Anuario ABLA - 2015

98 SUSTENTABILIDADE SUSTAINABILITY Depois da reengenharia, dos círculos de controle da qualidade (CCQ), outsourcing (terceirização) e de outras “modas” do mundo corporativo nos anos 1980 e 1990, sustentabilidade tornou-se uma espécie de troféu a ser conquistado e exibido pelas empresas neste início de milênio. As empresas querem ser sustentáveis a qualquer custo, embora muitos dirigentes sequer saibam o que isso significa. Algumas “adotam” o jardim de uma praça ou uma avenida e colocam uma placa anunciando a sua proeza nesse campo, como se cumprissem sua parte na salvação do planeta Terra. Sustentabilidade, porém, não é apenas um ato isolado em prol da natureza. É o comprometimento com a preservação dos recursos naturais para uso das futuras gerações, combinado com o atendimento das necessidades sociais e financeiras de hoje. “Ser sustentável é ser solidário com o meio ambiente e com as pessoas”, define Nádia Rebouças, diretora e consultora da empresa que leva o seu nome e em cujo portfólio de clientes constam companhias que estão entre as maiores do Brasil em seus segmentos de atuação. Nádia defende novos conceitos de produção e de parâmetros para obtenção de lucros, além de conscientização do consumo, como forma de reduzir o ritmo de degradação do ecossistema que já afeta o mundo. “Aquilo que se acreditava que ocorreria em 2030 está acontecendo agora”, revela, alertando para a elevação da temperatura, o derretimento de geleiras e alterações climáticas bruscas em todas as estações do ano. “Isso já não são mais previsões, são fatos”, alerta a consultora. “O planeta está interligado por meio do ecossistema, que funciona como unidade. A questão da falta de água em São Paulo é um exemplo, pois está constatado que a redução dos tradicionais índices de chuva no Estado é decorrência do desmatamento realizado a milhares de quilômetros de distância, na floresta amazônica”. Por mais paradoxal que possa parecer, esses acontecimentos têm deixado Nádia Rebouças esperançosa. “O que sensibiliza as pessoas são os desastres. Quem sabe agora, que o problema bate à nossa porta e afeta a todos, as atitudes comecem a mudar”, questiona. Nádia vislumbra maior aproximação entre empresas e consumidores no futuro, em busca do equilíbrio. “A organizações empresariais não terão clientes, terão interlocutores, com os quais trocarão informações constantes, saberão da satisfação ou não com os produtos ou serviços de uma companhia Os consumidores serão mais exigentes e vão querer saber mais sobre a origem de seus produtos e os procedimentos de quem os fabrica”, prevê. A escassez de recursos naturais e o excesso de poluição pressionam o planeta e resvalam em todas as formas de vida. Muitos negócios serão duramente afetados, mas isso não significa o caos. Longe disso, trata-se de uma renovação. A hora é agora! Sustentabilidade não é modismo. Uma prova é que as alterações climáticas previstas para 2030 já afetam inclusive o Brasil. O momento é de ação, diz Nádia Rebouças

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