Anuário ABLA | 2012

1 Anuário ABLA 2012 Transparência Caro leitor, Guardadas as devidas proporções, as palavras mais simples e objetivas que simbolizam o significado de um anuário são “retrato setorial”, pois a publicação é o descritivo do que foi realizado no ano anterior e as projeções para um futuro próximo. Portanto, você tem ao alcance dos seus olhos um compêndio do universo das locadoras de veículos do Brasil acrescido de setores que influenciam esse mercado. Ao produzirmos o Anuário ABLA temos em mente a preocupação com a responsabilidade das nossas ações mas, acima de tudo, o compromisso com a transparência do conteúdo editorial. Estamos felizes com os resultados obtidos e pelas perspectivas que vislumbramos no curto e no médio prazos, mas não podemos esconder nossas preocupações com problemas que afetam o setor. As locadoras, que oferecem centenas de milhares de empregos e pagam bilhões de reais em impostos, querem ter as reivindicações atendidas para que possam crescer e oferecer mais do que fazem agora. Este anuário contém o corpo e a essência de um setor. Leia as matérias e participe enviando sugestões ou críticas para o e-mail abla@abla.com.br. É assim que avançamos no sentido de prestarmos o melhor serviço possível à sociedade. Todos os indicadores desta edição referem-se ao ano base de 2011.

No trânsito somos todos pedestres. I S SO É QUE É DES EMPENHO: APENAS UM MÊS APÓS O S EU L ANÇAMENTO, S ER E LE I TO O ME LHOR S EDÃ DO PA Í S*. FAÇA JÁ UM T ES T - DR I VE . REVISTA QUATRO RODAS, JORNAL DO CARRO ( JT - EDIÇÃO DE 01.02.2012 ) E O ESTADO DE MINAS. *

No v o Ho n da C i v i c . E s p e t a c n o l ó g i c o . Consulte a disponibilidade de itens de acordo com a versão. Câmera de marcha a ré Sistema Multimídia e Navegador Touch Screen Controle de tração e estabilidade VSA Sistema Bluetooth HFT (Hands Free Telephone) Assoalho traseiro plano Display Multifunções i-MID Modo de direção econômico Motor i-VTEC Flex Teto solar Controle de áudio e troca de marchas no volante

Editorial ABLA - Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis Rua Estela, 515 Bloco A - 5º Andar | 04011-904 - São Paulo, SP, Brazil | Tel.: 55 11 5087 4100 SAS Quadra 01, conjunto J, 5º andar, sala 511 Edifício CNT | 70070-010 - Brasília, DF Tel. 55 61 3226 2072 | Fax 55 61 3226 0048 www.abla.com.br ABLA Anuário 2012 (2ª Edição) | Coordenação Geral Cibele Cambuí e Jorge Machado | Publicidade Cibele Cambuí | Jornalista Responsável José Daísio Ferreira (MTb 18790/SP) | ColaboraçãoMarta Pereira | Projeto, produção gráfica e editorial Ponto & Letra (www.ponto-e-letra.com.br) | Imagens ilustrativas shutterstock | Imagens institucionais fornecidas pelas empresas representadas | Arte Marlos Brasil e Fábio Scorbaioli | Capa Marlos Brasil | Impressão e acabamento Cia Gráfica Paulista O Anuário ABLA não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nos artigos assinados. Permitida a reprodução. Pede-se citar a fonte. Conselho Gestor Suplentes Paulo Gaba Jr. (presidente) Mauro Ribeiro Paulo Nemer (Vice-presidente) Carlos Adão Teixeira Alberto Faria da Silva João Carlos de Abreu Silveira Alberto Vidigal Paulo Miguel Jr. Aleksander Rangel Reynaldo Tedesco Carlos Rigolino Jr. Cássio Gilberto Lemmertz Emanuel Trigueiro José Adriano Donzelli Luiz Carlos Lang Nildo Pedrosa Nelma Cavalcanti Saulo Froes Eládio Paniágua Simone Pino Marcelo Fernandes Valmor Weiss Raimundo Nonato de Castro Conselho Fiscal Suplentes Antonio Pimentel Joades Alves de Souza Eduardo Corrêa Felix Peter Jacqueline Mello Emerson Ciotto Paulo Bonilha Jr. José Zuquim Militerno Ricardo G.E. Santo Alberto Jorge Queiroz Rodrigo Roriz Marco Antonio de Almeida Lemos Presidente Executivo João Claudio Bourg Impresso no Brasil, Maio, 2012

5 Anuário ABLA 2012 Sumário Editorial 8 a Estatística 12 Negócio 20 Turismo 30 Artigo 32 a Anfavea 34 a Cesvi 36 a Seguros 40 a Tecnologia 44 a Institucional 48 a Segurança 52 a Bolívia 54 a Frota 56 a SEST/SENAT 60 a Fenaloc 62 a PQA 64 a Artigo 66 a Conselho Nacional 68 a Conselho Fiscal 70 a Diretorias Regionais 71 a Montadoras 78 a Parceiros 92

