A n o X I X | # 1 0 3 | 2 0 2 2 | J U L H O / A G O S T O Busca por mobilidade urbana abre novo mercado para o aluguel de scooters elétricas Entrevista com Rogério Nunes, da Associação da Indústria de Semicondutores Tecnologia entra em cena para ajudar a recuperação de veículos furtados ou roubados Compliance: a importância das práticas e regulamentações internas nas locadoras Apesar da falta de semicondutores no Brasil e no mundo para a fabricação de veículos, locadoras se desdobram para renovarem suas frotas A CRISE DOS MICROCHIPS
EXPEDIENTE CONSELHO GESTOR Marco Aurélio Gonçalves Nazaré (Presidente do Conselho Nacional), Jacqueline Moraes de Mello (Vice-Presidente do Conselho Nacional), Carlos César Rigolino Junior, Dirley Ricci, Lusirlei Albertini, Paulo Miguel Junior, Saulo Tomaz Froes e Tercio Gritsch. CONSELHO GESTOR (SUPLENTES) Eduardo Correa, Eladio Paniagua Junior, Kleiton Aguiar, Miguel Ferreira Jr, Nildo Pedrosa e Renato Franklin. CONSELHO FISCAL Alvani Laurindo, Amadeu Oliveira, Marconi Dutra e Paulo Bonilha Junior. CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Ricardo Zamuner e Sidnei Reche. CONSELHO CONSULTIVO Adriano Donizelli, José Zuquim Militerno, Paulo Gaba Junior e Paulo Nemer. COORDENAÇÃO GERAL Olivo Pucci e Francine Evelyn. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS LOCADORAS DE AUTOMÓVEIS – ABLA www.abla.com.br / email: abla@abla.com.br São Paulo: Rua Estela, 515 – Bloco A – 5º andar – CEP 04011-904 – (11) 5087.4100. Brasília: SAUS Quadra 1 – Bloco J – edifício CNT sala 510 – 5º andar – Torre A – CEP 70070-010 – (61) 3225-6728. COORDENAÇÃO EDITORIAL Em Foco Comunicação Estratégica E-mail: revista@abla.com.br | (11)3819-3031 Editor: Nelson Lourenço [MTB 22.899] Textos: Carolina Maia, Roberto Maia, Aurea Figueira e Nelson Lourenço www.agenciaemfoco.com.br ARTE: Estúdio Mirador Direção de arte: Leandro Cagiano www.estudiomirador.com.br A Revista Locação não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nos artigos assinados. Permitida a reprodução das matérias, desde que citada a fonte. CURTA NOSSA PÁGINA FACEBOOK.COM/ABLABRASIL INSCREVA-SE NO YOUTUBE @ABLABRASIL SIGA NO INSTAGRAM @ABLABRASIL SIGA-NOS NO TWITTER TWITTER.COM/ABLA_BR
3 Palavra do Presidente MARCO AURÉLIO NAZARÉ PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL NA ÚLTIMA EDIÇÃO, aqui em nosso papo com os leitores da Revista, pudemos explicitar um pouco do momento fértil que nossa associação vive, tendo como novo propósito a missão de “representar e entregar valor ao associado”. Daquela feita, expusemos algumas das iniciativas que estamos consolidando no âmbito interno – procedimentos alinhados aos princípios, valores e foco da ABLA –, que passam a nortear o relacionamento transparente e produtivo que queremos perenizar no contato com nosso associado. Dessa vez, gostaria de ampliar o horizonte e falar um pouco mais sobre o ambiente externo, onde a ABLA tem desempenhado um papel fundamental para o avanço do mercado. Promover o desenvolvimento da cultura de aluguel de veículos no Brasil é algo que faz parte do DNA da ABLA. Como porta-vozes de um setor que se torna a cada dia mais competitivo e tecnológico, aumentando de maneira evidente sua importância no cenário econômico do país, devemos estar sintonizados com o que existe de mais moderno em termos de gestão e boa governança. São premissas que se alinham à nossa visão de fortalecer a locação como essencial à mobilidade. A cada veículo compartilhado pela locação de veículos estamos marcando a presença de nosso setor em mundo que precisa enveredar de maneira massiva pelas práticas sustentáveis. Na verdade, a locação de veículos está sendo impactada e passa a dar sua contribuição, por exemplo, aos princípios de ESG (sigla que reúne aspectos Ambientais, Sociais e de Governança), hoje tidos pelo mercado financeiro como básicos para pautar investimentos. Detendo a locação no Brasil uma frota que supera o ummilhão de veículos, precisamos estar atentos à maneira como podemos tornar essa estrutura um serviço que tenha compromisso não apenas com a eficiência e a qualidade, mas também com o bem-estar das pessoas e o futuro do planeta. A discussão está posta, e a ABLA certamente será um farol para as locadoras encontrarem suas soluções. Outra mudança irreversível é a adoção cada vez mais arraigada nas empresas do compliance, que traz para a mesa a prevenção e a ética nos negócios como fatores primordiais de uma organização. Também nessa área, a ABLA quer ser exemplo para as locadoras, com destaque para o associado, com quem certamente teremos muito a compartilhar. FAROL PARA O SETOR ABLA É UM
4 ANO XIX | No 103 | JULHO / AGOSTO | 2022 10 CAPA Microchips em falta para a indústria automotiva foto: Freepik/editada 21 GESTÃO Compliance, uma necessidade para o setor 24 MERCADO Aluguel de scooters elétricas é mais uma modalidade de locação 26 TERCEIRIZAÇÃO Impactos do aumento da idade média das frotas 8 NA FRENTE A volta dos eventos presenciais 14 ENTREVISTA Rogério Nunes, da Abisemi e da Abinee, fala sobre a possibilidade de o Brasil entrar no mapa da fabricação de semicondutores 18 SUSTENTABILIDADE O ESG entra no radar da locação
