horas, a atendente me ligou dizendo que não havia guincho para me atender, nem táxi. Sugeriu que eu arrumasse um guincho particular e depois mandasse o comprovante para ressarcimento. Fora todo esse transtorno e o risco que passei de ser assaltada no acostamento na rodovia, tive que esperar 15 dias úteis para ver se vão me ressarcir do dinheiro que paguei para o guincho. Além disso, liguei na seguradora pedindo um carro reserva e me disseram que, como eu não fui guinchada pelo serviço deles, não posso pedir o carro reserva. RELATOS DA INTERNET ILDEBRANDO: PROBLEMA AFETA A IMAGEM DAS LOCADORAS E PODE LEVAR À JUDICIALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA PARA RESSARCIR PREJUÍZOS observar na divulgação dos últimos balanços, em que elas substancialmente elevaram o lucro líquido”, observa Ildebrando. A essa altura, o caos já estava instalado. Descapitalizada e enfrentando continuados prejuízos, a rede de prestadores de serviços 24 horas não conseguiu atender à demanda crescente. Os custos eram agravados pelo aumento do preço dos combustíveis. Foi preciso reajustar o valor do serviço por quilômetro rodado. “Ocorre que as seguradoras, alegando não terem margens para aumentar essa remuneração, deixaram de atender a reivindicação dos prestadores desses serviços. Por sua vez, os integrantes da rede, pela alegada impossibilidade de sobrevivência com os preços pagos por seus serviços, passaram a negociar os preços com as empresas de assistência, acionamento por acionamento, o que explica a demora excessiva de tempo para o atendimento aos condutores dos veículos”, completa Ildebrando. Ele relata que já soube de casos em o atendimento ao cliente levou sete horas. “Temos portanto uma situação em que as locadoras e os locatários e condutores são reféns, com reflexo na imagem das empresas, sem falar no aumento de riscos que o atraso no atendimento acarreta”, assinala Ildebrando. Negociação e erros de logística – Atendimento ineficiente é algo que se torna cada vez mais corriqueiro, atesta Armando, da Porto Serra Seguros. “Entreos fatoresdessegrandeproblemaestãoademora em se guincharos veículos sinistrados ou com socorrosdiversos eosdemais serviços contratados. Existem casos relatados de muitas horas para
13 Capa chegar no local onde o cliente está. Há prévias exageradas de 100, 120, 150 minutos, mas nesse tempo ainda nem mesmo se acionou o prestador que irá atender o segurado”, conta ele. Armando aponta ainda erros de logística, como solicitar o guincho numa cidade e o táxi em uma outra localidade mais longe, ainda que o prestador do guincho tenha possibilidade de oferecer os dois serviços. Ele lembra de um atendimento em que tudo deu errado: “um cliente, com mais de 75 anos, acabou sofrendo um acidente. O local era ermo, numa zona rural e numa estrada com pouquíssimo tráfego. O pedido era simples: Um guincho e um táxi. E a dor de cabeça durou mais de três horas. Frio, chovendo muito, sem abrigo e em local sem nenhuma segurança, o cliente não recebeu o melhor tratamento de assistência e chegou em sua residência após as duas horas da manhã. E o que aconteceu? A seguradora demorou muito para acionar os prestadores. E ainda escolheu um táxi que estava a duas horas do local. Depois, a empresa de guincho ficou inconformada por não ter recebido o pedido de táxi também e resolveu pôr a seguradora na parede para fornecer os dois serviços, até com certa razão. O resultado foi que o cliente e o corretor ficaram no meio dessa relação conturbada. É preciso ter empatia, se colocar na posição do cliente. As seguradoras precisam estar preparadas para essa retomada”, conclui. Em casos como esse, a principal reação do condutor e dos demais ocupantes do veículo locado é de indignação e revolta. “Na quase totalidade das ocorrências com esse tipo de desfecho, a locadora é responsabilizada, tendo sua imagem desgastada. É a locadora que vendeu ao cliente a cobertura de assistência, no contrato de locação. A indignação e a revolta em relação a seguradora também ocorrem, mas muito mais por parte da locadora do que pelo locatário”, descreve