8 Anuário ABLA 2012 Editorial Empreendedorismo e Oportunidades Paulo Gaba Jr. Presidente do Conselho Nacional - ABLA As oportunidades do Brasil de hoje têm despertado o espírito empreendedor que estava adormecido nos brasileiros. O aumento da escolaridade provocou uma mudança de atitude. Os brasileiros que, antes, abriam uma empresa por “falta de opção profissional”, hoje têm o desejo e o sonho de empreender. A consequência disso para o nosso e para outros setores da economia é uma avalanche de novas empresas sendo abertas todos os dias. Apesar de ter diminuído bastante o número de empresas que fecham durante os dois primeiros anos de existência, os novatos em nosso ramo precisam de orientação profissional correta para seguir bem. O papel da ABLA não é o de desestimular novas empresas a entrarem no setor para diminuir a concorrência, mas o de orientar esses empreendedores para que o ramo continue sendo visto como promissor e profissional. Nesse sentido, o PQA – Programa Nacional de Capacitação e Qualificação ABLA – foi fundamental e o ano de 2012 contará com o novo programa de formação de preços e custos, em âmbito nacional. A falsa ideia de crédito fácil e barato para automóveis certamente estimulou alguns novos empreendedores a se aventurarem na locação de veículos, mas as dificuldades de acesso ao crédito continuaram em 2011, por conta da crise internacional. Tendo em vista que a boa administração do negócio de aluguel de carros exige uma gestão presente e intensa, acredito muito nos empreendedores locais e regionais, tanto com marcas próprias quanto na qualidade de franqueados de redes de locação. Sempre que perguntado se acredito na consolidação deste mercado na mão de poucas empresas respondo que NÃO, convicto de que, apesar de termos uma tendência mundial para diversos setores, ela não se aplicará regionalmente e em nosso caso. Não podemos confundir poucas empresas com balcões em aeroportos com termos poucas empresas no ramo; são clientes e necessidades específicas e existe espaço para todos. As locadoras regionais crescem, em média, o DOBRO daquelas dos grandes centros, tanto em frota quanto em clientes e faturamento, devido à popularização da atividade. E têm sido responsáveis também pelo crescimento pujante e contínuo de nosso setor. Seja por atendimento às demandas de Infraestrutura, seja por popularização do segmento, nossa atividade está cada vez mais presente na vida dos brasileiros. E em 2011 não foi diferente! Apesar do contexto externo, o setor teve seu crescimento e faturamento acima da média de muitos outros, demonstrando que o conceito do aluguel de carros está cada vez mais presente. O que falta? Crédito! O papel dos Bancos das Montadoras e bancos parceiros nessa engrenagem será fundamental, como é em todo o mundo. A globalização chegou ao Brasil e, assim, as práticas internacionais e as taxas globais precisam chegar também! A enxurrada de lançamentos feita pelas montadoras precisa ser testada e aqui está o melhor parceiro para isso! Falta algo mais? SIM, aumentarmos a parceria das montadoras com o setor. O setor de aluguel de veículos traz muitas oportunidades para as montadoras, “novas ou antigas”, e o aproveitamento delas reflete diretamente em aumento de participação de mercado pela montadora. Recado dado? Boa leitura desse nosso Anuário, que traduz em números as ações e parcerias de 2011, com resultados muito positivos para a cadeia produtiva da indústria, dos transportes, do comércio e do turismo!

9 Anuário ABLA 2012 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Taxa SELIC 0,86% 0,84% 0,92% 0,84% 0,99% 0,96% 0,97% 1,07% 0,94% 0,88% 0,86% 0,91% Poupança 0,6413 1,2168 1,7762 2,4091 2,9591 3,6364 4,2707 4,9208 5,6642 6,2991 6,8968 7,5005 Cotação do dolar em Real (R$) 1,674 1,668 1,659 1,586 1,613 1,587 1,563 1,597 1.749 1,772 1,790 1,836 Saldo da balança comercial Poupança 2011 Média US$ comercial 2011 Taxa SELIC 2011 Fonte: Banco Central, Receita Federal e Portal Brasil Variação do PIB em 2011 US$ 29,790 bilhões em 2011 7,5% R$ 1,675 11,62% 2,7% Números da economia

12 Anuário ABLA 2012 Estatística Para frente e para o alto! Faturamento do setor O faturamento do setor cresceu 11% em relação ao ano anterior e impactou de forma direta na indústria de veículos automotores Caso um profissional queira demonstrar o desempenho do setor de locação em 2011 através de gráficos terá, necessariamente, de elaborar traços ascendentes! Sob qualquer ângulo de observação o analista encontrará números satisfatórios se comparados com períodos anteriores, o que expressa um segmento em processo contínuo de evolução. No que se refere ao faturamento, por exemplo, o volume alcançado de 5,67 bilhões equivale ao crescimento de 11% em relação a 2010. 2004 2,68 2,91 3,17 3,49 3,99 4,37 5,11 5,67 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 R$ em bilhões

13 Anuário ABLA 2012 Estatística Depois de quatro anos consecutivos liderando as vendas para o setor, em 2011 a Volkswagen foi ultrapassada pela Fiat, a qual tornou-se a montadora que mais vendeu para as locadoras do Brasil. As posições no ranking foram invertidas, porém, as margens que separam as duas empresas continuaram estreitas. Nova liderança Em 2011 a participação nas vendas foi de 8,7 % Outros 13,10% Renault 5,75% Ford 3,91% Toyota 1,43% GM 18,95% Fiat 29,67% VW 27,19% Estatística 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Fiat 26,4% 29,3% 30,7% 28,7% 29,48% 27,32% 27,91% 29,67% Volkswagen 33,3% 32,6% 30,7% 31,1% 30,91% 29,52% 29,53% 27,19% GM 30,2% 30,1% 30,1% 32,8% 29,61% 23,74% 24,54% 18,95% Renault - - - - 1,83% 3,54% 2,49% 5,75% Ford - - - - - 3,92% 2,49% 3,91% Toyota - 2,8% 2,9% 2,7% 1,16% 1,03% <1% 1,43% Outros 10,1% 5,2% 5,6% 4,7% 7,01% 10,93% 13,05% 13,10% Participação nas vendas do setor automobilístico 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 11,3% 11,05% 11,09% 8,22% 11,4% 9,02% 9,40% 8,70%

14 Anuário ABLA 2012 Estatística Renovação da frota em alta velocidade Historicamente a renovação da frota das locadoras brasileiras segue um processo dinâmico e se mantém em padrões aceitáveis de conservação do veículo. Contudo, as locadoras já aceleram o ritmo dos investimentos para adequação da oferta à demanda gerada por milhões de turistas que virão ao País a partir do próximo ano para a Copa das Confederações. Um público ainda maior está sendo aguardado para a Copa do Mundo (2014) e para as Olimpíadas em 2016. A renovação ganhará também atualizações tecnológicas. A primeira diz respeito ao maior percentual de carros com câmbio automático, que são os preferidos pelos turistas de países desenvolvidos. Outras duas novidades serão decorrentes da legislação nacional, que estabelece a obrigatoriedade de air bag duplo e freios ABS em todos os veículos produzidos no Brasil (ou importados) a partir de 1º de janeiro de 2014. Estimativas da ABLA apontam que somente nos próximos dois anos as empresas destinarão R$ 18 bilhões para renovação e ampliação da frota. Locadoras existentes 2004 1.985 1.964 1.952 1.905 1.893 1.955 2.008 2.083 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Pontos de locação