5 40 BRASIL VIAGEM Use o leitor QR Code do seu smartphone para acessar o site da ABLA 44 POR DENTRO 14 ENTREVISTA 36 COMUNICAÇÃO A importância da marca 38 REGIONAL A Paraíba festeja o São João e a retomada do turismo 40 BRASIL VIAGEM Pelas ruas e paisagens do Maranhão, um roteiro que vai bem com carro alugado 44 POR DENTRO A Renault lança o Kwid E-Tech, elétrico mais acessível do mercado 46 FIM DE PAPO Os pontos em comum entre os mercados brasileiro e americano, por Paulo Miguel Junior 28 SERVIÇO Tecnologia e investigação ajudam a recuperar veículos 30 LEGISLAÇÃO Multas e locação de veículos 32 PÍLULAS DE GESTÃO Inovação e aprendizado constantes são desafios para o gestor
6 Editorial Boa leitura, boas viagens e bons negócios! DE UM LADO, a escassez de veículos novos. De outro, a demanda por serviços em alta. As locadoras se encontram entre essas duas realidades, que ajudam a criar um cenário desafiador, porém com oportunidades de crescimento, conforme assinala a matéria da seção Terceirização, na página 26. E não é uma encruzilhada específica do mercado brasileiro: também nos Estados Unidos as empresas dedicadas à locação estão enfrentando e tendo que se adaptar a esses impactos, segundo o relato de Paulo Miguel Junior, na seção que fecha esta edição. Com relação ao primeiro elemento dessa equação, ainda é difícil termos uma solução no curto prazo. Em todo o mundo, o gargalo provocado pela falta de semicondutores faz com que a indústria automotiva não consiga produzir todos os veículos que as locadoras – e todos os outros clientes – necessitam. A matéria de capa tenta traçar um panorama desse impasse, seguida de uma entrevista com representante da indústria nacional de semicondutores, que acena com a possibilidade de produção local de microchips, o que traria um alívio para as fábricas de automóveis que estão aqui instaladas. Com relação ao segundo elemento elucidado acima, a demanda por serviços em alta, ela se apresenta às locadoras como a chance de se reinventar e se dedicar com mais afinco à sua vocação – o aluguel de veículos. Outras exigências surgem no horizonte para as empresas, como a gestão ESG (página 18) e o compliance (página 21). Toda essa evolução acontece no momento em que as locadoras que se dedicam ao aluguel diário vivem a expectativa do retorno dos grandes eventos e as atividades presenciais. Na Paraíba, por exemplo, é tempo de São João. HORA DE SE REINVENTAR
7 Conte com condições especiais e turbine seu financiamento com soluções como Despachante, Reparo de Vidros, Seguro Prestamista, entre outros. Acesse financiamentos.bradesco > Quero financiar Central de Relacionamento Bradesco Financiamentos Consultas, informações e serviços transacionais. Capitais e Regiões Metropolitanas: 4004-4433 Demais Localidades: 0800 722 4433 Atendimento das 8h às 20h, de segunda a sexta-feira. Das 8h30 às 14h30, aos sábados, exceto feriados nacionais. SAC 0800 727 9977 Deficiência Auditiva ou de Fala 0800 722 0099 Reclamações, cancelamentos e informações gerais. Atendimento 24 horas, 7 dias por semana. Ouvidoria 0800 727 9933 - Se não ficar satisfeito com a solução apresentada, contate a Ouvidoria, das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira, exceto feriados. Bradesco Financiamentos Pague par-ce-la-do. Receba seu veículo na hora. Consulte disponibilidade nos parceiros autorizados, condições gerais, preço, prazo, tarifa de cadastro, tarifa de avaliação do bem, taxa de juros, encargos e Custo Efetivo Total (CET) do financiamento, em qualquer um de nossos Correspondentes no País. Crédito sujeito a aprovação.
8 Na Frente MARCADO PARA NOVEMBRO O 17° FÓRUM Internacional do Setor de Locação de Veículos, principal evento exclusivamente dedicado ao mercado de locação no país, vai acontecer este ano no formato presencial, nos dias 23 e 24 de novembro. Será o retorno do congresso e feira ao formato original, em um movimento que já está aquecendo a economia e afeta também positivamente as locadoras: a retomada dos eventos presenciais. As principais entidades do turismo do país estão engajadas em atrair eventos que foram interrompidos durante a pandemia. Nessa volta, alguns mercados estão se reinventando, como as feiras de livros, propondo atividades ao ar livre e uma dinâmica diferenciada, que suplante o tradicional esquema de plateia e palestrantes. Eventos ligados ao setor automotivo podem privilegiar a experiência, que já era antes considerada um dos principais atrativos para quem desejava conferir os lançamentos da indústria. As transmissões on line, que surgiram como solução em tempos de distanciamento social, foFÓRUM DAS LOCADORAS ram mantidas em muitos casos, como forma de ampliar o público e replicar o conteúdo ministrado. Mas o contato com outras pessoas, o olho no olho, é o que atrai a todos nesse momento. Tudo isso anima um segmento importante para as locadoras. O turismo de negócios sempre ocupou um espaço relevante no portfólio das empresas. E agora a expectativa é de franca recuperação de uma atividade duramente afetada pela pandemia. O setor praticamente parou em meados de 2020. Como houve uma súbita queda nos negócios, os números agora são superlativos. De acordo com a Fecomércio e a Alagev, o faturamento das atividades relacionadas às viagens corporativas cresceu 290%, quando comparado o mês de março 2022 com março 2021. O Maranhão e a Paraíba, por exemplo, estão comemorando a volta dos festejos de São João e tirando a poeira dos grandes eventos. Com essa perspectiva positiva, aguardamos então o mês de novembro, quando teremos novamente o Fórum ABLA, ao vivo e em cores, em São Paulo.
