12 FIQUE DE OLHO! Semicondutores, ou microchips, são componentes essenciais para a fabricação de uma vasta gama de eletroeletrônicos (tais como os smartphones, computadores, videogames etc.). Nos veículos, atualmente produzidos com cada vez mais tecnologia embarcada, eles estão espalhados por toda a parte. A demanda por esses componentes tende a crescer com os veículos elétricos e autônomos, já que os semicondutores são fabricados com materiais como o silício, por exemplo, que tem uma característica elétrica intermediária: não é isolante (ou seja, materias que não conduzem a energia), nem propriamente condutores (aqueles que conduzem bem a corrente elétrica). Daí a denominação “semicondutor”. Capa AMORIM: “VEÍCULO NOVO HOJE É MUITO CARO TANTO PARA AS PESSOAS FÍSICAS, COMO ATÉ PARA AS EMPRESAS” A NECESSIDADE de ampliação e/ou renovação da frota segue nos holofotes das pequenas, médias e grandes locadoras, na medida em que a oferta de microchips para a indústria automotiva aumentar a produção de veículos segue em marcha lenta. A boa notícia é que há uma intensa movimentação em busca de soluções para a questão. Mesmo usando semicondutores não tão modernos, os veículos são cada vez mais “computadores sobre rodas”. Hoje, num carro, os chips controlam tudo, do limpador de para-brisas até o quanto de combustível é queimado, passando por entradas USB e sistemas de som. Analista internacional de mercado da GlobalData, o brasileiro José Augusto Amorim lembra que a falta de semicondutores começou com a pandemia. Em 2020, houve um descompasso que ainda não foi superado. “Na época, as montadoras pararam de fabricar carros e cancelaram os pedidos de semicondutores, ao mesmo tempo em que mais consumidores ficaram em casa, passando a comprar mais eletrodomésticos, computadores e tevês”. No entanto, a recuperação na venda de veículos foi bem mais rápida que o esperado. “Quando as montadoras voltaram a pedir, os fabricantes já estavam comprometidos com empresas de outros segmentos, como Samsung e Sony, por exemplo”, explica Amorim, acrescentando também que os veículos usam muito mais semicondutores, “cerca de três mil chips, enquanto um smartphone precisa ‘só’ de 300”. Importante citar que veículos, em geral, são produzidos com chips mais baratos que os usados em eletrodomésticos. Assim, num determinado momento da pandemia, também por esse motivo os fabricantes deixaram as montadoras em segundo plano. “E, ainda, há o fato de a produção estar concentrada na Ásia, que tem muito mais restrições que outras partes do mundo em relação à pandemia”, acrescenta José Augusto Amorim. “Infelizmente, não vejo o Brasil com condições para a fabricação de semicondutores”, avalia o especialista. De fato, o investimento é altíssimo. “O que aconteceu no passado recente deixou claro que o Brasil não é uma prioridade, com montadoras instaladas no país enviando seus chips para as matrizes”, completa Amorim. "Enquanto o Brasil não deve chegar a vender dois milhões de veículos em 2022, as vendas nos EUA devem ultrapassar 15 milhões de unidades”.
RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0Njk=