15 Anuário ABLA 2012 Estatística Frota do setor De 2010 para 2011, a frota cresceu 7,51% Idade média da frota Composição da frota por modelo O carro popular é o mais procurado para locação Em meses (em %) Em unidades 2004 15 15 14 15 16 16,5 15 17 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 203.650 223.811 250.204 283.562 318.865 363.456 414.340 445.470 445.470 Popular Médio Luxo Utilitários e vans 2011 64,0 16,0 5,0 15,0 2010 60,0 17,0 7,0 16,0 2009 66,0 14,0 6,0 14,0 2008 71,0 13,0 6,0 10,0 2007 72,0 12,0 6,0 10,0 2006 70,8 12,9 5,9 10,4 2005 71,1 12,6 6,1 10,2 2004 70,4 12,9 5,9 10,8

16 Anuário ABLA 2012 Estatística Responsabilidade social O setor de locação de veículos cumpre seu papel social, gera empregos e renda para a sociedade, além de ser um dos grandes pagadores de tributos diretos e indiretos para todas as esferas de governo. No campo do trabalho, por exemplo, em 2011 as empresas geraram uma cadeia de empregos diretos e indiretos de 277.943 mil profissionais, crescendo 5% em relação a 2010.

17 Anuário ABLA 2012 Estatística Perfil do negócio Contribuição com impostos Geração de empregos diretos e indiretos Número de pessoas R$ em bilhões 2011 2010 2006 2007 2009 2005 2008 2004 20% 55% 25% 20% 29% 27% 27% 22% 27% 27% 24% 17% 18% 18% 26% 18% 16% 56% 54% 55% 55% 52% 55% 57% Turismo (Lazer) Terceirização Turismo (Negócios) 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 0,79 0,87 0,94 1,06 1,27 1,44 1,69 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 168.200 178.240 185.560 194.838 209.061 240.644 264.708 277.943 1,86

18 Anuário ABLA 2012 Estatística Perfil dos usuários As transformações sociais e econômicas ocorridas no Brasil na última década repercutiram no segmento de locação de veículos. Nesse período foram registradas alterações tanto na quantidade dos usuários do serviço quanto no perfil dos locatários. Em 2011 o Brasil atingiu 18,6 milhões de locatários e 2.083 empresas locadoras. Os homens foram os maiores clientes, sendo responsáveis por 79% dos contratos de locação de veículos! No que se refere ao estado civil, 65% das pessoas que utilizaram o serviço eram casadas. A maioria absoluta dos usuários − 85% − estava na faixa etária de 25 a 45 anos. Na segunda colocação, com 10%, ficou o grupo de pessoas a partir de 46 anos. Quanto ao nível de escolaridade a grande demanda partiu de pessoas com nível superior ou com pós-graduação: 85%. Por área de atuação, a que mais utilizou a locação de veículos no ano passado foi a de serviços, responsável por 40% do total. Um pouco atrás ficou a indústria, com 30%; comércio, 12%; profissionais liberais, 10%, e outros setores, 8%. Perfil dos locatários 2011 De 2004 a 2011, o número de usuários do setor de locação quase dobrou 79% homens 21% mulheres 65% casados 35% solteiros Número de usúario (em milhões) 2011 18.6 2010 17,7 2009 16.8 2008 16.2 2007 15.1 2006 14.1 2005 12.2 Pontos de locação Norte Acre 8 Amapá 28 Amazonas 22 Pará 56 Rondônia 10 Roraima 19 Tocantins 14 Total 157 Nordeste Alagoas 37 Bahia 189 Ceará 92 Maranhão 38 Paraíba 39 Pernambuco 85 Piauí 17 Rio Grande do Norte 80 Sergipe 30 Total 607 CentroOeste Distrito Federal 57 Goiás 45 Mato Grosso do Sul 23 Mato Grosso 15 Total 140 Sudeste Espírito Santo 108 Minas Gerais 225 Rio de Janeiro 125 Grande São Paulo 216 Estado de São Paulo 161 Total 835 Sul Paraná 121 Rio Grande do Sul 126 Santa Catarina 97 Total 344 Total Geral 2.083 Sexo Estado civil

19 Anuário ABLA 2012 Estatística Área de atuação dos usuários em 2011 A maior parte dos locatários atua no setor de serviços ou na indústria Idade média dos usuários em 2011 Grau de instrução em 2011 Em porcentagem 5% 85% 10% têm entre 21 e 24 anos está acima de 45 anos dos locatários possuem de 25 a 45 anos 85% 15% Possui nível médio Graduados 8 10 12 30 40 Profissionais liberais Serviços Comércio Outros Indústria

20 Anuário ABLA 2012 Negócio O setor de locação de veículos tem crescido na casa dos dois dígitos nos últimos anos. Segundo dados estatísticos da Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (ABLA), o setor encerrou 2011 com 2.083 pontos de locação, frota de 445.470 veículos e 277.943 empregos diretos e indiretos. São números expressivos e com fortes evidências de crescimento no curto prazo. Manter-se nesse mercado e, melhor, em ritmo ascendente, demanda uma gestão eficaz. Por ser um segmento de prestação de serviços, com atendimento direto ao cliente final, os profissionais da linha de frente são os mais requisitados e, consequentemente, refletem o negócio. Para Ivan Carlos Witt, sócio-presidente da Steer Recursos Humanos, os atendentes devem ser capacitados como se fossem usuários do serviço, para que consigam enxergar as necessidades dos consumidores, entender a cultura de onde vêm e, além de falar o mesmo idioma, falar a mesma linguagem. “Esse profissional precisa ser motivado constantemente para receber o cliente sempre com sorriso, de maneira educada e habilitado para oferecer soluções eficazes, de forma ágil”. Além de conhecer muito bem o veículo, o profissional da linha de frente precisa conhecer o seu público para que a abordagem seja assertiva, conquiste e fidelize o cliente. “Em um mercado competitivo o atendimento faz toda a diferença. Por isso, o profissional que atua diretamente com o consumidor precisa de capacitação contínua e incentivos, inclusive financeiros, por meio de bônus ou participação nos lucros”, recomenda Witt. Da recepção para dentro não existe segredo, segundo o consultor. É preciso automatizar ao máximo os processos, oferecer uma frota de veículos nova e moderna e explorar novos ramos de atuação. “A locadora é a vitrine da montadora. Ela pode criar o desejo de compra daquele modelo que está sendo alugado.” Antecipar-se às necessidades do cliente e Ritmo acelerado