Na Frente 9
10 Capa ESSENCIAIS . . PEQUENOS,
11 . E ESCASSOS Demanda por semicondutores segue maior do que a oferta e gera impactos para o mercado da locação de veículos
12 FIQUE DE OLHO! Semicondutores, ou microchips, são componentes essenciais para a fabricação de uma vasta gama de eletroeletrônicos (tais como os smartphones, computadores, videogames etc.). Nos veículos, atualmente produzidos com cada vez mais tecnologia embarcada, eles estão espalhados por toda a parte. A demanda por esses componentes tende a crescer com os veículos elétricos e autônomos, já que os semicondutores são fabricados com materiais como o silício, por exemplo, que tem uma característica elétrica intermediária: não é isolante (ou seja, materias que não conduzem a energia), nem propriamente condutores (aqueles que conduzem bem a corrente elétrica). Daí a denominação “semicondutor”. Capa AMORIM: “VEÍCULO NOVO HOJE É MUITO CARO TANTO PARA AS PESSOAS FÍSICAS, COMO ATÉ PARA AS EMPRESAS” A NECESSIDADE de ampliação e/ou renovação da frota segue nos holofotes das pequenas, médias e grandes locadoras, na medida em que a oferta de microchips para a indústria automotiva aumentar a produção de veículos segue em marcha lenta. A boa notícia é que há uma intensa movimentação em busca de soluções para a questão. Mesmo usando semicondutores não tão modernos, os veículos são cada vez mais “computadores sobre rodas”. Hoje, num carro, os chips controlam tudo, do limpador de para-brisas até o quanto de combustível é queimado, passando por entradas USB e sistemas de som. Analista internacional de mercado da GlobalData, o brasileiro José Augusto Amorim lembra que a falta de semicondutores começou com a pandemia. Em 2020, houve um descompasso que ainda não foi superado. “Na época, as montadoras pararam de fabricar carros e cancelaram os pedidos de semicondutores, ao mesmo tempo em que mais consumidores ficaram em casa, passando a comprar mais eletrodomésticos, computadores e tevês”. No entanto, a recuperação na venda de veículos foi bem mais rápida que o esperado. “Quando as montadoras voltaram a pedir, os fabricantes já estavam comprometidos com empresas de outros segmentos, como Samsung e Sony, por exemplo”, explica Amorim, acrescentando também que os veículos usam muito mais semicondutores, “cerca de três mil chips, enquanto um smartphone precisa ‘só’ de 300”. Importante citar que veículos, em geral, são produzidos com chips mais baratos que os usados em eletrodomésticos. Assim, num determinado momento da pandemia, também por esse motivo os fabricantes deixaram as montadoras em segundo plano. “E, ainda, há o fato de a produção estar concentrada na Ásia, que tem muito mais restrições que outras partes do mundo em relação à pandemia”, acrescenta José Augusto Amorim. “Infelizmente, não vejo o Brasil com condições para a fabricação de semicondutores”, avalia o especialista. De fato, o investimento é altíssimo. “O que aconteceu no passado recente deixou claro que o Brasil não é uma prioridade, com montadoras instaladas no país enviando seus chips para as matrizes”, completa Amorim. "Enquanto o Brasil não deve chegar a vender dois milhões de veículos em 2022, as vendas nos EUA devem ultrapassar 15 milhões de unidades”.
13 quiser evitar problemas com o abastecimento de semicondutores. A empresa realizou recentemente a pesquisa “Sobrevivendo à tempestade do silício”. O levantamento destaca que a indústria precisa substituir a mentalidade just-in-time por um planejamento de suprimentos de longo prazo para componentes essenciais. Além disso, as montadoras e fornecedores de peças também precisam colaborar mais com os fabricantes de semicondutores em todos os pontos do processo de projeto e produção. A pesquisa conclui que as empresas automotivas precisam se adaptar. Entre as principais mudanças que podem colocar as montadoras em uma melhor posição competitiva estão a colaboração mais próxima com os fabricantes de semicondutores e também considerar investimentos diretos para o aumento da capacidade de fabricação de chips. VENDAS NO VAREJO E VENDAS PARA LOCADORAS De um modo geral, historicamente o consumidor de varejo olha o que cabe no bolso a cada mês, e não o preço total do veículo. Partindo desse princípio, como o poder aquisitivo das famílias não tem acompanhado a alta de preços dos veículos, é possível projetar que a oferta para as locadoras possa vir a melhorar no médio prazo. Ainda sob o ponto de vista das vendas no varejo, há a inflação em alta e os juros mais caros, que puxam a prestação mensal dos financiamentos para cima. “E o desemprego no país segue alto, com a renda familiar comprometida com o pagamento de dívidas”, diz José Augusto Amorim, da GlobalData. “Tudo isso acaba impactando o crédito”. Para as montadoras, a questão mais imediata é mesmo a de ter acesso às peças para a fabricação. “O estoque tem melhorado, mas as vendas ainda estão patinando, porque veículo novo hoje é muito caro tanto para as pessoas físicas, como até para as empresas”, avalia Amorim. BRASIL TAMBÉM VAI FABRICAR MICROCHIPS? A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) acredita que as dificuldades com a escassez de semicondutores possam ser atenuadas com a melhoria na capacidade de produção desses componentes, inclusive a partir da criação de novas fábricas no Brasil. Segundo a entidade, os gargalos estão sendo administrados e a expectativa é de que haja melhora no quadro atual. “As estimativas iniciais dão conta de que o Brasil poderá investir cerca de R$ 10 bilhões, num esforço conjunto do governo, iniciativa privada e universidades. É uminvestimento expressivo, mesmo quando comparado com outros mercados. A pandemia fez com que cada país tivesse que repensar estrategicamente a sua produção local”, disse o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, durante encontro com a imprensa. Para a consultoria KPMG, a indústria automotiva precisa, de fato, reavaliar com urgência seu modelo de negócios se Capa UM AUTOMÓVEL USA CERCA DE TRÊS MIL CHIPS, ENQUANTO UM SMARTPHONE PRECISA “APENAS” DE 300 MÁRCIO DE LIMA LEITE: “A PANDEMIA FEZ COM QUE CADA PAÍS TIVESSE QUE REPENSAR ESTRATEGICAMENTE A SUA PRODUÇÃO LOCAL”
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15 Entrevista presidente da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi) mergulha na questão da oferta e da demanda por semicondutores, que estão afetando a indústria automotiva e, por consequência, as locadoras interessadas em renovar ou aumentar a frota. Nunes é também diretor presidente da Smart Modular Technologies e diretor da Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee). Acompanhe. MADE IN BRAZIL? ROGÉRIO NUNES,