Ildebrando. Ele esclarece que as seguradoras vendem a cobertura de assistência 24 horas nas apólices de seguro de veículos com um leque extenso de eventos a serem atendidos, destacando-se, dentre os eventos, o de reboque e de transporte dos ocupantes dos veículos, com regras definidas pelas próprias companhias. “As seguradoras terceirizam o atendimento desses serviços às empresas de assistência, negociando os contratos com valores pré-definidos, por serviço. As empresas de assistência, por sua vez, estruturam uma rede de prestadores desses serviços, em nível nacional, para atender os acionamentos feitos pelos condutores dos veículos que, cabe lembrar, são de caráter emergencial”, destaca ele. QUEM COBRA QUEM? – E a responsabilidade das locadoras nessa história toda? Como fica? Com a palavra, o especialista Ildebrando: “Essa é uma questão de extrema relevância. Quem transfere para o condutor do veículo localizar e contratar diretamente os prestadores do serviço que está necessitando, é a Empresa de Assistência, e não a Seguradora, uma vez que esta terceirizou a realização dos serviços de emergência para a Empresa de Assistência. Por óbvio, como quem contratou os serviços de assistência com os segurados e cobrou o prêmio devido foi a Seguradora, esta é a responsável, salvo engano, por quaisquer eventos que possam ocorrer com o veículo e seus ocupantes. Nada impede, no entanto, que os locatários dos serviços inseridos no contrato de locação levem a locadora para o polo passivo de eventual ação, eis que foi a locadora, a segurada, quem contratou a cobertura de assistência, com a seguradora. É de pasmar! Embora responsáveis pelos problemas vivenciados pelos locatários/condutores dos veículos, as seguradoras e as empresas de assistência não têm assumido, na esfera administrativa, a responsabilidade por sinistros ocorridos com o veículo e/ou com os ocupantes do veículo locado, alegando que não foram eles que escolheram e contrataram os serviços de assistência. A judicialização dessas ocorrências é o caminho para que o locatário e/ou o condutor do veículo e seus ocupantes, possam se ressarcir dos prejuízos.” “Minha esposa solicitou um serviço mecânico pela assistência 24 horas, pois sofreu uma avaria ao bater em um buraco, danificando o protetor do cárter, o que a impedia de continuar a locomoção com o veículo. Não fomos atendidos, tive que ir até o local debaixo de chuva, deitar ao chão e desamassar com a mão a peça referida, para aos poucos retornar com o veículo até a minha casa. No dia seguinte, acionei novamente a assistência 24 horas, para que um mecânico viesse até minha casa retirar a peça amassada embaixo do carro. Para minha surpresa, o atendimento foi negado.” RELATOS DA INTERNET
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15 Entrevista diretor executivo de vendas e marketing da Movida traz nessa entrevista uma visão de como a locação de veículos está se comportando, após o impacto da pandemia, e de que forma o setor pode evoluir nos próximos anos. Com muita “estrada” no currículo, ele está no mercado há 21 anos e considera que existe ainda um grande caminho de oportunidades a ser trilhado. EM BUSCA DO EQUILÍBRIO E DE NOVAS OPORTUNIDADES JAMYL JARRUS
16 Locação: A locação tem crescido ano após ano, mesmo enfrentando pandemia e a atual falta de veículos novos. Como a Movida enxerga o futuro do setor? Ainda há muitas oportunidades de crescimento? Jamyl Jarrus: A gente enxerga sim oportunidades de crescimento para o setor nos próximos anos. A pandemia trouxe uma transformação muito grande para o mercado. Saímos fortalecidos desse período. Vimos uma movimentação grande das pessoas buscando o carro como alternativa. A cultura de se pagar pelo uso em vez da posse, que já vinha se expandindo pelo mundo, cresceu aqui também. Isso fez com que, por exemplo, o modelo de carro por assinatura se consolidasse. Locação: Essa mudança de cultura é perceptível? JJ: Sim, pode até ser algo cíclico, mas o que a gente percebe é que não são apenas os mais jovens que estão descobrindo a locação. Há muita gente