21 Anuário ABLA 2012 Negócio satisfazê-lo deve fazer parte do cotidiano dos profissionais para manter e atrair novos clientes. Segundo o diretor regional da ABLA de São Paulo, Eládio Paniágua, o treinamento deve ser constante. Com o aumento da demanda de estrangeiros, o foco principal tem sido os cursos de inglês e espanhol, com vistas à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016. Conhecer bem o veículo está no topo das prioridades. Para isso é importante reforçar a parceria com concessionárias e montadoras. “Sempre que há um lançamento, organizamos workshops para aprender tudo sobre o novo modelo”, conclui Paniágua. Paulo Nemer, vice-presidente do Conselho Nacional da ABLA, reforça a aposta na dobradinha capacitação profissional e conhecimento da frota, que deve ser sempre renovada. Com mais de trinta anos de mercado, o executivo investe continuamente na qualificação da equipe, sobretudo do pessoal que atua no receptivo. “Precisamos ter argumentos suficientes para convencer o cliente que o mais importante é o uso do veículo e não a propriedade, sobretudo junto às empresas”, fala, referindo-se principalmente à terceirização da frota. “E é um nicho que tem muito espaço para crescer. Como em qualquer ramo em expansão, é preciso capacidade para inovar, manter e ampliar o relacionamento com clientes, parceiros, funcionários e fornecedores.” Com três décadas de experiência no mercado de locação, Saulo Tomaz Froes, conselheiro da ABLA, também aposta na terceirização, que hoje responde por 60% dos seus negócios. “É um erro acreditar que o sucesso do segmento está atrelado ao preço baixo da locação. É preciso investir na infraestrutura das lojas, na frota, na capacitação do pessoal, em pesquisas de mercado, para entender os desejos dos clientes e fazer uma prospecção mais eficaz e rentável”, diz Saulo. O dirigente reforça, contudo, que, antes de conquistar e fidelizar o consumidor, é preciso encantar o cliente interno, o funcionário. “Capacitação e reconhecimento são as palavraschave. A ética nos negócios é de dentro para fora.” Para Alberto de Camargo Vidigal, Conselheiro da ABLA e Presidente do Sindiloc São Paulo, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos certamente garantirão o incremento do setor. No entanto, o turismo de lazer ainda tem muito a crescer no Brasil e é um dos nichos a serem explorados. “No mundo, responde por 10% do PIB. No Brasil, são apenas 3%”, contabiliza. E para aproveitar todas as oportunidades é preciso ser cada vez mais profissional. “O mercado não aceita aventureiros. Excelência no atendimento ao cliente, com soluções personalizadas, frota de boa qualidade, administração otimizada com menos burocracia e aperfeiçoamento contínuo são apenas alguns dos requisitos exigidos para quem objetiva acompanhar a evolução da economia.”

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24 Anuário ABLA 2012 Negócio Quando nos referimos aos grandes eventos esportivos e mundiais no Brasil, e da demanda que podem gerar para o setor de locação de veículos, naturalmente todos se lembram e se preparam para a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e a Olimpíada em 2016. Mas, na verdade, outro importante acontecimento está programado para antes desses dois grandes eventos e pode pegar muita gente “desprevenida”. Trata-se da Copa das Confederações, que terá início dia 15 de junho de 2013! Esse torneio também é organizado pela FIFA e reunirá seleções da Europa, África, Ásia e América, em oito cidades brasileiras. No período do evento, que vai até 30 de junho, as equipes se deslocarão por alguns Estados e regiões, devendo ser acompanhadas pela torcida. Falta pouco tempo para as visitas chegarem. Possivelmente alguns aeroportos terão suas obras de reforma concluídas. Surge daí mais uma potencialidade para a locação de veículos. Porém, algumas questões ainda têm de ser respondidas. Será que estamos preparados para atender milhares de torcedores, autoridades e jornalistas de várias partes do mundo? De quantos meses precisaremos para estruturar nossas empresas? Teremos pessoal qualificado para conversar com os turistas em dois ou três idiomas? E os veículos serão suficientes para atender à demanda? O evento terá duração de apenas 15 dias. Mas, assim como a Copa das Confederações tem sido um teste para a FIFA verificar as condições estruturais do país sede da Copa do Oportunidade antes da Copa Mundo, um ano antes de sua realização, para as locadoras torna-se oportunidade de negócios e de treinamento para a demanda ainda maior que virá nos anos seguintes. Quem quiser participar desse “jogo”, dessa verdadeira corrida contra o tempo, terá de preparar suas equipes. Cursos intensivos de idiomas, programação de compras, qualificação de pessoal e divulgação para os potenciais usuários devem começar o quanto antes. Algumas consequências das medidas de estímulo ao investimento A presidente Dilma Rousseff anunciou em abril um novo pacote de medidas que integram o Plano Brasil Maior para aumentar a competitividade do País. As medidas incluem a transferência de impostos incidentes sobre a folha de salários para o faturamento de 15 setores da economia. Estão no rol de beneficiados setores como têxtil, calçados e couro, confecções, plástico, móveis, material elétrico, ônibus, autopeças, aéreo, naval, de bens de capital, mecânica, hotelaria e tecnologia da informação, entre outros. por João Claudio Bourg Presidente Executivo