16 Locação: Quando começou a se desenhar a atual condição de falta de semicondutores no mercado? Rogério Nunes: Ao menos dois fatos, surgidos com a pandemia, criaram essa situação. O primeiro foi a interrupção da produção em algumas fábricas de semicondutores na Ásia. Foi uma parada curta, mas a retomada à produção regular pode demorar dois ou três meses, estendendo então o período de impacto na cadeia global de fornecimento. Outro motivo foi o aumento da demanda por semicondutores, principalmente em produtos como smartphones e notebooks, com uso mais acentuado no home office e nos estudos a distância. Locação: Especificamente em relação os semicondutores para os veículos, a demanda maior que a oferta vem desde 2020? RN: Sim, com a pandemia a indústria automotiva também sofreu uma parada e, ao retornar à atividade normal, ao final de 2020, não encontrou semicondutores no volume desejado, já que os fabricantes de semicondutores acabaram direcionando a produção para outros setores que estavam crescendo em demanda. Adicionalmente, podemos observar que houve um aumento dos pedidos da indústria automotiva, exatamente nesse período. Isso veio em decorrência das tendências de se produzir cada vez mais veículos com apelo ecológico e em sintonia com políticas ambientais e, principalmente, carros elétricos com funções de conectividade. Tudo isso aconteceu ao mesmo tempo, criando um desalinhamento na cadeia produtiva. Locação: Quais são exatamente os outros setores nos quais a demanda também é crescente? RN: Os semicondutores são demandados em várias das frentes de inovação tecnológica, como o 5G, por exemplo, o armazenamento em nuvem, os datacenters. A medicina, a educação, todas as especialidades devem aumentar a demanda por semicondutores. Daí vem essa grande concorrência pelo componente. E esses semicondutores da indústria automotiva e seu entorno são geralmente aqueles mais sofisticados, utilizados como memórias, circuitos de conectividade e de transmissão de dados do carro. Alguém já disse que o carro do futuro será um celular sobre rodas. E isso é verdade. “A PRESENÇA DE SEMICONDUTORES NOS VEÍCULOS SÓ AUMENTA, BOA PARTE EM FUNÇÃO DA CONECTIVIDADE” “PROXIMIDADE ENTRE FABRICANTES E INDÚSTRIA AUTOMOTIVA É NECESSÁRIA PARA EVITAR O DESABASTECIMENTO” Locação: É fato que a quantidade de semicondutores em um veículo é bem superior à de um smartphone, por exemplo? RN: A presença de semicondutores nos veículos só aumenta, boa parte em função da conectividade. Um carro elétrico pode ter até 40% ou 45% de seu custo apenas com a parte eletrônica. Há cerca de oito anos, o fornecimento para a indústria automotiva correspondia a 4,5%, ou cerca de US$ 350 bilhões. Esse mercado é estimado para 2025 em torno de US$ 600 bilhões. A indústria automotiva deve bater em 10% da demanda de chips, e o crescimento deve ser ainda maior na próxima década. Locação: Onde se concentra mundialmente a produção de semicondutores? RN: Existem fabricantes no mundo todo. Mas é a Ásia que concentra a maior parte da manufatura. Países como Taiwan produzem 45% dos wafers [bolacha de silício] de circuitos integrados. A Coreia do Sul, por sua vez, tem duas empresas que respondem por 68% do mercado mundial de memórias, e está anunciando investimentos para manter essa posição. O Japão também concentra certos insumos. Entrevista
17 Locação: Esse peso da Ásia na fabricação de semicondutores é uma preocupação? RN: Bem, o governo norte-americano anunciou recentemente pesados investimentos, na ordem de US$ 52 bilhões, aguardando aprovação do Senado, a fim de atrair empresas de manufatura para o seu território. Lá já existem, claro, centros tecnológicos dedicados à pesquisa de semicondutores. A Intel, por exemplo, é uma empresa americana, com grande participação de mercado. Mas as fábricas dessas companhias estão na Ásia, isso foi uma decisão tomada no passado, por questão de custos. Locação: Hoje, a visão é que não basta ter apenas o domínio do projeto, é necessário ter também o domínio da manufatura? RN: De fato, mas mudanças como essa levam tempo. Uma fábrica nova demora a começar a operar, mesmo com todos os equipamentos já disponíveis, o que, por si só, pode levar até 18 meses. Depois tem um período preparação da operação e qualificação que pode levar até três anos. É um investimento de bilhões. “AQUI NO BRASIL, AGORA É QUE SURGEM ALGUMAS INICIATIVAS MAIS ROBUSTAS DE FABRICAÇÃO LOCAL” “ALGUÉM JÁ DISSE QUE O AUTOMÓVEL DO FUTURO SERÁ UM CELULAR SOBRE RODAS. E ISSO É VERDADE” Entrevista Locação: Além dos Estados Unidos, quais outros países podem entrar nessa briga? O Brasil está incluído? RN: A Europa está fazendo a mesma coisa que os Estados Unidos. Aqui no Brasil agora é que surgem algumas iniciativas mais robustas de fabricação local, na chamada fase de difusão, ou seja, da manufatura do chip. Mas elas ainda estão no começo. A boa notícia é que no que se refere ao encapsulamento de semicondutores já temos no mundo dez fábricas entrando em operação em 2022, e outras 14 começaram a produzir em 2021. O adicional de capacidade é de 12% a 13%, devido à substituição de equipamentos obsoletos. As empresas de encapsulamento de semicondutores locais respondem por 10% da demanda interna. O setor já fatura no Brasil mais de R$ 4,5 bilhões na venda de circuitos integrados, principalmente memórias. Locação: Essa produção local de semicondutores tem alguma aproximação com a indústria automotiva? RN: Ambas fazem parte de um grupo de trabalho amplo, com o governo, que estuda modelos de negócio para a fabricação de semicondutores no país. Tanto no Brasil quanto no mundo, a proximidade dos fabricantes com a indústria automotiva é necessária para evitar que o mercado sofra novamente o problema atual de desabastecimento. Locação: A vontade política poderá ser decisiva para o Brasil ter uma fábrica de semicondutores? RN: Verdade, até porque isso é prática recorrente em outros países, que invariavelmente fazem investimentos públicos em pesquisa e desenvolvimento ou oferecem subsídios e subvenções para atrair novas fábricas. É uma questão de desenvolvimento de know how, de soberania. A vontade política, no caso, é a iniciativa de criar condições para que essa tecnologia se desenvolva no país. Passa, por exemplo, por uma reforma tributária, por uma desoneração fiscal.
