32 Anuário ABLA 2012 Artigo Desenvolvimento e crise Antonio Delfim Netto Professor e Economista A crise que atingiu o sistema financeiro em 2007/2008 nos Estados Unidos e interrompeu o circuito econômico já detonou mais de 5% do PIB mundial e deixou desempregados 50 milhões de honestos trabalhadores (números do relatório da OIT divulgado nas vésperas do Dia do Trabalho em 2012), aumentando os riscos de grave inquietação social em 57 países na Europa e no continente africano. Passados mais de quatro anos, a dificuldade de lidar com seus efeitos mostra as limitações de nossos conhecimentos de como funciona o sistema econômico. Serviu para expor ainda a precariedade do que parecia uma revolução científica: a construção de uma Economia Financeira, separada da Macroeconomia por pequenos economistas, supostos grandes matemáticos. A realidade é que não existe “mercado” sem um Estado capaz de garantir as condições de seu funcionamento. A forma de organização do sistema produtivo é ditada pelos que detêm o poder político e ordenam a política econômica que serve aos seus interesses. Basta lembrar como na última década do século passado e nos primeiros anos do século 21, a ocupação do poder pelas finanças, nos EUA, levou a uma política econômica que lentamente erodiu a legislação que regulava a atividade financeira e que fora produzida após a Grande Depressão dos anos 30. Muito rapidamente os “cientistas” do Mercado produziram uma “doutrina” que justificou a ampla desregulação da atividade financeira, em nome da “eficiência” e das “inovações” capazes de prevenir os riscos: 1929 nunca mais! O fato é que, desde Adam Smith os
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