25 Anuário ABLA 2012 Negócio As consequências do pacote de medidas para o setor de locação de veículos são indiretas, mais do que nunca, as locadoras precisam de uma atenção especial do BNDES para alavancar os investimentos necessários e assim preparar essa esfera do setor dos transportes. O Ministério da Fazenda estima que a desoneração represente renúncia fiscal de R$ 7,2 bilhões, sendo R$ 4,9 bilhões só em 2012. Trata-se de dinheiro que deixará de migrar dos cofres das empresas em direção a Brasília. Ou seja, dinheiro que poderá e deverá ser reinvestido no próprio negócio para capitalizar as empresas. Com isso, é possível projetar que parte desses recursos possa ser direcionado para a locação de veículos, ampliando o mercado do nosso setor junto às pessoas jurídicas. Quanto às pessoas físicas, o pacote de medidas foi um claro sinal do posicionamento do governo em relação à crise internacional que abala países da Europa e também os Estados Unidos. Ou seja, o Brasil não vai enfrentar a crise à custa do emprego do trabalhador brasileiro. O País precisa de um mercado interno equilibrado e sólido para assegurar o emprego e a inclusão de mais consumidores. À medida que crescem emprego e renda, cresce também a demanda de mais pessoas pelas atividades de turismo e lazer, consequentemente abrindo perspectivas positivas também para o rent a car. Mas as medidas do Plano Brasil Maior vão além da desoneração tributária. A presidente Dilma Rousseff anunciou a criação de 19 Conselhos de Competitividade cuja missão é propor ações para estimular o setor produtivo. Os Conselhos reunirão representantes do governo, das empresas e dos trabalhadores e discutirão os temas setorialmente. Os primeiros resultados das medidas devem aparecer com mais ênfase a partir do segundo semestre de 2012, mas mostram que o governo vem agindo dentro da realidade. São medidas importantes para que possamos aumentar nossa competitividade como um todo, e também a competitividade das locadoras de veículos, em particular. O Brasil já deu mostras em 2008 de que está atento aos movimentos do mercado internacional e tem tomado medidas de acordo com a realidade de cada momento. Agora, novamente, as medidas anunciadas pelo Governo Federal têm tudo para dar certo e manter o país na rota do desenvolvimento, com garantia de empregos, geração e distribuição de renda. Cabe ao nosso setor estar, desde já, bem preparado para absorver as demandas que estão por vir.

26 Anuário ABLA 2012 Negócio Quem vai pagar a conta? A tecnologia aplicada à fabricação de automóveis certamente tem contribuído, ao longo dos anos, para aumentar a segurança no trânsito, visando em última análise reduzir o número de vítimas e, mais do que isso, de mortes causadas por acidentes. O posicionamento da ABLA sempre foi bem claro: a associação dedica apoio a todas as medidas que visam reduzir os acidentes, assim como as medidas voltadas para proteger a integridade física do condutor, dos demais ocupantes do veículo e do cidadão que transita pelas vias públicas. A obrigatoriedade de freios ABS e deair bagduplo nos automóveis a partir de 2014, é um exemplo disso. Trata-se de resolução do CONTRAN elogiável sob o ponto de vista da segurança, já que os freios ABS são comprovadamente importantes para evitar acidentes, assim como osair bagscolaboram para minimizar sequelas da ocorrência de sinistros. Porém, não entendemos justo que a conta seja integralmente paga pelos consumidores, já que a obrigatoriedade de tais equipamentos deverá trazer, como efeito colateral, significativo aumento de preços dos automóveis. No caso das locadoras de veículos, qualquer aumento de preço traz consequências multiplicadas exponencialmente. Estamos aqui nos referindo a frotas inteiras de veículos, cujo custo para renovação se torna ainda mais oneroso, quando comparado ao das pessoas físicas que possuem somente um, dois ou três unidades. No caso das empresas do nosso setor, veículo é sinônimo de instrumento de trabalho. Qualquer aumento de preço torna mais difícil a renovação da frota e, por tabela, exige ainda mais necessidade de crédito para tal objetivo. Assim, entendemos que as montadoras que pretendem atuar com responsabilidade, precisarão agir para não penalizarem o cliente final de seus produtos. Há ações que não poderão mais ser postergadas, no sentido de garantir que os preços permaneçam competitivos para todos, inclusive para as locadoras de veículos, que hoje já são os principais clientes das montadoras no Brasil. Trata-se de um desafio que, entendemos, não é de fato complicado. A própria obrigatoriedade determinada pelo CONTRAN fará com que a fabricação dos dispositivos de segurança ganhe escala e, desta forma, a tendência é que seus preços caminhem para se tornarem mais acessíveis. Porém, não seria prudente confiar somente no fator “escala”. Para introduzir novas tecnologias nos automóveis, sem a contrapartida de grande repasse nos preços, também será preciso que as montadoras aperfeiçoem as negociações com os seus fornecedores e, ainda, que risquem a palavra “ganância” de seus dicionários. Basta lembrar que hoje as fabricantes cobram, em média, cinco mil reais do cliente pelos freios ABS e pelo air bagduplo nos modelos, sendo que o custo real destes equipamentos não atinge sequer os um mil reais e será reduzido ainda mais ao considerar os ganhos de escala quando a nova regulamentação entrar em vigor. Portanto, não somos contrários à aplicação da tecnologia ou da sua obrigatoriedade, mas sim a favor do óbvio: que a conta seja dividida entre os diversos agentes econômicos envolvidos na cadeia produtiva, sem o quê se perde totalmente o princípio que fez nascer a exigência dos freios ABS e do air bagduplo nos veículos, que é a redução de acidentes e suas sequelas.

*Consulte planos e condições

28 Anuário ABLA 2012 Negócio Locação de veículos para a Classe C Os benefícios proporcionados à classe C pelo aumento da oferta de empregos e do crédito nos últimos anos são algumas justificativas que explicam a tendência no crescimento do consumo de produtos e serviços relacionados ao mercado de turismo. Diante disso, nosso setor tem pela frente, também, o desafio de atender clientes que somente agora estão conhecendo os benefícios da locação de veículos. Esse grupo social é formado atualmente por mais de 50% da população e é a maior consumidora entre as classes, segundo dados divulgados pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) com base nos dados do Pnad 2009. Nos últimos oito anos a nova classe média, ou a classe emergente, apresentou crescimento de oito vezes em seu consumo. O consumidor emergente não enxerga os gastos com turismo como supérfluos e sim como um fator de inclusão. Esses gastos são vistos pela classe como investimento. Lidar com os consumidores da classe C exige preparo por parte das agências e empresas da cadeia produtiva do turismo, inclusive as locadoras de veículos. É uma massa enorme de consumidores que agora estão conseguindo consumir e já se tornaram maioria em vários segmentos. Isso significa que o nosso setor também precisa entender que agora lidamos com diferentes clientes daqueles que sustentavam o rent a car há dez anos. Para atender a essa demanda temos pela frente o desafio de não somente buscar novos produtos e serviços, mas também de encontrar a forma correta de atendimento. Para esse novo mercado é muito importante ter mais clareza e simplicidade na comunicação. Basta lembrar que nos próximos anos muitos dos novos clientes do rent a car terão origens humildes e, por exemplo, nunca viajaram de avião. A classe C tem aspirações próprias e não busca simplesmente repetir o padrão de compra das classes mais altas. Entender as diferenças será fundamental à criação de estratégias eficientes visando atrair esse público para o nosso setor. Temos de evitar o descompasso entre o que pensam esses novos consumidores e as estratégias das empresas locadoras. Nem sempre o preço é o fator mais importante na escolha de um produto. Pesquisas com consumidores da Classe C levantaram que 44% dos entrevistados desse grupo disseram dar mais importância à qualidade do que ao preço, por exemplo. É algo para se pensar. O certo é que o consumo da nova e ascendente classe média deverá se expandir para serviços como alimentação fora de casa, lazer e viagens. Com a melhoria do padrão de vida, as famílias, primeiro, buscaram comprar itens básicos, como eletrodomésticos. Agora, além de buscar outros bens e serviços, também querem melhorar a qualidade dos itens que já consomem. E isso significa, também, viajar bem mais daqui para frente. Atendê-los com preço e qualidade é um desafio que certamente vamos conseguir superar.