18 Sustentabilidade NO RADAR DO SETOR DE LOCAÇÃO Sustentabilidade
19 Sustentabilidade FOTO: ANDERSON RODRIGUES TEM SE TORNADO RELEVANTE para as empresas privadas o olhar para os negócios por uma perspectiva mais abrangente, a partir do seu papel na sociedade, no meio ambiente e na economia. Estratégias de sustentabilidade começam a ser vinculadas às do negócio propriamente dito, a partir da ideia que os resultados também dependem da geração de valor compartilhado, do exercício do seu papel enquanto empresa cidadã e do investimento como forma de gerar impacto para as pessoas e para o planeta. A sigla ESG (que reúne aspectos Ambientais, Sociais e de Governança, em tradução livre) engloba essas práticas sustentáveis. E, ainda, também se conecta diretamente com quem financia negócios pelo mundo. “O dinheiro tende a ser mais barato, abundante e paciente para quem leva em consideração os princípios ESG”, diz a diretora de programas da NINT – Natural Intelligence, Tatiana Assali. A NINT é especializada em consultoria e avaliação em ESG e, ainda conforme Tatiana, “na direção contrária o capital pode ficar mais caro e escasso para quem não atua dentro da lógica ESG”, alerta. Ou seja, o mercado de capitais já leva muito em conta a sustentabilidade e, dentro dessa visão de valorização do desenvolvimento sustentável, ESG passa a ser essencial para a perpetuação dos negócios. Tudo isso ganha força no radar do setor de locação de veículos. “A agenda ESG começa pela gestão de riscos, mas, ao final, se torna uma agenda de oportunidades”, defende Tatiana, da NINT. Um aspecto que salta aos olhos, por exemplo, são as medidas que deverão ser adotadas para neutralizar as emissões de CO2. Estimativas indicamque o transporte seja responsável por 20% dessas emissões em todo o mundo. Desde o início da década passada, o setor de transportes se movimenta para oferecer alternativas de controle dessa carga poluente, contribuindo para a redução do efeito estufa e do aquecimento global. O setor de locação será cada vez mais um aliado nesse esforço, uma vez que a característica básica do aluguel de carros é exatamente a do compartilhamento. Nesse sentido, a economia compartilhada já está se impondo como uma das principais tendências ligadas às práticas ESG. A diretora de comunicação e sustentabilidade da Localiza, Rozália Del Gaudio, reitera que a agenda ESG impõe um olhar mais abrangente para os negócios, que reconheça o papel da empresa na sociedade, no meio ambiente e na economia, buscando lidar com esses fatores da melhor maneira possível. “Nós, por exemplo, escolhemos os pilares de mobilidade sustentável, educação e empreendedorismo para transformação social e cultura e governança de classe mundial. Em cada um dos pilares há projetos, indicadores e governança”, ilustra a diretora. Como exemplo de estratégia entre as locadoras, ela cita os quatro pontos para fazer frente aos desafios do ESG: avançar para a economia de baixo carbono; estimular a direção segura; construir TATIANA ASSALI, SÓCIA DIRETORA DE PROGRAMAS NA NINT
20 Sustentabilidade SEGURANÇA NO TRÂNSITO A segurança no trânsito também é um tema relacionado a ESG. Nesse sentido, por exemplo, uma boa medida é tornar a frota cada vez mais conectada (telemetria), permitindo a análise de dados para o comportamento dos motoristas e para propor melhorias para prevenção de acidentes. São diversos os dados gerados por um veículo, desde a identificação de freadas e acelerações bruscas, infrações por km rodado e ultrapassagem de limite de velocidade, consumo de combustível, com o intuito de promover um trânsito mais seguro. Há também cursos gratuitos na Uniabla e no Sest/Senat que podem ser úteis para profissionais e empresários do setor de locação, na medida emque auxiliamna conscientização para promover um trânsito mais seguro e preservar vidas. Os treinamentos são importantes também para os condutores, sejam eles colaboradores ou clientes, desde que visando um trânsito mais humano, seguro e sustentável. Conteúdos qualificados contribuem para a redução de multas, mas também para diminuir as emissões de gases de efeito estufa, manutenções corretivas, custos e mais engajamento das equipes. PACTO GLOBAL NA ONU A Organização das Nações Unidas (ONU) tem um Pacto Global, que tem inspirado empresas em suas jornadas em ESG. A partir dele, é possível agrupar temas prioritários em pilares como, por exemplo, Mobilidade Sustentável, Educação e Empreendedorismo para Transformação Social e Cultura e Governança de Classe Mundial. “Em linhas gerais, é a maneira com que o mercado encara a sustentabilidade. Ela fundamenta os princípios de lucro com propósitos que hoje já são preocupação da esmagadora maioria das grandes empresas no mundo” , afirma o secretário executivo do Pacto Global, Carlo Pereira. O Pacto Global é a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo e possui uma renomada experiência na condução do tema ESG entre as empresas, sendo parceiro, no Brasil, de várias companhias. “A transformação causada pela disseminação dos conceitos de ESG está sendo, ao mesmo tempo, tão rápida quanto a revolução tecnológica e tão profunda quanto a revolução industrial” , acrescenta Carlo Pereira. O executivo explica que ESG consolida a visão de lucro com propósito. Os manifestos que ajudaram a conceituar essa visão enfatizam que a busca pelo lucro entre as empresas no mundo atual deve estar atrelada ao propósito, aos anseios de toda a sociedade. um mundo mais igualitário; e manter altos padrões de governança e integridade. Portanto, além do impacto ambiental, há também as duas outras pernas do ESG, o social (veja Box sobre Segurança no Trânsito) e a governança, que não podem ser relegadas a segundo plano. Estudo da XP Investimentos aponta que há oportunidades de monitoramento por parte das locadoras nas duas áreas. No social, pode-se avaliar a qualidade do serviço, a gestão da mão de obra e as iniciativas de inclusão e diversidade. Na governança, são observados indicadores que hoje se tornaram prioridade principalmente para empresas listadas em Bolsa, como a porcentagem de membros independentes no Conselho de Administração e a diversidade. Rozália, da Localiza: avançar para a economia de baixo carbono é uma das decisões da empresa
SustentabGileidsatãdoe SEM MEDO DO TAL COMPLIANCE CRÉDITO: MINDANDI/FREEPIK