que se desfez do carro e está recorrendo ao veículo alugado, usando esse dinheiro da venda do carro próprio para investir. Locação: E o que aconteceu com a terceirização durante a pandemia? JJ: O que temos visto muito forte de 2021 para cá, entre as empresas, é que elas passaram a enxergar a locação com bons olhos, diante do desequilíbrio que a pandemia causou em seus caixas. Então, o segmento de terceirização também foi beneficiado, com a adesão de pequenas e médias empresas, enquanto a pessoa física buscou o carro por assinatura. São dois negócios que cresceram de forma muito contundente na pandemia. E possuem enorme potencial para crescer ainda mais. Em comparação com mercado mais maduros, como o da Flórida, o Brasil concentra ainda grandes oportunidades. Olhando para esses mercados, percebemos o quanto ainda podemos crescer, em todas as frentes. Locação: Voltando ao aluguel diário, quais foram os principais impactos? JJ: Houve medidas que favoreceram, como o fechamento damalha aérea. Obrasileiro passou a preferir viajar de carro, e pelo Brasil. Foi um fenômeno observado em todas as regiões. Então o maior uso e costume de se utilizar o carro alugado favoreceu a cultura da locação. A volta das fronteiras abertas e o fim das restrições sanitárias não deve reverter essa tendência. Tem mais gente descobrindo a locação, a base da pirâmide está se alargando. Locação: A Movida lançou novos serviços durante a pandemia? JJ: Sim, pensando no curto e no longo prazo, lançamos o Movida Cargo, para aluguel de veículos utilitários, que tem encontrado grande demanda entre pequenas e médias empresas. Esse modelo vai ao encontro da necessidade que surgiu com a pandemia de aumentar o volume de entregas, não apenas entre os grandes varejistas, que precisaram fortalecer a frota, mas também entre o pequeno negócio, as mercearias, pequenos mercados, comércio, segmento de pet, entre outros. Esses, inclusive, têm representado uma grande fatia de crescimento para companhia. Locação: Internamente, como a Movida se preparou para enfrentar a pandemia? JJ: Nos primeiros meses, fizemos internamente rápidos exercícios de adequação na prestação de Entrevista “A GENTE PERCEBE É QUE NÃO SÃO APENAS OS MAIS JOVENS QUE ESTÃO DESCOBRINDO A LOCAÇÃO. HÁ MUITA GENTE QUE SE DESFEZ DO CARRO E ESTÁ RECORRENDO AO VEÍCULO ALUGADO”
17 serviços. Uma novidade que já estava no radar da empresa era o web check in, ou seja, a antecipação do check in pelo aplicativo, tornando mais rápido o processo na loja. O lançamento foi antecipado para abril de 2020. Foi ótimo para a companhia. O cliente tinha maior satisfação, principalmente considerando as condições da época, em que o contato pessoal estava limitado por questões sanitárias. Locação: A tecnologia foi uma aliada? JJ: Sim, o uso do aplicativo ajudou bastante. Em termos de tecnologia, o web check in foi um exemplo de avanço. Também introduzimos no serviço de assinatura o processo completamente digital, exceto a retirada do carro, durante a pandemia. Outro exemplo foi a devolução no tablet, pela qual o cliente devolve o carro em menos de um minuto. Com relação ao atendimento, houve também mudanças e adequações, desde aquelas mais visíveis e que eram necessárias, como a adoção do álcool gel em todas as bases, até outras medidas operacionais que foram percebidas pelo cliente como valor. Locação: A Movida está investindo na eletrificação da frota? JJ: Temos hoje a maior frota de elétricos do mercado, composta de modelos Nissan Leaf, e tamEntrevista bém de BMWi3, Mini elétrico e agora os veículos da BYD.A oferta desses carros é extensiva a todo o país. E temos trabalhado, do nosso lado, para o aumento da rede de eletrificação. Estamos acompanhando essa tendência. Enxergamos uma evolução nesse mercado nos últimos três anos. A velocidade de expansão talvez não seja a esperada, uma vez que a ampliação da rede não é simples, nem barata. Mas acho que empresas e o poder público deverão trabalhar em prol dessa evolução. Já temos clientes que possuem essa necessidade de ter veículos elétricos na frota, em função de tratados