29 Anuário ABLA 2012 Negócio Rastreador nos veículos: segurança ou invasão? De acordo com a resolução 245 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), a partir de 2012 os veículos comercializados no mercado interno, nacionais e importados, deverão sair com o equipamento antifurto instalado. A medida vale para todos os tipos de veículos, como os de passeio, comerciais, caminhões, ônibus, motocicletas, triciclos e até mesmo quadriciclos. A partir do dia 15 de janeiro, 20% dos veículos deveriam sair de fábrica com o rastreador. A meta era atingir 100% de toda a produção interna até agosto de 2012. Ao longo do ano as mudanças devem ser realizadas proporcionalmente. O prazo é estendido no caso dos ciclomotores, motonetas, motocicletas, triciclos e quadriciclos, que têm até janeiro de 2013 para atingir 100% da produção. A medida tem seus benefícios e, entendemos, ajudará a dificultar o roubo e facilitará a recuperação dos veículos extraviados. De imediato, uma das vantagens é que as locadoras não terão que modificar a estrutura do veículo para instalar o equipamento, ou seja, não será colocada em risco a garantia do produto. Ficará a critério do proprietário ativar ou não o dispositivo instalado na fabricação. No caso do nosso setor, é preciso pensar e avaliar alternativas para que o equipamento possa ser utilizado como opcional: o dispositivo somente será ativado no caso de prévio conhecimento e consentimento do locatário. O fato é que a lei visa aumentar a segurança dos motoristas e reduzir os índices de roubo e furto, problemas que atingem diretamente o nosso setor. A resolução enfrenta desafios na implementação devido a problemas na preparação da infraestrutura de operação do Sistema Integrado de Monitoramento e Registro Automático de Veículos. Homologadas pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), empresas fabricantes de sistemas de rastreadores atuarão oficialmente como provedoras de serviços de monitoramento e localização dos veículos recém-fabricados. O sistema, além de funcionar como dispositivo antifurto convencional, também poderá ser usado para bloquear o veículo, item também previsto na resolução do Contran. O veículo que sair de fábrica sem cumprir a norma, não será registrado e nem licenciado. A questão parece polêmica, pois envolve segurança e privacidade. Sobre privacidade é preciso lembrar que já somos rastreados e monitorados por todos os lados. Essa é uma realidade sem volta. Ao sair de casa, muitos de nós entramos em um elevador com câmeras, na saída da garagem outra câmera, durante o nosso percurso para o trabalho, mais câmeras. Nossos e-mails são monitorados, nossas compras com cartões de crédito também. Por meio das antenas de telefonia celular é possível obter a localização do equipamento, bem como do usuário. Enfim, são infinitas as formas de vigilância que já nos cercam. Com todas essas aplicações envolvendo a tecnologia de localização é difícil imaginar um lugar onde não seremos vigiados. Assim, rastrear um veículo não é uma questão de não respeitar a privacidade do outro, mas sim de segurança. Entendemos que a questão passará, fundamentalmente, por conscientizar o cliente, pois a decisão de utilizar o dispositivo gera sim benefício para o patrimônio das locadoras. Mas, sem dúvida, a maior beneficiada certamente será a segurança do próprio usuário.

30 Anuário ABLA 2012 Turismo Gastão Vieira Ministro do Turismo O turismo registrou sucessivos recordes em 2011. Os desembarques domésticos (79 milhões) cresceram 15,8% em relação ao ano anterior. Trata-se de recorde da série histórica iniciada em 2003. Salto semelhante (13,9%) pode ser observado nos desembarques internacionais, que subiram de 7,9 milhões para 9 milhões entre 2010 e 2011. Os números mostram que a política governamental está no trilho. Mais: comprovam que a articulação do Ministério do Turismo junto aos mais diferentes atores tem surtido o efeito esperado. Governos locais, parceiros da esfera pública federal e setor produtivo alinhados conseguem multiplicar os ganhos, econômicos e sociais, para o Brasil. A ação conjunta foi capaz de garantir o crescimento do setor mesmo em meio ao cenário internacional desfavorável. Levantamento encomendado pelo MTur à Fundação Getúlio Vargas revela que o faturamento alcançado em 2011 foi além da expectativa do empresariado. O estudo feito com as 80 maiores empresas do turismo, que responderam por um faturamento de R$ 50,9 bilhões no ano referência, revela que 94% dos pesquisados registraram aumento de receita. A aproximação de megaeventos como a Copa das Confederações, a Copa do Mundo, a Jornada Mundial da Juventude e os Jogos Olímpicos abre perspectivas extremamente positivas para o setor. Os benefícios poderão ser percebidos pelas mais amplas atividades. Meios de hospedagem, indústria gastronômica, agências de viagens, organizadoras de eventos, taxistas, guias turísticos, locadoras de automóveis: todos serão contemplados com o giro da economia. O Ministério do Turismo tem trabalhado para ampliar o legado a ser deixado por esses megaeventos. As ações abrangem a qualificação de 240 mil profissionais, sinalização turística, projetos de acessibilidade nas cidades-sede, construção de centros de atendimento ao turista e obras de infraestrutura. A promoção completa a lista de atribuições da pasta. Para ajudar na construção da imagem positiva que queremos transmitir ao mundo, o orçamento previsto para a promoção do turismo internacional e doméstico é de R$ 170 milhões em 2012. As ações oficiais, aliadas a atuação do empresariado, vão gerar um legado expressivo. De acordo com a FIFA, o último mundial de futebol na África do Sul foi assistido pela TV por 3,2 bilhões de pessoas, o que representa 46% da população mundial. A superexposição do Brasil vai mostrar ao mundo a nossa hospitalidade, diversidade cultural e riquezas naturais, tudo o que o país tem de melhor. Foto: Johnys Julio

