Revista Locação 102

18 Setor A DEMANDA pela locação de veículos está em alta, especialmente entre os serviços de carro por assinatura e terceirização de frotas. Isso significa que 2022 será um ano a comemorar? Na visão dos observadores mais otimistas, sim; mas, para tanto, o setor precisa superar alguns desafios. Co-head da área de análises da XP Investimentos, Pedro Bruno assinala: “Não há crise de demanda, há crise de oferta no setor de locação. Isso se agrava com a inflação em alta, o aumento no preço dos carros e a elevação da taxa de juros.” Ele lista três principais missões para a locação de veículos neste ano. A primeira é, de fato, um tanto complicada: adquirir carros suficientes para renovar a frota. Em uma de suas última coletiva de imprensa, no início de março, a Anfavea confirmou que, devido à limitação na produção, será muito difícil entregar os 600 mil veículos que as locadoras estimam precisar para a renovação da frota. A entidade calculou que esse volume a ser provisionado para o setor gira em torno de 400 mil unidades. Pedro, da XP, avalia que esse montante é um pouco superior ao total de veículos que as três principais redes de locadoras do país, juntas, precisam comprar para atualizar suas respectivas frotas (em torno de 360 mil unidades). Ou seja, o quadro de falta de carro zero quilômetro no mercado vai continuar, com perspectivas de alguma melhora apenas no segundo semestre deste ano. “É fundamental para retomar o crescimento comprar carros novos e renovar a frota”, destaca Pedro. Ele lembra que, com a pandemia e a falta de veículos no mercado, as frotas estão envelhecendo, o que acarreta maiores custos de manutenção para as operações das locadoras. Assim, quem conseguiu comprar mais nesse momento, terá uma vantagem competitiva. Independente do porte da frota, evitar que ela envelheça é uma decisão estratégica. Segundo Pedro, frotas com idade maior do que a média histórica representam um dos maiores riscos para as locadoras, nesse momento. De acordo com o analista, o segundo desafio – aumentar as tarifas para compensar os preços altos dos ativos e as taxas de juros – também é delicado, mas caminha aparentemente para o equilíbrio. No final de março, o CFO da Movida, Edmar Lopes, disse em uma live do Infomoney que o preço do aluguel aumentou, mas a alternativa de comprar um carro aumentou ainda mais, o que faz com que as locadoras tenham assim uma oportunidade de aumentar o market share. “Os resultados recentes das grandes locadoras indicam que elas estão conseguindo repassar preços. Isso acontece porque o ambiente é favorável. Há, como dissemos, maior demanda do que oferta. Então, é um desafio que está sendo momentaneamente superado”, conclui. O terceiro e último desafio na análise do especialista é aumentar os volumes de locação, mesmo com tarifas mais altas. “As locadoras precisam ter em mente que será necessário sustentar a expansão dos negócios com esse novo patamar de tarifa”, aconselha Pedro. Ele adianta que, na visão da XP, as empresas possuem bons motivos para estarem otimistas. “Há muitas avenidas de crescimento à frente para a locação”, completa. Uma observação importante é que o mercado de terceirização é mais resiliente e menos sensível ao aumento da tarifa. O rent a car, por sua vez, está mais sujeito ao humor do cliente, que pode não aceitar aumentos de preço para a prestação de serviço. Em resumo, o relatório da XP Investimentos publicado no final de março e assinado por Pedro Bruno defende que o crescimento em 2022 das locadoras será acelerado, à medida que as compras de carros novos deslanchem. A perspectiva de demanda para o mercado é alta, então é possível para as locadoras conciliarem todas essas adversidades que estão surgindo no horizonte. n OBSTÁ- // CULOS NA PISTA Locação precisa calibrar desempenho para atender demanda em alta

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