22 Pois, bem, guardadas as devidas proporções, é mais ou menos esse o princípio que também rege o Compliance, que em última análise significa “agir conforme as regras”. A ideia passa por reduzir os riscos jurídicos aos quais às locadoras estão expostas, ao mesmo tempo em que o Compliance também pode ser muito útil até para aumentar o faturamento da empresa. O termo vem ganhando força no Brasil e tem sua origem na palavra do idioma inglês-americano “comply”, cuja tradução literal seria “cumprir”, “obedecer”. Ou seja, a locadora que decide adotá- -lo busca criar mecanismos e processos que assegurarão que a atividade exercida está alinhada com as normas instituídas pelos órgãos de regulamentação, com a legislação e com outras formas de controle externo e interno. Porém, não se trata somente de cumprir a lei. De maneira mais ampla, trata-se mesmo de promover uma reestruturação da cultura organizacional, na qual serão criados mecanismos que permitam a implantação, comunicação e controle de normas e boas práticas de maneira sistêmica e aplicável a todos os setores de uma locadora. JÁ OUVIU AQUELE PAPO DE QUE “O COMBINADO NÃO SAI CARO”? Gestão
23 PRÁTICAS VALORIZADAS PELA SOCIEDADE É notável como a adoção do Compliance pode favorecer as locadoras e gerarem economias significativas (de tempo e dinheiro), no médio e no longo prazo, bem como tornar possível a participação em processos licitatórios. Mas não é só. Com o Compliance, busca-se também a prevenção e o combate às práticas ilícitas. Ao adotar voluntariamente um conjunto de princípios que garantam um sistema de integridade nas relações com seus públicos e com os demais setores do mercado, as empresas entram inclusive na luta contra a corrupção, se inserindo no seleto grupo de referências para a sociedade. A ABLA, por exemplo, já está trabalhando para implementar seu próprio programa de Integridade (Compliance), que poderá servir de estímulo às locadoras associadas e como referência para o mercado em geral. LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS Com a entrada em vigor, em setembro de 2020, da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), foram estabelecidas regras sobre coleta, armazenamento, tratamento e compartilhamento de dados pessoais. Isso impôs penalidades para empresas e organizações que não cumprirem os requisitos estabelecidos e, desde então, também as locadoras estão tendo de se adequar. O descumprimento da LGPD pode criar um passivo jurídico e, mais preocupante, a aplicação de multas. A lei é aplicável a todas as empresas e, assim sendo, inclusive as pequenas e médias devem dedicar atenção a ela. A tecnologia empregada para a realização do tratamento dos dados vinculados à pessoa física pode variar, indo desde instrumentos complexos, como o uso de inteligência artificial, a até mecanismos operados manualmente. O que a LGPD exige é que os dados precisam ser protegidos e terem o devido e correto tratamento dentro das organizações de todos os tamanhos. Isso vale para dados existentes em papel (contratos de locação, contratos de trabalho, documentos de pessoas físicas, etc.); no disco rígido do computador (contratos, cópias de documentos, fotografias, vídeos, etc.); em DVD ou arquivo digital, que guarda as imagens de câmera de segurança; e até na “nuvem” (onde ficam hospedados sites, e-mails, sistemas de marketing, por exemplo). Por exemplo: com a simples implementação de um código de ética e de boas práticas comerciais, a empresa de aluguel de carros prepara o terreno para evitar que um colaborador “desavisado” se sinta à vontade para aceitar acordos com fornecedores que superfaturam produtos ou serviços e assim, prejudiquem a empresa. “A LOCADORA ESTARÁ INVESTINDO ANTES EM PREVENÇÃO, EM VEZ DE APENAS REMEDIAR OU TRATAR PROBLEMAS COMO SE ELES NÃO EXISTISSEM” No fim do dia, com o Compliance a locadora estará investindo antes em prevenção, em vez de apenas remediar ou tratar problemas como se eles não existissem. No médio e no longo prazo, a empresa provavelmente terá uma economia significativa, uma vez que problemas futuros podem ser identificados, tratados e mitigados no presente (minimizando, inclusive, surpresas indesejáveis de ações judiciais). “COM O COMPLIANCE, BUSCA-SE TAMBÉM E PRINCIPALMENTE A PREVENÇÃO E O COMBATE ÀS PRÁTICAS ILÍCITAS” Além disso, com a entrada em vigor da Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei Nº 14.133, de 1º de abril de 2021), a implementação de um Programa de Compliance se tornou obrigatória para empresas que venham a ganhar licitações e/ou contratos administrativos, bem como tornou-se critério de desempate nos demais certames. Em outras palavras, uma locadora pode até perder um processo licitatório importante para seu crescimento, apenas por não ter o seu programa de integridade implementado. Gestão CRÉDITO: RAWPIXEL/FREEPIK
24 Mercado MOBILIDADE URBANA E MEIO AMBIENTE AGRADECEM Serviço de compartilhamento da Riba Brasil tem 50 scooters elétricas na capital paulista O CENÁRIO das grandes cidades mudou muito nos últimos anos. Bem como os hábitos dos moradores que aos poucos vão se adaptando às novas tecnologias e serviços oferecidos. Principalmente no que diz respeito à mobilidade urbana. São Paulo, por exemplo, viu crescer o número de motocicletas em circulação nos últimos anos. Meio de transporte ágil e econômico, abre caminho em meio ao trânsito sempre travado. Porém, elas se juntam aos automóveis, ônibus e caminhões que circulam diariamente pela principal metrópole do país, despejando muitas toneladas de CO2 na atmosfera. Dados do Relatório de Emissão Veiculares da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) revelam que a região metropolitana de São Paulo possui aproximadamente sete milhões de veículos. Percebendo a necessidade de contribuir com a mobilidade sem poluir o ar, surgiu, no final de 2018, a startup Riba Share, um aplicativo que oferece o compartilhamento de scooters elétricas. Com um investimento inicial na casa dos R$ 5 milhões, as scooters elétricas oferecidas pela Riba são importadas da China e montadas no Brasil. O serviço conta com a parceria do banco Santander, que, por meio de sua área de sustentabilidade apoia com ações de marketing, comunicação e suporte ao usuário. As scooters da Riba estão disponíveis diariamente, das 6h às 23h, em alguns bairros da capital paulista (Jardins, Vila Olímpia, Itaim, Vila Nova Conceição, Moema, Cerqueira Cesar e Bela Vista), mas podem circular por toda a cidade desde que devolvidas em qualquer estacionamento de motos dessas regiões. Os modelos alcançam a velocidade máxima de 50 km/h, têm autonomia de 90 quilômetros e possuem rastreamento em tempo integral e seguro contra acidentes. OPERAÇÃO ATRAVÉS DO APLICATIVO Segundo Island Faria Costa, CEO da Riba Brasil, a empresa está envolvida com compartilhamento de scooters elétricas desde 2012. Em um primeiro momento através e em conjunto com o CEiiA (Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Portugal) e a Cooltra, empresa europeia que atua no aluguel