32 Anuário ABLA 2012 Artigo Desenvolvimento e crise Antonio Delfim Netto Professor e Economista A crise que atingiu o sistema financeiro em 2007/2008 nos Estados Unidos e interrompeu o circuito econômico já detonou mais de 5% do PIB mundial e deixou desempregados 50 milhões de honestos trabalhadores (números do relatório da OIT divulgado nas vésperas do Dia do Trabalho em 2012), aumentando os riscos de grave inquietação social em 57 países na Europa e no continente africano. Passados mais de quatro anos, a dificuldade de lidar com seus efeitos mostra as limitações de nossos conhecimentos de como funciona o sistema econômico. Serviu para expor ainda a precariedade do que parecia uma revolução científica: a construção de uma Economia Financeira, separada da Macroeconomia por pequenos economistas, supostos grandes matemáticos. A realidade é que não existe “mercado” sem um Estado capaz de garantir as condições de seu funcionamento. A forma de organização do sistema produtivo é ditada pelos que detêm o poder político e ordenam a política econômica que serve aos seus interesses. Basta lembrar como na última década do século passado e nos primeiros anos do século 21, a ocupação do poder pelas finanças, nos EUA, levou a uma política econômica que lentamente erodiu a legislação que regulava a atividade financeira e que fora produzida após a Grande Depressão dos anos 30. Muito rapidamente os “cientistas” do Mercado produziram uma “doutrina” que justificou a ampla desregulação da atividade financeira, em nome da “eficiência” e das “inovações” capazes de prevenir os riscos: 1929 nunca mais! O fato é que, desde Adam Smith os

33 Anuário ABLA 2012 Artigo economistas têm se dedicado a encontrar a fórmula que revelaria a condição “suficiente” para a realização do desenvolvimento econômico. Após o término da Segunda Guerra Mundial o progresso tem sido lento e, de fato, ainda não sabemos se a fórmula existe e seria de aplicação universal. Mesmo com o aperfeiçoamento das estatísticas, a construção de infindáveis modelos, muita Matemática e Econometria (às vezes com uma pitada de História), depois de dois séculos e meio na busca do Graal (cuidadosamente escondido), temos resultados práticos pífios. Talvez tenhamos encontrado algumas condições “necessárias”, mas não muito mais do que Adam Smith já conhecia. Trata-se, contudo, do mais importante problema a ser esclarecido pela Economia. Afinal, por que na longa caminhada desde o neolítico até a segunda metade do século XVIII a produção per capita cresceu num ritmo extremamente baixo? Talvez uma armadilha malthusiana. E por que sofreu uma rápida transformação depois de 1750? Por que a partir dai pelo menos uma economia, a Britânica, foi capaz de capturar a energia dispersa em seu território (água, madeira e carvão), auto-organizar-se com instituições convenientes e dissipá-la, na produção de itens e serviços consumidos por uma população crescente. Há alguns anos, Gregory Clark (“A Farewell to Alms”, 2007) propôs uma interessante hipótese que continua gerando uma enorme literatura. A causa eficiente do desenvolvimento da Inglaterra teria sido a emergência de uma classe média, com seus valores de prudência, poupança e disposição para o trabalho. Clark reduz o foco do desenvolvimento da “qualidade das instituições” ou, pelo menos, sugere que diferentes “instituições” podem produzir o desenvolvimento econômico. A hipótese de Clark é compatível com a pesquisa de Acemoglu et. Al (2005) quando afirmam que os ganhos do comércio exterior apropriados pelas classes médias da Holanda e da Inglaterra foram a causa eficiente do seu desenvolvimento. A contra prova desse fato foi a estagnação de Portugal e Espanha, onde os mesmos efeitos foram apropriados por uma pequena elite. Os economistas têm, hoje, diante de si um novo e excitante momento. Infelizmente não existe (e provavelmente nunca existirá) a receita que nos diga qual é a condição “suficiente” para garantir o desenvolvimento econômico. Mas existem, sim, condições “necessárias” observadas na História e racionalizadas na Economia. Para nós brasileiros é muito bom saber que uma dessas condições é a existência de uma forte classe média. O que é preciso é aproveitar as novas oportunidades que se abrem à profissão para renovar o trabalho mais modesto de oferecer instrumentos para a boa governança dos Estados e a melhor alocação de seus recursos, sem o que não haverá desenvolvimento e não se afastará o risco das turbulências. Finalizando, precisamos recuperar a História, a Geografia, a Sociologia, a Psicologia, a Antropologia e usar mais modestamente a Topologia.

34 Anuário ABLA 2012 ANFAVEA Mirando o futuro O cenário automotivo internacional experimenta profundas transformações estruturais em mercados consumidores e produtores, com novas concepções de produtos e processos, novas tecnologias, aumento da competição, sobra de capacidade instalada nos tradicionais países produtores e redirecionamento de investimentos para países emergentes, esses, sim, os que lideram e liderarão o crescimento da demanda mundial nos próximos anos. No Brasil, entre 2006 e 2011 o mercado automotivo interno apresenta-se em expansão acelerada, acumulando no período crescimento da ordem de 120%. E agora, em 2012, a expectativa é de chegarmos ao final do ano com um mercado interno de 3,8 milhões de veículos, ante 1,4 milhões em 2005. Nosso mercado automotivo é promissor, com expectativas de crescimento continuado também nos próximos anos e com um potencial para chegar a mais de 6 milhões de veículos/ ano a médio e longo prazos, por volta de 2020. Sustentam essas expectativas o ainda baixo índice de motorização do País, com um veículo para cada 6,4 habitantes, diante de um por um nos Estados Unidos, um por 1,2 na Europa e um por 4 na Argentina, por exemplo. Nossa frota circulante atual, de cerca de 32 milhões de veículos, tem muito espaço para crescer. Além disso, temos as perspectivas favoráveis da economia nacional nos próximos anos, devendo gerar investimentos, produção, mais renda e mais consumo pelos brasileiros – inclusive a demanda por automóveis e veículos de transporte de carga e de passageiros – com a inclusão de novos consumidores no mercado. Em 55 anos de atividades no País, a cadeia industrial automotiva já realizou produção acumulada de 64 milhões de veículos e investiu aqui, somente no período 1980-2011, cerca de US$ 80 bilhões, representando hoje 23% do PIB industrial e 5% do PIB nacional, com efeito capilar multiplicador que se estende a outras 250 mil empresas no País. E até 2015 serão mais US$ 22 bilhões de novos investimentos programados pelas montadoras, em capacidade de produção, produtos e processos, tecnologia e inovação. Para situarmos como importante e consolidado produtor automotivo mundial há que se maximizar os recursos de produção nas empresas e resolver-se fragilidades do País que afetam a competitividade da indústria brasileira, como o alto custo de capital para investimento, custos de insumos e ineficiências na infraestrutura, na logística, na educação, na burocracia de processos e procedimentos, em legislações que oneram as empresas e fragilizam a produção. Esse não é um desafio somente para a indústria automobilística. A competitividade é um desafio para a economia nacional em um mundo globalizado e cada vez mais concorrencial. Cledorvino Belini Presidente da Anfavea