de carbono zero. Locação: E a entrada das montadoras, é uma ameaça? JJ: Não considero dessa forma. Mesmo tendo crescido muito nas últimas décadas, a locação é um mercado com grande potencial de expansão. A entrada de montadoras trará benefícios, como maior informação sobre os veículos e o aval dos fabricantes para o argumento de que a locação cabe no bolso das pessoas. Tem espaço para todo mundo. Locação: Quais são os desafios atuais do setor? JJ: O encarecimento dos veículos e o aumento da curva de juros, o que afeta demais um mercado como o nosso, de capital intensivo. Para continuar com equilíbrio e manter a rentabilidade nesse cenário, as empresas precisam fazer um exercício de preço. Então, o grande desafio é retomar esse equilíbrio pré-pandemia. Outro desafio é conversar com o cliente sobre o atual cenário, em que não há tantos carros de entrada, com a mudança de line up na produção de veículos. A oferta para a locação está evoluindo para um novo perfil, com mais SUVs e carros com um degrau acima na categoria, o que também envolve o exercício de preço. Locação: Para o cliente, qual seria o seu recado? JJ: O recado é que o mercado brasileiro de locação está evoluindo cada vez em seu nível de serviço, e empresas de locação estão preparadas para atender com uma frota cada vez mais diversificada. “ A OFERTA PARA A LOCAÇÃO ESTÁ EVOLUINDO PARA UM NOVO PERFIL, COM MAIS SUVS E CARROS COM UM DEGRAU ACIMA NA CATEGORIA”
18 Mercado UMA CERIMÔNIA simbólica realizada na B3, em São Paulo, oficializou a fusão entre duas das maiores redes do setor, a Localiza e a Unidas. Qual o reflexo desse negócio para a realidade das locadoras no Brasil? Para o presidente do Conselho Nacional da ABLA, Marco Aurélio Nazaré, essa movimentação interfere na composição do mercado brasileiro de locação, porém, não descaracteriza a grande HÁ ESPAÇO PARA TODOSMERCADO SEGUE COM PERFIL PULVERIZADO E OFERECE OPORTUNIDADES PARA EMPRESAS DE TODOS OS PORTES, AVALIA A ABLA CERIMÔNIA NA B3 OFICIALIZOU A FUSÃO ENTRE AS REDES pulverização e prevalência das pequenas e médias empresas. Ele explica que, ao contrário do mercado norte-americano, por exemplo, onde há concentração de negócios e de frotas entre poucas empresas, aqui as oportunidades estão espalhadas entre empresas de diferentes portes. E essa realidade não será alterada com o surgimento da nova empresa formada a partir da fusão. “Existe mercado para todos. As locadoras médias e pequenas continuarão a explorar nichos específicos. Elas possuem diferenciais como a agilidade e a customização no atendimento, que cria uma relação de confiança com o cliente e as habilitam a permanecer competitivas no cenário pós-fusão”, avalia Marco Aurélio. Prova disso é a evolução do número de locadoras em atividade no Brasil nos últimos anos, registrada pelo Anuário Brasileiro do Setor de Locação de Veículos. Esse número nunca deixou de crescer: eram 8.561 em 2017 e agora já são 13.903 empresas se dedicando a esse negócio em todo o país. Dessas, a esmagadora maioria é composta de locadoras pequenas e médias, com até 15 mil veículos na frota. O presidente da ABLA lembra que a concentração de mercado é uma prática comum a vários mercados, que está acontecendo em diversas atividades, inclusive na locação. Mas isso não significa que as locadoras de menor porte deixarão de ocupar um lugar ao sol.
19 SustentabiliFdraodtae PLANEJAR É PRECISO Desafios para compra e desmobilização da frota DESDE A PANDEMIA, as locadoras aguardam um momento de equilíbrio para desmobilizar os veículos que já estão em uso há algum tempo e ir às compras, para renovar a frota. Apesar de alguns indícios de que a oferta de zero quilômetro começa a se recuperar, a outra ponta dessa equação – os seminovos – se tornou mais uma incógnita: seria mesmo o momento de vender esses ativos? E, caso a resposta seja positiva, haverá compradores dispostos a pagar um preço justo pelos seminovos. Resolver essa equação se tornou questão de sobrevivência para as locadoras. Afinal, nos últimos meses elas retiveram durante mais tempo do que o normal os veículos