Revista Locação 102

17 normalizando. A inflação hoje reflete administração de preços e variáveis exógenas. A tendência é que essa pressão, de forma geral, seja menor nos próximos meses. REVISTA LOCAÇÃO — Podemos esperar uma recuperação econômica? MO — Algumas estimativas de crescimento do PIB estão sendo revistas para cima, mas nada muito animador, coisa de 0,5% para 1%, na melhor das hipóteses. A economia está longe de estar aquecida. Os preços não estão subindo porque há alta demanda. E nem os juros estão subindo para diminuir demanda no consumo. O que não vale para o setor automotivo, onde realmente há uma demanda em alta e oferta reduzida, em razão da falta de componentes. REVISTA LOCAÇÃO — As eleições podem ser mais um risco nessa equação? MO — Podem ser fator de variações, sim. Mas isso é refletido em outras variáveis, como o câmbio. Tivemos uma valorização do câmbio considerável este ano, com juros altos e ações relativamente baratas, em relação a países emergentes e até desenvolvidos. A guerra também interferiu nesse cenário, uma vez que os investidores deixaram alguns mercados, como o da Rússia e o da China, e vieram para o Brasil. Agora, é difícil fazer previsões sobre o dólar. Especialistas defendem que um dólar com paridade neutra, justo, estaria em torno de R$ 4,60 a R$ 4,80. Poderia até ficar abaixo disso, se prosseguisse o fluxo de “A ENTRADA DE NOVOS PLAYERS NO MERCADO TENDE A COMPRIMIR O SPREAD E PODE DAR UM ALÍVIO A QUEM DESEJA CONTRAIR UM FINANCIAMENTO” investimento estrangeiro, mas nos parece pouco provável. Olhando pra frente, o ano eleitoral é um desafio considerável, não dá para descartar uma volatilidade de mercado. Precisaríamos também concluir reformas importantes, como a tributária e a administrativa. REVISTA LOCAÇÃO — Tem alguma luz no fim do túnel? MO — Sim, há alguns sinais de melhora. Alguns setores já estão se beneficiando com melhores condições de mobilidade e outros, como o setor de commodities, não sofreram muito com a crise, e até estão investindo no aumento da capacidade produtiva. Mas estamos ainda longe do patamar pré-pandemia. É preciso tempo para essa recuperação. Não parece que a pandemia voltará aos níveis anteriores, mas devemos ficar atentos a essa possibilidade. REVISTA LOCAÇÃO — Qual o conselho hoje, diante de tudo o que falamos, para uma empresa que precisa buscar um financiamento? MO — O custo do crédito é, infelizmente, uma variável que as empresas não conseguem controlar. Então, é preciso ponderar se o business que vai exigir esse financiamento faz sentido – e de fato a expectativa é de que teremos demanda no pós-pandemia, de atividade voltando ao normal em 2023 –, para então tomar a decisão sobre o empréstimo. Às vezes, aguardar uma janela melhor para contratar o empréstimo pode significar perder a oportunidade de um bom negócio. Entrevista

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