35 Anuário ABLA 2012 ANFAVEA Licenciamento de veículos novos, nacionais e importados Veículos Licenciamento de automóveis de 1000 cm3 Ano Importados Nacionais Total 2006 0,142 1,785 1,927 2007 0,267 2,194 2,462 2008 0,375 2,445 2,820 2009 0,476 2,664 3,141 2010 0,660 2,855 3,515 2011 0,858 2,775 3,633 (em milhões de unidades) Ano Automóveis de 1000 cm3 Participação percentual 2003 707.430 63,2% 2004 742.005 57,3% 2005 757.235 56,2% 2006 874.507 56,2% 2007 1.066.516 54,0% 2008 1.110.059 50,6% 2009 1.178.752 37,8% 2010 1.343.977 50,8% 2011 1.197.559 45,2% Fonte: ANFAVEA Veículos flex Participação no mercado 22% 50% 78% 86% 87% 84% 86,4% 83,1% Unidades vendidas 328 mil 812 mil 1,430 milhão 2,003 milhões 3,329 milhões 2,540 milhões 2,876 milhões 2,848 milhões 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2006 2007 2008 2009 2010 2011 1,7 0,1 0,3 0,4 0,5 0,7 0,8 2,2 2,4 2,7 2,9 2,8 Importados Nacionais

36 Anuário ABLA 2012 CESVI De olho no reparo O setor de distribuição está batendo recorde após recorde de vendas de veículos; novas marcas chegando ao mercado brasileiro; a ascensão da classe C formando um novo perfil de classe média – com um acesso muito maior aos produtos e serviços do setor automotivo. Este é o surpreendente cenário atual e exigente em qualificação em que as locadoras de veículos se inserem. Há pouco tempo, quem imaginava que as oficinas de funilaria e pintura fossem trabalhar com sua capacidade produtiva praticamente no limite? Ocorre que, enquanto a frota cresceu o setor de reparação ficou mais enxuto – em função da maior exigência de qualidade e produtividade das oficinas, principalmente nas últimas duas décadas. Esse desequilíbrio entre demanda e capacidade de atendimento tem variáveis complexas e algumas armadilhas. Uma das principais é justamente a falta de capacitação da mão de obra das oficinas, ferramentas de gestão de sinistros e de desativação de frotas. Ferramenta de gestão Em tempos de maior exigência de qualidade e controle gerencial, não é mais possível fazer a precificação do reparo – e o tempo

37 Anuário ABLA 2012 CESVI de duração desse reparo – apenas com base na experiência do gestor de frotas. A falta de profissionais especializados e ferramentas de gestão estão entre as razões. O risco é a falta de informações precisas e confiáveis, com impacto direto no fluxo de caixa da locadora, na disponibilidade de sua frota e no valor de depreciação de seus veículos. Os indicadores-chave para o controle da operação são o custo médio e o tempo de execução dos serviços, que devem ser monitorados rigorosamente. Para uma gestão eficaz de sua frota, é imprescindível contar com um sistema confiável, que forneça os preços atualizados das peças e também os tempos de reparação; que controle os prazos de execução (visando a um controle da disponibilidade dos veículos), a frequência dos sinistros e faça uma conferência entre o volume de orçamentos e as notas fiscais recebidas. Outra vantagem evidente de se contar com um sistema de gestão é a digitalização de todo o processo, incluindo a nota fiscal e seus dados. Trata-se de um passo gigante em termos de velocidade para o processo de tomada de decisão. Melhore o seu profissional Mas não para por aí. A capacitação das pessoas que atuam com o reparo de veículos é condição sine qua non para que a gestão seja mais profissional e eficiente. Um profissional bem treinado para a análise do orçamento de um reparo proporciona maior qualidade em avaliações como: o custo do reparo em FLASH A

38 Anuário ABLA 2012 CESVI relação ao valor do veículo; o custo do reparo em função das peças que precisam ser substituídas; as melhores técnicas resultando num reparo mais eficiente; controle de qualidade; e definição da metodologia para a identificação de danos. O momento de treinar esses profissionais é agora. Isso determinará como será a qualidade da sua gestão no futuro. Comece já Não há tempo a perder quando se trata de profissionalizar a gestão do reparo e desativação da frota de veículos. Este aprimoramento fará toda a diferença nos resultados da empresa em uma série de aspectos. Uma gestão feita por profissionais capacitados, com as ferramentas mais adequadas, traz redução do custo médio, maior disponibilidade dos veículos da frota e até uma redução da depreciação de cada veículo, uma vez que a manutenção bem feita é a base para veículos em melhor estado. É você, olhando para o seu próprio negócio de uma forma nova e reveladora, identificando os pontos fortes e o que pode melhorar no seu processo. Controlando as variáveis do presente para construir um futuro sustentável. Fundado em 1994, o CESVI BRASIL (Centro de Experimentação e Segurança Viária) é o único centro de pesquisa brasileiro dedicado à segurança viária e à disseminação de informações técnicas para o setor e também para a sociedade. Foi o primeiro centro com essas características na América Latina e é membro do RCAR (Research Council for Automobile Repairs), um conselho internacional de centros de pesquisa com os mesmos objetivos. Atividades do CESVI Novidades do centro Reparo automotivo www.cesvibrasil.com.br www.twitter.com/cesvibrasil www.clubedasoficinas.com.br

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