2023 Anuário Brasileiro do Cobre Brazilian Copper Yearbook 10 tecnologias que usam cobre, como sensores, câmeras e computadores de alta performance, não são uma realidade distante. Prevê-se que irão proliferar a partir do final dessa década. A previsão de incremento de consumo de cobre nos próximos anos, impulsionado pela transição para uma economia de baixo carbono impressiona: projetam o dobro da demanda atual por volta de 2050. O compromisso mundial do acordo de Paris, a mudança da consciência da sociedade e a evolução tecnológica abrem um leque de oportunidades. Mudanças nos levam a lugares melhores, e Darwin ensinou que “não é o mais forte, nem o mais inteligente que sobrevive, mas o melhor que se adapta às mudanças”. Assim, o forte compromisso político e a colaboração entre todos os “stakeholders” da cadeia de valor do cobre são necessárias para tornar nosso país e empresas aptos a competir nessa nova era. Temas como economia circular e reciclagem são promissores. Reduzem os impactos ambientais e são estratégicos aos países. A mineração do cobre tem desafios à medida que os custos de produção crescem com a redução na qualidade do minério. No Chile, a qualidade do minério caiu 30% nos últimos 15 anos, e o teor de cobre hoje é da ordem de 0,64%, de acordo com artigo da Ernst & Young. Significa que se consome mais energia e água e gera-se mais emissões de carbono e estresses socioambientais. Pressões geopolíticas com constantes discussões sobre o aumento dos impostos da mineração e estatização elevam os riscos e podem reduzir os investimentos no setor. A implementação de técnicas de reciclagem, como por exemplo de baterias, é uma necessidade. A demanda global por armazenamento em baterias de lítio deve crescer dos atuais 700 para 4,7 mil gigawatts-hora até 2030, de acordo com estudo da consultoria McKinsey. No Brasil, um dos trabalhos mais avançados é conduzido no Center for Advanced and Sustainable Technologies (Cast), da Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em São João da Boa Vista (SP), que apostaram no desenvolvimento do processo de hidrometalurgia. O uso do cobre reciclado na indústria nacional também tem espaço para avançar e gerar oportunidades e emprego. Políticas públicas são essenciais para isso. A sonegação de impostos atrasa nosso desenvolvimento. O furto e roubo de cabos de cobre são apenas a pequena ponta mais visível do todo. A concorrência desleal prejudica as empresas que agem de forma ética, reduzem as receitas públicas e limitam suas capacidades de investimentos em tecnologias modernas e sustentáveis. Não tratar essa questão reduz paulatinamente nossa competitividade, mina a geração de emprego, o crescimento econômico e aumenta a dependência de importações. E sabemos que o capitalismo é implacável com isso. Aproximar as empresas, governo e instituições de pesquisa também é uma força que pode ser mais explorada. Gera benefícios mútuos: acelera a inovação, incentiva a pesquisa e traz desenvolvimento para o país. Há muitos casos de sucesso dessa colaboração, contudo as empresas no Brasil, na média, ainda são muito afastadas dos centros de pesquisa e universidades. Empresas em países desenvolvidos e na China fazem melhor essa tarefa e colhem os frutos. Os empresários brasileiros podem dar o primeiro passo e as instituições precisam estar preparadas, recebê-los e para agregar valor por meio do conhecimento. A colaboração entre pessoas e a integração entre empresas, governo e universidades é essencial para a aplicação de estratégias de avanço da sociedade. Criar um ambiente de apoio recíproco, que favoreça a troca de experiências e a discussão de pontos de vista divergentes, é um desafio que requer maturidade e um esforço contínuo dos líderes. A busca e a geração de conhecimento, com humildade de estarmos sempre abertos ao novo, trazem vantagens competitivas. Como Isaac Newton anotou em uma carta em 1676: “Se vi mais longe, foi por estar sobre os ombros de gigantes”. CADEIA DE SUPRIMENTOS SUPPLY CHAIN
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