Revista Locação 94

46 Fim de Papo YURI UTIDA, GESTOR DE RISCOS E ESPECIALISTA EM PLANEJAMENTO FINANCEIRO Desmaterialização de bens de consumo ganha adeptos COMPRAR o carro ficou bem mais fácil com a redução dos juros e a facilitação do crédito, mas nem todo mundo está disposto a entrar em longos financia- mentos. Para essas pessoas, uma nova opção ganha cada vez mais força no mercado brasileiro: a assina- tura de bens duráveis, como carro e celulares. Você provavelmente já ouviu falar de serviços de locação de carros para motoristas de aplicati- vos. Agora, esta modalidade chegou até os con- sumidores comuns e garante menos trabalho com a manutenção. O mesmo acontece com celulares, que já são fornecidos por meio de ‘aluguel’ com uma opção de compra no final do contrato. Mas será que realmente vale mais a pena alugar um carro ou um celular ao invés de comprá-lo? A chamada desmaterialização de bens de con- sumo vem ganhando cada vez mais adeptos no Brasil. É uma forma de as pessoas terem aquilo que desejam sem gastar demais e sem imobilizar suas economias. É bom tanto para quem não tem dinheiro guardado, quanto para quem tem. Para as pessoas que não possuem reservas fi- nanceiras, o aluguel é uma forma de utilizar de- terminado bem sem esperar até poupar o valor completo dele ou sem ter que pagar altas parcelas de financiamento, que no final correspondem ao pagamento de até três vezes o valor do objeto. Ao alugar determinado produto, você vai pagar um valor que condiz com aquilo que tem disponível para gastar e sairá mais barato do que financiar, pois pagará pelo uso e não pela posse. Chegando ao fim do contrato, a empresa poderá lhe vender por um valor mais baixo ou reassumir a posse. Para aqueles que possuem reservas, a assinatura também é vantajosa, pois permite aplicar o dinheiro guardado em opções lucrativas e, ao mesmo tempo, ter a acesso ao bem com o padrão e a qualidade que quiser, pelo tempo que lhe for interessante. Em vez de gastar R$ 240 mil de uma vez para comprar um carro, a pessoa pode aplicar esse va- lor e gerar mais renda. No final, ela terá acesso ao carro, verá sua economia crescer e não perderá dinheiro com a desvalorização que todos os veí- culos sofrem com o tempo. Nas assinaturas, gastos com IPVA, licencia- mento, seguro, manutenção e revisão estão em- butidos no valor. Esses serviços são mais baixos para o consumidor já que as empresas negociam a preços de varejo, conseguindo descontos que são repassados nas assinaturas. Se você optar por comprar um carro, seu di- nheiro vai acabar se perdendo, pois com o tempo ele diminuirá o valor no mercado e ainda terá que gastar cerca de 20% a 30% ao ano com despe- sas. No caso do carro de R$ 240 mil, seria algo em torno de R$ 48 mil a R$ 72 mil anuais. A chamada desmaterialização é uma tendência mundial e passou a ser mais conhecida depois do crescimento dos serviços como a Uber e o Airbnb, em que você aluga um veículo ou um imóvel so- mente para o momento que for necessário. Não é mais preciso ter a propriedade para poder utilizar suas vantagens. O consumidor não terá que se desfazer de um alto valor ou arriscar entrar em financiamentos para se beneficiar de um bem pelo tempo que lhe for necessário, sem as despesas que eles trazem e sem a preocupação de ter que se desfazer do produto quando não for mais conveniente. Todo mundo ganha.

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