Anuário ABLA | 2012

26 Anuário ABLA 2012 Negócio Quem vai pagar a conta? A tecnologia aplicada à fabricação de automóveis certamente tem contribuído, ao longo dos anos, para aumentar a segurança no trânsito, visando em última análise reduzir o número de vítimas e, mais do que isso, de mortes causadas por acidentes. O posicionamento da ABLA sempre foi bem claro: a associação dedica apoio a todas as medidas que visam reduzir os acidentes, assim como as medidas voltadas para proteger a integridade física do condutor, dos demais ocupantes do veículo e do cidadão que transita pelas vias públicas. A obrigatoriedade de freios ABS e deair bagduplo nos automóveis a partir de 2014, é um exemplo disso. Trata-se de resolução do CONTRAN elogiável sob o ponto de vista da segurança, já que os freios ABS são comprovadamente importantes para evitar acidentes, assim como osair bagscolaboram para minimizar sequelas da ocorrência de sinistros. Porém, não entendemos justo que a conta seja integralmente paga pelos consumidores, já que a obrigatoriedade de tais equipamentos deverá trazer, como efeito colateral, significativo aumento de preços dos automóveis. No caso das locadoras de veículos, qualquer aumento de preço traz consequências multiplicadas exponencialmente. Estamos aqui nos referindo a frotas inteiras de veículos, cujo custo para renovação se torna ainda mais oneroso, quando comparado ao das pessoas físicas que possuem somente um, dois ou três unidades. No caso das empresas do nosso setor, veículo é sinônimo de instrumento de trabalho. Qualquer aumento de preço torna mais difícil a renovação da frota e, por tabela, exige ainda mais necessidade de crédito para tal objetivo. Assim, entendemos que as montadoras que pretendem atuar com responsabilidade, precisarão agir para não penalizarem o cliente final de seus produtos. Há ações que não poderão mais ser postergadas, no sentido de garantir que os preços permaneçam competitivos para todos, inclusive para as locadoras de veículos, que hoje já são os principais clientes das montadoras no Brasil. Trata-se de um desafio que, entendemos, não é de fato complicado. A própria obrigatoriedade determinada pelo CONTRAN fará com que a fabricação dos dispositivos de segurança ganhe escala e, desta forma, a tendência é que seus preços caminhem para se tornarem mais acessíveis. Porém, não seria prudente confiar somente no fator “escala”. Para introduzir novas tecnologias nos automóveis, sem a contrapartida de grande repasse nos preços, também será preciso que as montadoras aperfeiçoem as negociações com os seus fornecedores e, ainda, que risquem a palavra “ganância” de seus dicionários. Basta lembrar que hoje as fabricantes cobram, em média, cinco mil reais do cliente pelos freios ABS e pelo air bagduplo nos modelos, sendo que o custo real destes equipamentos não atinge sequer os um mil reais e será reduzido ainda mais ao considerar os ganhos de escala quando a nova regulamentação entrar em vigor. Portanto, não somos contrários à aplicação da tecnologia ou da sua obrigatoriedade, mas sim a favor do óbvio: que a conta seja dividida entre os diversos agentes econômicos envolvidos na cadeia produtiva, sem o quê se perde totalmente o princípio que fez nascer a exigência dos freios ABS e do air bagduplo nos veículos, que é a redução de acidentes e suas sequelas.

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