25 A reserva é feita pelo app, que envia o número da placa da scooter. A partir daí o usuário tem 15 minutos para chegar até ela. Com o smartphone em mãos o motociclista faz a liberação e consegue abrir o baú para retirar o capacete, que é equipamento obrigatório para se locomover. Pelos primeiros dez minutos o cliente paga R$ 5,90. Depois são R$ 0,75 a cada minuto rodado. Também é possível pausar o uso em determinado momento pagando R$ 0,39 para não “perder” a scooter, uma opção útil quando não se está em uma área com muitas à disposição ou quando se sai da área de atuação. EXPANSÃO NOS PLANOS Atualmente, o serviço de compartilhamento oferecido em São Paulo pela Riba tem um total de uma centena de scooters, sendo que ativas na rua são 50. “Devemos fechar o ano com um total de 100 a 150 scooters ativas, e até mil em circulação até o final de 2023. Existe a intenção de ampliar esses serviços tanto em termos de localidades como número de motos por quilômetro quadrado. Em 2021, fizemos parceria tecnológica com a IturanMob, o que nos dará mais possibilidade e segurança de ampliarmos o serviço para outras cidades”, informa o CEO da Riba. Diferentemente da Europa, a maior preocupação para a implantação do serviço no Brasil foi a alta incidência de vandalismo e roubo das scooters. “Desde o início de nossa operação essa foi uma preocupação. Assim nossas scooters de compartilhamento vem com três sensores a mais que os utilizados em países europeus. Importante dizer que temos contado muito com a participação de usuários e pessoas nas ruas e suas residências denunciando tentativas ou atos de vandalismo. Pessoas que nos ligam e ligam para a polícia”, revela Costa. A combinação dos alarmes com os sensores utilizados permite saber se a scooter está em uso; se está sendo movimentada sem estar em uso por um cliente ou em manutenção; se está em posição vertical ou deitada; se está parada, mas estão tentando acioná-la de forma indevida; se está sendo transportada de forma indevida; se está fora da área de atuação, ou em zona proibida de estacionamento; se não colocaram o capacete de volta após terminarem seu uso; se estão tentando violar o baú; entre outros. O serviço de compartilhamento de scooters elétricas da Riba é mais um exemplo de inovação em mobilidade em uma cidade de trânsito caótico. Nesse aspecto, a locação desempenha papel fundamental para a mobilidade urbana. de motos elétricas. E, depois, com o lançamento da Ribashare no final de 2018. “A Riba está voltada a todas aquelas pessoas que precisam se locomover ponto a ponto. De sua casa ao seu local de trabalho, de seu trabalho a um local de reunião ou encontro, ou como forma complementar ao transporte público, as chamadas primeira e última milha. E, também, àquelas pessoas que não se conformam mais em ficar presos no trânsito queimando combustível e contribuindo com a degradação do meio ambiente. Desde 2018, mais de 25 mil pessoas já fizeram uso de nossas scooters e mais de 60 mil baixaram o aplicativo no Brasil e ao redor do mundo”, explica Costa. Para poder utilizar as scooters da Riba os usuários precisam baixar o aplicativo no smartphone (Androide ou iOS), serem maiores de idade, possuir CNH categoria A e cadastrar um cartão de crédito válido. Após a aprovação toda a operação de locação é feita através do app, que mostra um mapa com as scooters disponíveis nas redondezas, além da carga da bateria de cada uma delas e outras funcionalidades. ISLAND, CEO DA RIBA BRASIL: EXPANDINDO O SERVIÇO AS SCOOTERS SÃO ALUGADAS POR MEIO DE APLICATIVO
26 Terceirização OS IMPACTOS DO AUMENTO DA IDADE MÉDIA DAS FROTAS Oportunidade para locadoras se reinventarem e conquistarem novos clientes
27 Terceirização SEM VEÍCULOS NOVOS em quantidade suficiente para renovar suas frotas no ritmo a que se acostumaram nos últimos anos, as locadoras estão verificando que a idade média de seus veículos está maior, o que traz vários impactos para o negócio. Na terceirização, que responde por 52% do faturamento do setor, a elevação de custos advinda da frota mais "velhinha” – como a maior necessidade de manutenção – é um fator a ser considerado, tanto na manutenção dos atuais contratos, quanto nos futuros serviços. "PELO MENOS ATÉ O FINAL DE 2022, A COMPRA DE VEÍCULOS NOVOS AINDA SERÁ LIMITADA" Segundo o último Anuário Brasileiro do Setor de Locação de Veículos, a idade média da frota das locadoras era de 14,9 meses antes da pandemia e agora gira em torno de 27,4 meses. A disparidade entre os números indica uma nova realidade para a operação das locadoras, que não necessariamente é ruim. Ao contrário: o cenário atual pode ser uma boa chance para as locadoras investirem ainda mais na sua real vocação. Se de um lado temos as locadoras em busca de ativos para renovar a frota, de outro temos todo o mercado também em busca de alternativas para terem veículos novos à disposição. A escassez que atinge a oferta do zero quilômetro é para todos. O que diferencia as locadoras nesse novo ambiente é que elas possuem a expertise para gerir suas frotas de maneira que o aumento da idade média não afete tanto assim a efetividade desses veículos. Dessa forma, temos uma oportunidade para as locadoras ofertarem seus serviços de terceirização com ganhos operacionais para as empresas que possuem frotas, conquistando assim novos clientes. Em outras palavras, a demanda pela terceirização está em alta. Cada veículo mobilizado na frota é valioso. Cabe às locadoras promoverem os ajustes necessários para prestar o serviço sem prejuízo da qualidade, mesmo com uma frota que terá, comparativamente com tempos pré-pandemia, uma idade média maior. Executivos das locadoras são unânimes em afirmar que essa situação deve se prolongar por algum tempo. Pelo menos em 2022, a compra de novos veículos ainda será limitada, em virtude dos percalços e no gargalo de fornecimento de peças que a indústria automotiva enfrenta. Cabe ainda lembrar que a escassez de veículos no mercado também afeta a desmobilização das locadoras. É possível alcançar preços melhores quando da venda do seminovo que será desvinculado da frota.
