Revista Locação 91

46 A BUSCA por liquidez é uma das grandes preocu- pações das locadoras neste momento, principal- mente entre empresas de pequeno e médio por- tes, que estão enfrentando dificuldade para obter crédito no mercado financeiro. Observador atento do atual cenário, o econo- mista Guilherme Dietze, da Fecomércio-SP confir- ma que as medidas de apoio financeiro a peque- nas e médias empresas anunciadas pelo governo federal ainda não surtiram efeito. Algumas locadoras tiveram algum tipo de ne- gativa no acesso ao crédito por parte dos bancos, fato este comprovado por consultas que a ABLA fez entre seus associados, o que motivou a rear- ticulação da entidade em torno dessa demanda. “Há várias dificuldades para empresas com fa- turamento anual de até R$ 4,8 milhões e optantes pelo Simples. Essas locadoras sofrem com falta de garantias, crédito negativado, o fato de não terem recebíveis e não poderem dar imóveis como ga- rantia. O crédito que vem sendo anunciado como acessível está, na prática, inacessível. O dinheiro não está chegando na ponta”, confirma Guilherme. Para o economista da Fecomércio, mesmo os recursos previstos por programas do governo são insuficientes. Um exemplo são os R$ 650 milhões de crédito anunciados pelo Banco do Povo/Desen- volve SP, do governo de São Paulo, dos quais R$ 100 milhões destinados ao turismo. “O prejuízo estimado para o varejo no estado durante a pan- demia é de R$ 70 bilhões. Deveríamos ter muito mais crédito para combater essa queda”, argu- menta Guilherme. Segundo ele, em média, pequenas e médias em- presas já estão sem caixa, diante de uma quarente- na que dura mais de três meses. “Teoricamente, a maior parte das empresas desse porte já quebrou ou está prestes a quebrar se não tiver crédito ou fizer algum tipo de negociação”, afirma. Para o futuro, há ainda o obstáculo do receio natural do consumidor. “Mesmo com a retomada gradual dos serviços, muitos clientes ainda esta- rão com medo da contaminação, ou mesmo fica- rão na dúvida, por exemplo, se viajarão e encon- trarão o comércio fechado nos lugares escolhidos como destino”, completa. No cenário internacional, Guilherme arrisca que a pressão de alta no dólar continuará, com consequente desvalorização do real. Taxa de juros menos atrativa para o investidor internacional e aumento do risco e déficit fiscal do governo justi- ficam essa previsão. Confira mais sobre a conversa com Guilherme Dietze em: “O dinheiro da ajuda do governo às empresas ainda não chegou na ponta” Fim de Papo Locação de Veículos em meio à crise COVID-19

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