na frota, uma vez que não havia carro zero para comprar. Agora que a indústria automotiva acena com mais possibilidades de emplacamento, a venda dos seminovos, a chamada desmobilização, se tornou uma tarefa complicada. O diretor regional da ABLA no Rio Grande do Norte, Israel Protásio, conta que a procura por seminovos esfriou demais, principalmente diante das condições que os bancos estão impondo para financiamento desses veículos. “Os juros são altos, e a entrada solicitada chega a 50% do valor total do veículo. Com essas condições, o mercado de seminovos está parado. E acredito que esse cenário deve perdurar pelo menos até o final do ano”, afirma ele. ISRAEL: A VENDA DE SEMINOVOS ESTÁ REPRESADA O detalhe, revela Israel, é que esse comportamento de prevenção de riscos que os bancos estão adotando afeta também a compra dos veículos novos. “No caso aqui da nossa locadora, desistimos do financiamento. Tivemos que usar recursos próprios, ou seja, capital de giro, para
20 comprar veículos zero quilômetro. Mas sabemos que a maior parte das locadoras não pode fazer isso. É uma situação delicada: de um lado, precisamos renovar a frota, senão perdemos clientes; de outro, a venda dos seminovos está represada”, pondera o diretor da ABLA. “Nesse momento, é preciso ter muito cuidado na hora da venda do seminovo”, acrescenta Paulo Miguel Júnior, Conselheiro Gestor da ABLA Nacional. “A demanda e os preços estão em baixa, o que significa que existem riscos para a desmobilização”, completa. Por sua vez, o consultor Cassio Pagliarini, da Bright Consulting, acredita que os preços dos usados poderão ceder ainda mais um pouco. “Já se observa uma redução nos negócios, pois os donos dos veículos à venda não encontram compradores que paguem o que eles querem e não abaixam os preços. Isso deverá se ajustar nos próximos meses”, avalia. Cassio lembra que o preço dos novos também está em um patamar elevado. “Subiram 17% acima da inflação em 2021 e já contam com mais 5% acumulados desde dezembro. Isso fez diminuir bastante o segmento de veículos hatchback de entrada, os mais baratos, a ponto de os SUVs serem hoje o segmento mais numeroso. Pelas condições econômicas do país, limitado nível de emprego, altas taxas de juros e pelos aumentos de preços dos veículos, a indústria automobilística deverá andar de lado em 2022, terminando o ano com volumes similares a 2020 e 2021. Se não cair, já será uma vitória”, completa. SEGUIR O PLANEJAMENTO É A MELHOR RECEITA Quando o assunto é renovação da frota, todo o cuidado é pouco. Concretizar uma desmobilização PAULO: A DESMOBILIZAÇÃO EM CONDIÇÕES DESFAVORÁVEIS PODE GERAR PREJUÍZO Frota
bem-sucedida, que traga recursos importantes para a empresa adquirir ativos novos, e ir ao mercado para comprar os veículos zero quilômetro com o aporte de um financiamento em condições mais favoráveis são operações cruciais para a sustentação e competitividade da locadora. Planejamento é a palavra-chave para o empresário enfrentar esse desafio. “O planejamento de compra e venda deve ser traçado e seguido pelas empresas. A locadora não pode estar sujeita aos humores do mercado para renovar sua frota. Cumprir o planejamento é a melhor receita para evitar prejuízos”, aconselha o presidente do Conselho Nacional da ABLA, Marco Aurélio Nazaré. De acordo com diretrizes já consagradas e recomendadas pela associação, o gestor deve prever nesse planejamento uma série de fatores, como a viabilidade financeira da renovação e a realidade econômica enfrentada. É preciso avaliar as condições da frota a partir de uma série de controles, como o da quilometragem percorrida, e de impactos recorrentes, como o comportamento dos custos de manutenção dos veículos. Em razão da escassez na oferta de veículos novos, ocasionada pela crise dos semicondutores acirrada na pandemia, o que elevou os preços desses ativos, a idade média da frota das locadoras chegou a 27,4 meses ao final do ano passado. Para um setor que chegou a trabalhar com frotas de idade média inferior a 20 meses, o impacto na manutenção desses veículos com maior tempo de uso é significativo. Outros aspectos muito importantes a serem considerados no planejamento são a formação de preços e a adequação das tarifas a essa nova realidade. Praticar preços que não condizem com os custos inviabiliza o negócio no médio e no longo prazo. CASSIO: PREÇOS DOS SEMINOVOS NO RADAR DAS LOCADORAS SustentabiliFdraodtae