28 Serviço A APROPRIAÇÃO INDÉBITA, roubo, furto ou fraudes são problemas que afetam locadoras de veículos em todo o Brasil. Essas práticas criminosas cresceram muito durante a pandemia em alguns estados do país. Há casos que envolvem, inclusive, a venda ilegal dos veículos em países vizinhos, o que impede a ação da Justiça ou receber o seguro. De acordo com o artigo 168 do Código Processo Penal a não-devolução do veículo locado caracteriza a apropriação indébita. Já a receptação é prevista no artigo 180 do Código Penal e a pena é de um a quatro anos de reclusão, além de multa. A ABLA vem atuando junto ao Ministério da Justiça, ao Denatran e ao Ministério Público de alguns Estados para solucionar esse grave problema de segurança pública. Até antes da pandemia, cerca de 9 mil veículos sofreram apropriação indébita, o equivalente a 1% e 2% da frota total do setor no Brasil registrada em 2018, segundo dados do Anuário Brasileiro do Setor de Locação de Veículos. Segundo a Swint Investigação e Inteligência Corporativa, empresa especializada na recuperação de veículos, houve um aumento de 61% nas ocorrências em 2021 em relação a 2020. “Acreditamos que isso se deva principalmente à pandemia e ao movimento em que grande parte das pessoas que compravam veículos passaram a locar carros por assinatura, migrando assim à Empresa parceira da ABLA, a Swint tem altos índices na recuperação de veículos de locadoras vítimas de apropriação indébita, roubo, furto ou fraudes MAIS DE 30 MIL VEÍCULOS RECUPERADOS inadimplência e também às fraudes do setor de financiamento de autos”, explica o fundador e CEO da Swint, Anderson Mendes. A Swint atua nesse segmento desde 2014, quando identificou o crescimento das ocorrências de fraude e apropriação indébita que prejudicam muito o setor de locação de veículos. A empresa age na investigação e inteligência corporativa para o trabalho de recuperação de veículos. Sempre houve pessoas autônomas ou pequenas empresas atuando na recuperação de veículos. Porém a Swint profissionalizou e revolucionou esse tipo de atendimento, investindo em tecnologia e no desenvolvimento pessoal dos colaboradores. “Trabalhamos basicamente com militares da reserva do Exército Brasileiro e empregamos o melhor da inteligência militar. Além disso, utilizamos o que há de melhor no mundo corporativo e tecnologia, o que possibilitou a criação de um time muito eficiente. Atualmente temos 102 colaboradores fixos e mais de 360 agentes de campo espalhados pelo país. Atuamos em todo território nacional e já fizemos recuperações em outros países da América Latina como Uruguai, Argentina, Chile e Bolívia. Em 2016, fui pessoalmente ao deserto do Atacama, no Chile, recuperar um veículo de um cliente que foi abandonado na região”, conta Mendes.
29 Serviço INVESTIGAÇÃO, TECNOLOGIA E INTELIGÊNCIA Com o aumento das ocorrências e prejuízos, a Swint identificou a necessidade de uma análise do “modus operandi”, tanto do inadimplente quanto das quadrilhas. O estudo indicou as técnicas adequadas para o sucesso da recuperação do patrimônio. O início da operação teve como foco o setor de locadoras de veículos – das grandes às pequenas. Para isso conta com uma central de atendimento que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana. O CEO da Swint explica que o serviço de recuperação de veículos consiste numa esteira de atividades necessárias à execução, que vai desde o processo de análise e investigação, que ocorrem internamente, até as visitas a campo e abordagens presenciais ou até mesmo infiltração de agentes. “Nossa equipe é treinada e especializada. Já recuperamos mais de 30 mil veículos, trazendo um saving de mais de R$ 1,8 bilhão aos nossos clientes. Temos orgulho de sermos referência nacional e atender às maiores empresas do segmento. Como somos uma empresa de inteligência, acompanhamos de perto a evolução do mercado e das atividades criminosas que causam prejuízo aos setores, em especial às locadoras de veículos, e buscamos novas estratégias operacionais e tecnológicas para a mitigação desses riscos. A busca constante por melhores estratégias e tecnologias são a nossa marca”. PREVENÇÃO COMO ARMA PARA EVITAR GOLPES Anderson Mendes diz que houve avanços na recuperação de veículos, mas ainda são pequenos comparados ao que o setor vem sofrendo. Segundo ele, as leis brasileiras são muito brandas e o maior problema é o fato dos veículos com BO de apropriação indébita e estelionato não possuírem restrição em nível nacional, apenas em âmbito estadual. “Portanto, se um veículo locado e apropriado em São Paulo tiver um Boletim de Ocorrência registrado, no momento que o veículo cruzar alguma divisa de estado e for abordado pela polícia vizinha não terá visão do registro, e mesmo que tenha, quem for abordado conduzindo ou o locatário não sofre uma punição à altura”, lamenta. Sobre o percentual de veículos recuperados, a Swint informa que para os rastreados é de 90% nas primeiras 48 horas. No geral (rastreados e não rastreados) o índice é de 78%. “É muito importante reforçar que o sucesso é aliado à velocidade da informação. Quando houver um caso de fraude ou apropriação, a Swint deve ser acionada o mais rápido possível. Nossa equipe está 24 horas por dia à disposição.” Mas qual seria o momento certo para as locadoras recorrerem ao serviço de recuperação de veículos? Para o fundador da Swint a resposta é: Sempre! Para ele, o ideal é ter a Swint olhando para o ciclo completo da locação, desde a validação do locatário com o SGRLoc (Sistema de Gerenciamento de Risco para Locadoras) que além das validações de biometria facial, score de crédito e outros, verifica se o locatário, mesmo com o nome limpo, possui alguma restrição no Banned List (Lista de Banidos) composta por pessoas que já se apropriaram de algum veículo que passou pela base da empresa. “A Swint faz também o monitoramento do veículo para que possamos nos antecipar às ações do crime organizado por meio da tecnologia embarcada. E, caso ocorra algum problema com a locação, estaremos de prontidão para que atue na recuperação do ativo o mais rápido possível. Normalmente somos procurados quando um veículo deixa de estar sob o controle da locadora, como em casos de apropriação indébita, roubo, furto ou fraudes. Temos índice de sucesso altíssimo para todos os tipos de recuperação e sentimo-nos honrados por sermos parceiros oficiais da ABLA”, finaliza, lembrando que prevenção é a maior arma para se evitar um golpe. MENDES, DA SWINT: EMPRESA JÁ RECUPEROU VEÍCULOS BRASILEIROS EM OUTROS PAÍSES
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