16 REVISTA LOCAÇÃO – Num mercado em que o principal ativo, o automóvel, é financiado, a alta da taxa de juros e a redução na oferta de crédito preocupam as empresas. Qual a perspectiva do banco BS2 para a Selic nos próximos meses? MAURO OREFICE — É preciso dizer que o ciclo de alta de juros não começou agora. Ele vem acontecendo desde meados do ano passado. Até aqui o Banco Central tem sido eficiente na resposta à pressão inflacionária. Agora, diante dos atuais patamares, estamos chegando perto do final desse ciclo. Hoje (meados de abril), temos uma taxa Selic de 11,75%, e o governo já havia sinalizado na última reunião do Copom, Comitê de Política Monetária, de que teríamos novo aumento. Mas o próprio governo também sinalizou que o ciclo de alta estava próximo do final. Porém, o último IPCA surpreendeu o mercado, que esperava uma taxa em torno de 1,3% ou 1,4% e tivemos um índice bem acima do esperado, 1,62%. Então o presidente do Banco Central já disse publicamente que, se precisar, o governo deve aumentar o limite inicialmente projetado, que era de um ponto percentual acima do que já havia sido estabelecido, ou seja, 12,75%. De qualquer forma, o que se espera daqui pra frente é um ajuste fino, algo em torno de 0,5%, 1% de elevação ou um pouco mais. As estimativas mais pessimistas apontam para uma taxa de 13,5%, mas a gente entende que esse ciclo deveria parar antes, em uma taxa menor; 13,25%, na pior das hipóteses. E depois desse pico, acredito que teremos de seis a nove meses de estabilização, ou DANÇA DOS NÚMEROS: “AS ESTIMATIVAS MAIS PESSIMISTAS APONTAM PARA UMA TAXA DE 13,5%, MAS A GENTE ENTENDE QUE ESSE CICLO DEVERIA PARAR ANTES, EM UMA TAXA MENOR; 13,25%, NA PIOR DAS HIPÓTESES” seja, vamos permanecer com a Taxa Selic nessa média de 13% ou mais até o próximo ano. REVISTA LOCAÇÃO — O crédito fica então mais caro no curto prazo? MO — Não tem como fugir disso. Juros subindo significam o encarecimento do crédito. Agora, existe hoje um spread (diferença entre o que o banco paga de juros a um investidor e o que ele cobra de juros nos empréstimos) muito grande na taxa de crédito. Comparada a outras épocas de crédito enxuto, hoje temos mais competição entre os bancos, tanto pela entrada de novos players, como as fintechs, quanto pela competição entre os próprios bancos. O crédito imobiliário é um bom exemplo. A variação de juros nessa área foi bem menor do que a variação média do mercado, reflexo de uma competição dos bancos na oferta de crédito imobiliário. A entrada de novos players no mercado tende a comprimir o spread e pode dar um alívio a quem deseja contrair um financiamento. Talvez, para as locadoras, uma opção seria firmar parcerias com outros bancos, como os das montadoras. Isso se esses bancos estiverem dispostos a serem agressivos no atual cenário. REVISTA LOCAÇÃO — O que está pressionando a inflação? MO — São vários choques, que datam ainda do ano passado, como a da energia elétrica, e neste ano, como o do petróleo, que foi mais forte em meses anteriores, mas agora está se Entrevista
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