22 HÁ TEMPOS se comenta no mercado a possibilidade de o car sharing deslanchar no Brasil e ser tão popular como na Europa, por exemplo. Mas só agora, com a ajuda da tecnologia, é que essa locação “flex”, em que o cliente paga por hora utilizada, está se tornando realmente uma opção para quem busca um veículo alugado. No Rio de Janeiro, uma experiência bem-sucedida a ser citada é a da Velo-City, o primeiro car sharing da região. Diretor regional da ABLA no estado, Daniel Bittencourt é um dos responsáveis pela iniciativa. “As locações são feitas direto no aplicativo, pelo mesmo mecanismo das locações de patinetes que se tornaram febre em grandes cidades do Brasil”, explica ele. A frota começou em um projeto piloto com três veículos, em 2020, e agora já são 14, inclusive dois Mini Coopers elétricos (alguns carros sequer têm chave). E o serviço continua em expansão. O usuário aluga a partir de um período de minutos e pode devolver em lugar diferente de onde encontrou o veículo, em uma lista de locais indicados pelo aplicativo. “A jornada do cliente é parecida em todos as locadoras que se dedicam ao car sharing. O que muda é a tecnologia do serviço. A ONDA FLEX Tecnologia COM AJUDA DA TECNOLOGIA E UM MODELO MAIS FLEXÍVEL PARA O USO E DEVOLUÇÃO, EMPRESAS DE CAR SHARING COMO A TURBI E VELO-CITY DISPUTAM ESPAÇO NO MERCADO DE LOCAÇÃO (ACIMA) APLICATIVO DA VELO-CITY: SEM LOJAS FÍSICAS (AO LADO) ESCRITÓRIO DA TURBI, LOCADORA 100% DIGITAL
23 Esse mix de clientes é variado, mas, para nossa surpresa, há uma predominância de clientes entre 30 e 50 anos. São pessoas que na maior parte deixaram de ter um carro durante a pandemia e passaram a utilizar a locação”, afirma Daniel. A flexibilidade de uma locação nos moldes do Velo–City é muito valorizada para quem usa o carro numa jornada com várias paradas, o famoso “pinga–pinga”. Ocorre que os serviços de car sharing precisam de uma boa base para a sustentabilidade do negócio, ou seja, o volume é importante. Por isso, o serviço está começando a decolar em grandes cidades, como São Paulo e o Rio de Janeiro. Na capital paulista, a Turbi, uma locadora 100% digital, também aposta no aluguel pelo aplicativo. A frota é bem variada e inclui hatches, sedãs, SUVs e esportivos, como o Mini Cooper. Os veículos são automáticos e equipados com tag ConectCar e Kit Pet. Todo o processo é feito pelo aplicativo, desde o cadastro até a abertura e fechamento do carro. Para abrir no ponto de retirada, em um dos pontos indicados pela Turbi, o usuário faz o reconhecimento facial e aperta um botão no aplicativo, que destravará a porta do carro. Tecnologia A gasolina está inclusa no serviço. O usuário não precisa pagar pelo abastecimento do carro, já incluído no valor do aluguel. Na hora de abastecer, basta utilizar o cartão combustível que fica no porta-luvas. Além disso, o usuário não precisa entregar o carro com o tanque cheio. Basta deixá- -lo com um quarto do tanque para que o próximo usuário consiga utilizar tranquilamente. Em geral, o público da Turbi é majoritariamente masculino, apesar de a empresa ter verificado um aumento significativo do público feminino no último ano. A faixa etária varia de 25 a 45 anos. São pessoas que prezam por segurança, flexibilidade e experiência. Para Daniel, do Velo-City, a pandemia deixou claro para as pessoas que o carro é o meio de locomoção mais confortável e seguro. “Todo mundo quer ter esse conforto e praticidade, mas o problema é arcar com tudo o que envolve a posse de um veículo. A locação está ganhando terreno a partir dessa constatação”. “Tem também a flexibilidade na escolha do modelo. A locação permite que você tenha, dependendo da ocasião, um veículo mais econômico ou algo mais indicado para a família, por exemplo”, completa.
24 Legislação PERSE ABRE POSSIBILIDADE PARA ALÍQUOTA ZERO EM IMPOSTOS FEDERAIS O PERSE, Programa Emergencial de Recuperação do Setor de Eventos, foi estabelecido pelo Governo Federal no ano passado, como uma forma de compensar as empresas ligadas a essa atividade pela paralisação de negócios durante a pandemia. Especialista e fundador da Audit LocOne, Paulo Henrique explica que uma das possiblidades abertas pelo Perse é a alíquota zero em impostos federais durante cinco anos. Para se habilitar ao benefício, as locadoras precisam obrigatoriamente estarem inscritas no Cadastur (Cadastro dos Prestadores de Serviços Turísticos), do Ministério do Turismo. E é essa exigência que está gerando muitas dúvidas entre as empresas. Tributarista do setor de eventos, o advogado Luiz Pamplona, do escritório Dias e Pamplona Advogados, preparou o artigo a seguir para a revista Locação, em que esclarece um pouco mais sobre a adesão das locadoras ao Perse. Avaliem os argumentos dele a seguir: “A pandemia de covid-19 provocou dramas e verdadeiras tragédias na vida pessoal e familiar de milhões de pessoas em todo o mundo. As mazelas econômicas, que inevitavelmente se entrelaçam com as nossas vidas pessoais, não ficaram atrás, dizimando empresas dos mais variados segmentos econômicos que sofreram com o isolamento social, lockdowns, mudança de hábitos dos consumidores, perda de poder aquisitivo e a espiral inflacionária causada em grande medida pelo desarranjo das cadeias produtivas internacionais. As empresas dedicadas a eventos talvez tenham sido as mais prejudicadas em nosso país. Casas de espetáculos foram fechadas, teatros e cinemas; feiras e congressos cancelados; os turistas, confinados em suas casas, deixaram de viajar, entre tantos e tantos outros exemplos. Atento ao risco de absoluta e irreversível destruição de milhares de empresas atuantes em tal relevante setor econômico, em enorme prejuízo a todo o país, o Congresso Nacional aprovou a Lei nº 14.148, publicada no Diário Oficial da União de 04.05.2021, que instituiu o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos – PERSE contemplando medidas em socorro de empresas e, naturalmente, de empregos. Em razão do parcial veto presidencial ao texto original da lei aprovada pelo Congresso Nacional e da sua posterior derrubada em março de 2022, o PERSE viveu dois momentos distintos no que diz respeito às suas medidas tributárias. Primeiramente, em maio de 2021 ele aprovou uma modalidade específica de transação que permitia aos seus beneficiários condições vantajosas para o parcelamento de suas dívidas tributárias. Quase um ano depois, em março de 2022, a Lei nº 14.148/21 foi republicada para incluir outros dispositivos inicialmente vetados. O principal deles, expresso no artigo 4º da Lei, reduz a zero, pelo prazo de cinco anos, a alíquota de PIS, COFINS, IRPJ e CSLL devidos pelas empresas consideradas integrantes do setor de eventos. As empresas integrantes do setor de eventos para fins do PERSE são assim definidas por um conjunto de normas: o artigo 2º da própria Lei nº 14.148/21, o artigo 21 da Lei nº 11.771/08 e a Portaria ME nº 7.163/21. As locadoras de veículos foram contempladas (inegavelmente aquelas dedicadas ao rent a car, mas não necessariamente apenas estas) e portanto, observadas as condições e requisitos estabelecidos pela legislação, podem aproveitar-se do benefício tributário em questão. Não se trata de aplicação imediata e automática da alíquota zero a toda e qualquer locadora,
25 Legislação convencida de que todos os requisitos legais são cumpridos e, havendo necessidade de recorrer ao Poder Judiciário, para a implementação de estratégia processual segura e isenta de riscos. Como bem definiu o ex-ministro da fazenda Pedro Malan, no nosso país até o passado é incerto. Assim, é preciso ter ainda maior cautela com o presente e o futuro, especialmente quanto às regras tributárias, tão sujeitas aos humores das nossas autoridades de plantão e às suas necessidades, maiores ou menores, de arrecadação, bem como ao crivo do Judiciário. Mas a alíquota zero ao longo de cinco anos está aí. Expressa na legislação e com possibilidades reais de beneficiar as locadoras de veículos. A oportunidade de mitigar os danos econômicos causados pela pandemia e assegurar a sobrevivência de tantas locadoras que tiveram de endividar-se para sobreviver é muito grande e merece ser examinada com atenção e sob orientação dos profissionais da confiança de cada uma delas.” destacando-se, entre outros requisitos, a exigência contida na Portaria ME nº 7.163/21 de que elas estivessem inscritas no Cadastur antes de 04.05.21. No entanto, mesmo as locadoras inscritas posteriormente àquela data ou que ainda venham a inscrever-se poderão, judicialmente, buscar o reconhecimento do seu direito à alíquota zero. Afinal, por que duas locadoras com mesma atuação comercial e que enfrentaram as mesmas dificuldades impostas pela pandemia conviverão ao longo de cinco anos com realidades tributárias completamente distintas apenas por conta de uma inscrição singela no Cadastur feita antes ou depois de 04.05.21? É recomendável, com inscrição prévia no Cadastur ou feita após 04.05.21, avaliar a legislação com imparcialidade, sem a influência que o interesse próprio no benefício tributário poderia exercer, a fim de que ele apenas seja aproveitado por esta ou aquela locadora se realmente estiver ISLAND, CEO DA RIBA BRASIL: EXPANDINDO O SERVIÇO
26 Financiamento AS NOVIDADES EM CONSÓRCIO Startups movimentam o mercado e prometem ser assertivas para as locadoras OS FUNDADORES DO TURN2C: BRUNO PINHEIRO, TATIANA ANDERSON E THIAGO ALMEIDA
27 Terceirização EM PLENA pandemia, o mercado de consórcios mostrou sinais de vigor e continua em alta. Segundo a ABAC, Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios, de janeiro a maio de 2022 o sistema de consórcios manteve o ritmo de expansão, com 1,5 milhão de novos planos e mais de 96 bilhões de créditos comercializados. Um crescimento de 15% com relação ao mesmo período do ano passado. O setor não ficou imune à avalanche de inovações que a tecnologia tem provocado na economia. Modelos diferenciados estão sendo oferecido, inclusive por parceiros da ABLA. É o caso do Turn2C, uma startup que atraiu investidores como a B3, a bolsa de valores. Trata- -se de uma solução de inteligência artificial (IA) para o mercado de consórcio. O modelo reúne de um lado o cliente que deseja adquirir o consórcio e, de outro, a rede de distribuição (composta por concessionárias, por exemplo) de milhares de produtos que estão disponíveis e as administradoras de consórcios cadastradas pelo Banco Central. “O papel da ferramenta é encontrar o produto certo para o cliente, de acordo com sua demanda específica, entre as milhares de alternativas que o mercado oferece”, explica Thiago Ramos, sócio-fundador e responsável pela área de produtos da Turn2C. Segundo ele, cada consulta efetuada na plataforma dura em torno de três segundos, assim que o cliente fizer o login e alimentar a busca com os dados de sua demanda. É um comparativo real de mercado, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. É possível consultar sob vários parâmetros: número de carros que deseja financiar, modelo, valor de entrada, meses para retirar o veículo etc. Com esses dados, a plataforma faz a busca e indica entre a rede associada quem possui um produto que poderá atender àquele pedido. Caso não encontre o produto com o formato exato da solicitação, o site indica a alternativa que mais se aproxime do desejo do cliente. Importante ressaltar que o consórcio de veículos é apenas uma das possibilidades. Além da facilidade e agilidade na pesquisa, o diferencial da Turn2C é a segurança do usuário de que encontrará o rapidamente o consórcio que deseja, de forma descomplicada. “Por meio da ferramenta que usa inteligência artificial para a pesquisa, as locadoras têm acesso a produtos que são de prateleira e que podem ser adequados para suas necessidades”, afirma Thiago. A ferramenta é alimentada por modelos financeiros e estatísticos, além da expertise de mercado. Encontrar o produto certo a ser contratado é um fator decisivo para que o cliente permaneça pagando as parcelas, ou seja, permaneça aderido ao consórcio. Pesquisas indicam que o nível de cancelamento dos contratos pode chegar a 50% nos primeiros meses. “Evitar que o cliente desista do consórcio é o próprio motivo de nossa empresa existir”, acrescenta Thiago. Segundo ele, o índice de assertividade de quem contrata a partir da Turn2C é de 97%. Caso algum cliente resolva cancelar o contrato, a equipe avalia o motivo do cancelamento. “Acreditamos que esses 3% são aqueles que realmente não consigam arcar com os pagamentos, por um ou outro motivo”, esclarece Thiago. A Turn2C possui uma equipe comercial para gerenciar a rede e é remunerada por contrato pelas administradoras de consórcios. “Queremos alcançar a todos que pensem em consórcio”, resume o head da Turn2C. FINTECH TRAZ NOVO MODELO DE NEGÓCIO Primeira fintech autorizada pelo Banco Central para operar como administradora de consórcios, o Klubi é um consórcio 100% on line. Assim como a Turn2C, promete modernizar e democratizar o acesso ao crédito, via consórcio. A contratação é feita por meio de uma plataforma proprietária, onde o membro do Klubi pode simular opções de planos. "Na plataforma é possível selecionar o valor do crédito e o prazo do plano, confirmar a contratação, e fazer o pagamento das mensalidades. O membro do Klubi tem acesso online a todos os detalhes do contrato, do seu plano, além de um atendimento exclusivo via WhatsApp", explica Eduardo Rocha, CEO e fundador do Klubi. A projeção da fintech para 2022 é originar R$ 200 milhões de créditos e mais de quatro mil planos comercializados. Entre os sócios e investidores do Klubi estão nomes que já possuem empreendimentos importantes em mobilidade, como a 99 e o iFood.
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